Nos últimos anos, sobretudo no ambiente escolar, tem aumentado a incidência
de bullying, o que tem feito com que a prática esteja sempre em pauta entre
autoridades e, vez ou outra, na boca da população.
Entretanto, na maior parte das vezes, a vítima é o foco das conversas, estudos e
discussões, o que faz surgir a pergunta: e o agressor, qual o perfil dele?
De acordo com as especialistas ouvidas pelo portal InfoMoney, a psicóloga
Clarice Barbosa e a presidente da Isma-BR (International Stress Management
Association) no Brasil, Ana Maria Rossi, ao contrário do que acontece na
infância e na adolescência, quando a prática do bullying é explícita, na vida
adulta, especialmente no ambiente de trabalho, ela pode se apresentar de várias
formas, inclusive sutilmente.
“Pode ser uma coisa muito sutil. Um olhar, um tom de voz... As pessoas que estão
em volta não costumam perceber, às vezes, até pensam que é brincadeira”, diz Ana
Maria.
Perfil
No geral, explicam, o praticante de bullying tem personalidade hostil e
agressiva. Provavelmente, já foi vítima da prática e, quando criança, recebeu
uma educação muito permissiva ou cresceu em ambiente hostil.
Este indivíduo, destaca Clarice, procura justificar suas ações e seu
comportamento por meio de alguma atitude negativa da vítima, o que, na avaliação
dele, o autoriza a tratar aquela pessoa sistematicamente de forma agressiva,
humilhando, ridicularizando, excluindo ou inferiorizando. Entretanto, alerta a
psicóloga, o que o agressor sente é prazer com a situação.
“Ele não está preocupado com o prejuízo que pode causar a outra pessoa. Ele
sente prazer em exercer o poder e só vai parar quando tiver alguma perda, quando
a vítima der um basta na situação”, diz Clarice.
Além disso, o praticante de bullying tem este comportamento repetidas vezes
durante a vida, não só no trabalho, mas em outros ambientes e em outras fases da
sua vida, como na faculdade, por exemplo.
Líder
Ao contrário do que muitas pessoas possam imaginar, a prática de bullying
não afeta negativamente só a vítima da agressão. O praticante, ao dedicar de
forma obsessiva seu tempo pensando em maneiras de oprimir a vítima, acaba tendo
seu rendimento no trabalho reduzido.
Para as especialistas, o líder e o departamento de RH (Recursos Humanos) das
empresas devem sempre estar atentos à situação e, caso identifiquem um
comportamento suspeito, até indicar ajuda aos profissionais envolvidos, tanto
praticantes como vítimas.
“Para identificar o bullying, é importante que as empresas não desqualifiquem as
reclamações dos funcionários, fiquem atentas se alguém está sendo excluído do
grupo ou se algum funcionário trata sempre um outro de forma negativamente
diferenciada e agressiva (...) A conversa com o praticante deve ser sutil,
procurando saber quais as razões de tais atitudes e oferecendo ajuda”, finaliza
Ana Maria.