O maior desafio do gestor contemporâneo é fazer com que as pessoas adotem um
novo modelo mental e o incorporem diante das inúmeras mudanças com as quais
terão que lidar. Como diz Kotter "introduzir uma nova dinâmica: ver, sentir,
pensar - para impulsionar a ação, ao mostrar às pessoas razões poderosas para a
mudança, que desencadeiam suas emoções". (Mário Quintana)
Os processos de mudança, crescimento, desenvolvimento e maturidade
organizacional vêm sendo estudados pelos vários campos do conhecimento: na
Administração, na Sociologia, na Biologia, na Física, entre outras áreas das
ciências. Todas elas imbuídas em criar co-relações entre o pensamento científico
e os princípios gerenciais das instituições.
Com o advento da sociedade do conhecimento, a interatividade é estabelecida,
derrubando as barreiras limitadoras do espaço físico e criando um clima propício
ao diálogo a uma nova forma cooperativa de disseminação do conhecimento. Mas, a
informação em si não pode ser considerada fator de sucesso empresarial.
Na observação dos fatores que estão por trás das dinâmicas de organizações que
crescem, notamos um ponto comum em todas elas: são instituições que ensinam e
aprendem.
Equipes ensináveis são capazes de inovar sempre, independente de circunstâncias
externas ou internas e possuem o espírito de cooperação e não de competição
entre si. Possuem a mentalidade da abundância: uma profunda convicção de que
existem recursos criativos, intelectuais e humanos para realizar os processos
necessários e que o meu sucesso não significa necessariamente o fracasso para os
outros, uma vez que o sucesso dos outros não impede o meu.
A mentalidade da abundância, muitas vezes é o que faz a diferença entre a
excelência e a mediocridade, principalmente porque elimina o raciocínio
mesquinho e as relações agressivas dentro das empresas. Quanto mais nos baseamos
em princípios mais desenvolvemos uma mentalidade de abundância, mais gostamos de
dividir o poder e o reconhecimento. Ficamos realmente satisfeitos pelo sucesso,
pelo bem-estar, pelas realizações, pelo reconhecimento e pela notoriedade dos
outros. Acreditamos que o sucesso destes vem acrescentar e não subtrair em nossa
vida.
O conceito de instituição que aprende articula-se com o conceito de instituição
que ensina. Aprender é assumir o controle do aprendizado e ter o senso de
responsabilidade de levá-lo a outra pessoa ou a outros públicos.
As informações multiplicam-se a cada dia (velocidade) e precisamos aprimorar
nossos conhecimentos no mesmo ritmo (escala), para não sermos sobrepujados à
famosa lata de lixo da história. A empresa que ensina, ao articular estas duas
dimensões - velocidade e escala, estabelece um sistema interativo de
aprendizagem com toda a sua comunidade e rede de relacionamentos. Ou seja, a
organização pode vir a ser um espaço por excelência, para onde devem convergir
todas as informações interessantes ao desenvolvimento do seu negócio.
O gestor em uma organização possui um conjunto de conceitos e valores a serem
ensinados ou partilhados. Eles dão sustentação às ideias, mas as ideias não são
tudo. As formas como os funcionários aprendem, recebem ou percebem essas ideias
não são lineares. Aprendizes precisam estar motivados e inspirados para gerar
comprometimento que, por sua vez, gera alinhamento estratégico, ao que podemos
chamar de "sentido de propriedade conjunta". Esse é o ciclo do ensino virtuoso.
Hoje, fala-se muito em criatividade, competência indispensável à inovação. Mas,
afinal qual a definição mais exata do que seja criatividade? Penso que
CRIATIVIDADE É A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE FORMA ORIGINAL E COM VALOR RECONHECIDO.
Torna-se impossível estabelecer estratégias competitivas, se os indivíduos
não puderem exercer sua criatividade para criar novas ideias. Somente num clima
de inovação viabilizam-se boas ideias, que serão transformadas em negócios. A
organização (cultura e liderança), as equipes (gestão de processos e integração)
e o indivíduo (perfil profissional e êxito pessoal) são elementos fundamentais
para inovação.
Segundo Eunice Soriano de Alencar, Profª. da Universidade Católica de Brasília e
Doutora em Criatividade, "criatividade, que é uma habilidade crítica dadas as
características de complexidade, incerteza, turbulência, mudança, progresso e
competição que caracterizam o ambiente do trabalho e a sociedade maior não tem
recebido a atenção devida. A sua importância, entretanto, é de tal magnitude que
ela tem sido considerada como uma habilidade de sobrevivência para o próximo
milênio e o advento de uma era da criatividade tem sido apontado por
futurologistas diversos. Estar preparado para solucionar problemas e
solucioná-los de forma criativa é, sem sombra de dúvida, algo indispensável no
cenário deste novo milênio, onde inovar é uma palavra de ordem".
A motivação e comprometimento dos indivíduos é um dos fatores mais críticos na
busca da inovação. Entraves nos relacionamentos, bloqueios e inibições, entre
outros fatores, fazem com que colaboradores não tenham interesse suficiente para
apresentar melhores resultados na execução de suas atividades. Como inspirá-los?
Quais as práticas que a empresa deve adotar para superar obstáculos pessoais e
organizacionais e propiciar um clima descontraído?
A resposta está na complexidade e definição da função gerencial, que apesar de
tantos avanços permanece ainda em patamares falaciosos do militarismo. Em
práticas centralizadoras que inibe o crescimento das pessoas ao redor. Mudar a
prática de gestão significa mudar o modelo de atuação do líder. Mais complexo
ainda é avaliar a atuação do gestor que hoje são nomeados e dispensados como
técnicos de futebol.