Não tomar ou quitar dívidas com altos juros, efetuar compras sempre à vista e
adquirir o hábito de poupar uma quantia todo mês são os passos para comprar o
primeiro imóvel
Prédio em São Paulo: Cortar gasto com juros favorece aquisição de imóvel
Especialistas, a exemplo de Mauro Halfeld, entendem que aumentaria
consideravelmente o número de famílias com acesso ao financiamento de imóveis,
se elas aprendessem a economizar. Além de acumular um dinheirinho na poupança ou
algum outro investimento, o candidato a mutuário deve, prioritariamente,
livrar-se de juros, sugerem os especialistas.
No livro intitulado "Seu Imóvel", escrito com a colaboração de Carlos Eduardo
Paletta Guedes, Halfeld comenta que é comum às famílias brasileiras
comprometerem mais de 25% do orçamento doméstico com o pagamento de juros,
embutidos nos crediários, no cheque especial e nos cartões de crédito, por
exemplo.
O percentual de 25% da renda individual (ou familiar) do pretendente é um dos
determinantes utilizados pela maioria das instituições de crédito imobiliário,
para limitar o teto do financiamento. Por exemplo: quem tem renda mensal de R$ 2
mil consegue obter um financiamento cujas parcelas de amortização alcancem até
R$ 500/mês. Halfeld entende que a drástica redução dos gastos com juros é uma
grande aliada para a compra do sonhado imóvel; e que a estratégia para "chegar
lá" é a disciplina.
Já a indisciplina tolhe a chance de poupar, e se manifesta notadamente nos
usos do cheque especial e do cartão de crédito, "que estão entre os principais
motivos de endividamento do brasileiro", opina Halfeld.
"O cartão de crédito é um instrumento muito prático, mas se você não tiver
dinheiro para quitar a íntegra da fatura do mês, não compre. Não se atreva a
fazer apenas o pagamento mínimo; não deixe nem mesmo um centavo de dívida para o
mês seguinte".
O reforçado alerta de Halfeld é porque os juros do saldo devedor do cartão de
crédito correm quilômetros à frente da inflação.
Em resumo, como primeiro passo para economizar recursos que auxiliam na
compra de imóvel, Halfeld sugere quitar dívidas, prioritariamente aquelas com
juros maiores, como o saldo devedor do cartão de crédito.
Segundo passo: adquirir o saudável hábito de comprar à vista. Neste item,
Halfeld observa que a aquisição do imóvel é exceção. Sugere que, ao analisar os
prós e os contras do financiamento imobiliário, seja incluído no cálculo o valor
despendido com aluguel. Porém, acrescenta que a compra à vista é o melhor
negócio, em qualquer caso.
"Quem compra à vista pode pechinchar e impor regras. Quem compra a prazo,
obedece", diz Halfeld, para quem muitos acreditam que os compromissos com
prestações disciplinam os gastos do orçamento doméstico.
É crença generalizada que inexistindo o compromisso com as prestações, também
não acontecerá a economia para comprar à vista, segundo comentário de Halfeld.
"A 'disciplina' através de um crediário é um péssimo negócio. Por exemplo, em
uma compra para quitação em 24 meses, juros de 7% ao mês representarão ao final
109%", exemplifica.
Terceiro passo: reserva para emergências. Halfeld aconselha reservar uma
quantia (ainda que pequena), e aplicá-la em caderneta de poupança, por exemplo.
"Se você tem um emprego estável, programe-se para acumular a aplicação até
chegar ao total de três vezes o valor de seus gastos mensais. Se sua renda for
instável; ou se você teme perder o emprego lute para juntar o equivalente a seis
vezes o valor da sua despesa mensal. Sei que a meta é difícil, e leva tempo.
Para alcançá-la, reduza temporariamente os gastos com viagens, com refeições
fora de casa e outras despesas que não forem essenciais", aconselha o
especialista.