Veja a melhor forma de conseguir bolsas, obter empréstimos ou trocar moedas para
pagar um curso de línguas ou uma pós-graduação
Entenda a importância do planejamento financeiro antes de carimbar o
passaporte
À primeira vista, estudar no exterior parece uma escolha simples. Além da
troca cultural, os candidatos vislumbram grandes chances de encontrar as portas
abertas na volta para casa, alavancando a carreira e, nas perspectivas mais
otimistas, o número de dígitos na folha de pagamento. As possibilidades de
pós-graduação e cursos de línguas são muitas e cobrem desde planos mais rápidos
e econômicos àqueles que se estendem por anos e chegam a custar 100.000 dólares.
No entanto, seja com o intuito de fazer uma especialização, doutorado ou até uma
breve imersão em outro idioma, quem decide morar fora deve colocar o custo da
empreitada na balança para avaliar se os benefícios práticos valem o esforço
financeiro.
Perspectivas concretas de melhor colocação no mercado falam mais alto do que
a atraente chance de aumentar o escopo cultural. Em suma, o profissional deve
avaliar em que medida o curso vai diferenciar seu currículo dos demais,
considerando determinada área de atuação. E o ideal é que essa avaliação seja
feita com no mínimo um ano de antecedência. "As escolas precisam da segurança de
receber toda a documentação nesse meio tempo e o aluno tem que saber exatamente
o que está buscando, comprovando desde o nível de desenvoltura na língua
estrangeira até o dinheiro necessário para o pacote", afirma Fred Tiba, diretor
financeiro da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta).
Por isso, é essencial que o viajante tenha objetivos muito bem definidos. "O
mercado de trabalho não faz questão que você more fora se você não tem nenhum
foco", acredita Bruno Manhães, coautor do livro "Sete passos para ganhar uma
bolsa de estudos na Europa". Se por um lado especializações no exterior exigem
dinheiro, tempo e comprometimento do aluno, os cursos de idiomas são mais
flexíveis e se ajustam à disponibilidade do interessado. É possível, por
exemplo, investir no aprendizado da língua em cursos intensivos de quatro
semanas. Os programas custam em média 5.000 reais e o curto período de duração
permite que a inscrição seja feita durante as férias, sem comprometer a atuação
do profissional no Brasil.
As agências de intercâmbio também apostam em outro filão: a oferta de
programas voltados para nichos, como inglês para executivos de finanças,
administração ou marketing. Segundo Tiba, da Belta, as inovações no setor têm
reflexo direto nos destinos mais procurados. "Atualmente, o viajante encontra o
melhor preço no Canadá, além de contar com a facilidade de tirar o visto em até
três dias úteis. A Irlanda é outro destino bastante procurado em alternativa à
Inglaterra, por ser mais barata e oferecer a possibilidade de o aluno trabalhar
sem burocracias", completa.
Lato Sensu x Stricto Sensu
Se você está de olho no mercado e deseja mais do que um salto na fluência, o
ideal é optar por um curso de pós graduação Lato Sensu. A categoria engloba
especializações de 360 horas que atendem a demandas específicas, como o MBA
(Master of Business Administration) e o LMM (Master of Laws). Em geral, esses
cursos custam de 70.000 a 100.000 dólares em renomadas instituições
internacionais. Apesar do preço salgado, é bom primar pela excelência da escola.
As empresas globais e aquelas que buscam exposição internacional têm de fato
interesse em profissionais com experiência nas maiores universidades do mundo.
Mas atente-se ao superlativo. No fim das contas, um diploma brasileiro de peso
pode contar mais pontos do que aquele recebido em uma instituição internacional
desconhecida.
Portanto, é necessário pesquisar a relevância da universidade no cenário
global. Para negócios, um bom parâmetro é o ranking anualmente divulgado pelo
jornal Financial Times (http://rankings.ft.com/businessschoolrankings/global-mba-rankings).
No topo da lista, figuram universidades como a London Business School, Wharton e
Harvard. Antes de embarcar no projeto, no entanto, é desejável que o interessado
tenha uma experiência de trabalho de quatro a cinco anos, conforme aponta Karin
Parodi, diretora da Career Center. Nesta fase, sua saída não atrapalhará a
empresa. Com mais tempo de casa, é provável que o período no exterior seja mais
produtivo trabalhando como expatriado. A headhunter também ressalta que o MBA
não fará uma diferença imediata na reinserção no mercado. "Ver o salário dobrar
a partir de uma especialização no exterior já é passado. A remuneração vai
depender de uma série de variáveis envolvendo as competências que o profissional
tem para oferecer, como histórico de experiências e resultados. O MBA é apenas a
cereja do conjunto."
Quem está com o pé na academia e longe do mercado deve optar pelas
pós-graduações Stricto Sensu. Voltadas principalmente para a formação de
professores, elas têm maior carga horária e exigência de produção científica e
acadêmica. Em geral, os pesquisadores que vão para fora contam com a ajuda de
instituições de fomento para bancar os cursos de mestrado, doutorado,
pós-doutorado e estágio. No Brasil, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), subordinada ao Ministério da Educação, e o CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ligado ao
Ministério da Ciência e Tecnologia, são os mais conhecidos. Juntos, os dois
programas distribuíram 4.923 bolsas em 2009, com um valor médio de 1.200 reais
para cursos de mestrado e 1.800 reais para doutorado.
Os critérios de escolha são estabelecidos pelos institutos e departamentos
das universidades, mas os contemplados costumam apresentar projetos em áreas de
conhecimento ainda incipientes no Brasil. Terminado o período no exterior, será
preciso revalidar o título em instituições públicas de ensino superior que
ofereçam cursos equivalentes por aqui. O MEC instrui o estudante a fazer essa
apuração antes mesmo de viajar. Não há determinação objetiva sobre os critérios
de compatibilidade e as universidades julgam cada caso individualmente. De
qualquer forma, verificar com antecedência a existência de um programa nacional
similar ao estrangeiro em termos de conteúdo e carga horária aumenta as chances
do candidato homologar seu curso com sucesso.
À vista, financiado ou grátis
Escolhido o tipo, duração e local de destino do programa, é hora de falar de
dinheiro. Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, do Instituto DiSOP, seja
qual for o intuito do profissional, se ele possuir todo o valor poupado deve
necessariamente barganhar um abatimento e optar pelo pagamento à vista. "Isso
valerá a pena se o desconto for maior do que 10%, já que nenhuma aplicação
conservadora vai dar um retorno maior do que esse. Abaixo disso, pode-se
investir em renda fixa e deixar para pagar o curso ao final de um ano,
embolsando os juros dessa aplicação", ensina.
Se a alternativa não cabe no seu bolso, é possível partir para um
financiamento. Cursos de idiomas costumam ser parcelados em até 12 vezes nas
empresas que oferecem a viagem no Brasil. Já os programas de especialização
podem ser dividido nas próprias instituições de destino. Em geral, universidades
mais conhecidas firmam acordos com bancos para oferecer esse tipo de empréstimo
com juros mais baixos e pagamento estendido. Na London Business School, um MBA
em finanças de dois anos sai por 32.300 libras (85.985 reais ao câmbio de junho
de 2010). O valor pode ser dividido em até sete anos com juros anuais de 5,8%
através de uma parceria com o HSBC. Na Wharton, mais de 60% dos alunos financiam
os programas a uma taxa fixa de 6,8% ao ano.
Outra opção são as bolsas de estudo, oferecidas com maior freqüência para
cursos Stricto Sensu, isto é, mestrados e doutorados. No caso de instituições de
apoio estrangeiras, o maior intuito é estreitar os laços entre os países.
Projetos que denotam essa intenção ganham a preferência dos avaliadores, que
também valorizam o comprometimento do pesquisador com a aplicação do
conhecimento adquirido no retorno ao Brasil.
À vista, financiado ou grátis
Escolhido o tipo, duração e local de destino do programa, é hora de falar de
dinheiro. Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, do Instituto DiSOP, seja
qual for o intuito do profissional, se ele possuir todo o valor poupado deve
necessariamente barganhar um abatimento e optar pelo pagamento à vista. "Isso
valerá a pena se o desconto for maior do que 10%, já que nenhuma aplicação
conservadora vai dar um retorno maior do que esse. Abaixo disso, pode-se
investir em renda fixa e deixar para pagar o curso ao final de um ano,
embolsando os juros dessa aplicação", ensina.
Se a alternativa não cabe no seu bolso, é possível partir para um
financiamento. Cursos de idiomas costumam ser parcelados em até 12 vezes nas
empresas que oferecem a viagem no Brasil. Já os programas de especialização
podem ser dividido nas próprias instituições de destino. Em geral, universidades
mais conhecidas firmam acordos com bancos para oferecer esse tipo de empréstimo
com juros mais baixos e pagamento estendido. Na London Business School, um MBA
em finanças de dois anos sai por 32.300 libras (85.985 reais ao câmbio de junho
de 2010). O valor pode ser dividido em até sete anos com juros anuais de 5,8%
através de uma parceria com o HSBC. Na Wharton, mais de 60% dos alunos financiam
os programas a uma taxa fixa de 6,8% ao ano.
Outra opção são as bolsas de estudo, oferecidas com maior freqüência para
cursos Stricto Sensu, isto é, mestrados e doutorados. No caso de instituições de
apoio estrangeiras, o maior intuito é estreitar os laços entre os países.
Projetos que denotam essa intenção ganham a preferência dos avaliadores, que
também valorizam o comprometimento do pesquisador com a aplicação do
conhecimento adquirido no retorno ao Brasil.
Custo de vida, câmbio e passagens aéreas
Além do preço do curso, é necessário ficar atento aos desembolsos com
alimentação, moradia e transporte. "É possível viver em praticamente qualquer
cidade do mundo com 450 dólares mensais, desconsiderados os gastos com
acomodação", afirma Fred Tiba, da Belta. Bruno Manhães, coautor do livro sobre
bolsas de estudo na Europa, acredita que esse valor é três vezes maior quando
incluso o custo da moradia. "Com 1.200 euros você sobrevive na Europa, mas eu
aconselho levar mais para possíveis imprevistos nos primeiros 45 dias de
estadia".
Para passagens aéreas, volta a valer a regra da antecedência: quanto antes
forem adquiridas, mais baratas serão. "Caso esteja com tudo planejado e
definido, compre assim que possível. A economia pode variar de 20 a 50%", afirma
Reinaldo Domingos, do DiSOP. Evite viajar em dezembro, janeiro, fevereiro, julho
e agosto. Os meses são de alta temporada e os preços costumam ficar até 30% mais
caros.
Se todos os especialistas rejeitam o planejamento de última hora, a instrução
muda de figura quando o assunto é câmbio. "Se a pessoa tiver tempo, simplesmente
deve guardar o dinheiro a ser trocado, seja fazendo aplicações em CDBs,
caderneta de poupança ou títulos públicos. O Brasil é hoje um dos melhores
pagadores de juros do mundo", sustenta Domingos.
O ideal é que o viajante faça a conversão de uma vez só, a pouco tempo de
embarcar, e não tente lucrar com especulações devido à imprevisibilidade do
mercado. Para o educador financeiro, quem faz a conversão muito antes da viagem
lida com o risco de ser roubado e amarga a ausência de qualquer rendimento, já
que o montante fica parado. "É verdade que o dólar pode ficar mais caro, mas uma
mudança brusca é pouco provável devido à estabilidade financeira já alcançada
pelo país. Eu acredito mais na valorização dos papéis da dívida pública à da
moeda americana", resume.
O banco Santander mantém a expectativa do dólar comercial a 1,85 reais tanto
para 2010 quanto para 2011. Mas em relação à troca de reais pela moeda do país
de destino, a dica é outra. "A partir do momento em que se faz uma projeção do
quanto será gasto, aconselho reservar parte do valor total e aplicar de 20 a 30%
do salário em um fundo cambial durante um ano e meio", aconselha Aquiles Mosca,
estrategista de investimentos da instituição. Segundo o economista, a tática
permite que o indivíduo viaje com praticamente todo o dinheiro que deverá gastar
no ano seguinte. Há de se considerar, entretanto, que o investimento não oferece
uma proteção livre de perdas. Apesar de propor a preservação do patrimônio
através da manutenção de no mínimo 80% do capital em ativos indexados à variação
de preços do dólar ou euro, um fundo cambial cobra taxas de administração e
sofre incidência de imposto de renda com uma alíquota que varia de 15 a 22,5%.
Por isso, os fundos ganham mais apelo em cenários hiperinflacionários com
expectativa de forte desvalorização do real.