Próximo ao Dia dos Pais, além de falar em agradecimentos e presentes, é
momento de discutir também os deveres de quem está nesta posição. E, entre eles,
está o de ensinar aos filhos sobre a importância de investir, inclusive na bolsa
de valores. Mas como introduzi-los neste universo?
Para o diretor da Easynvest, plataforma de negociações pela internet da
corretora Título, Amerson Magalhães, muitos pais não tratam do assunto com os
filhos por uma questão histórica. “O pai de hoje não teve a cultura de bolsa de
valores. Ela passou a ser mais discutida a partir de 2000, quando houve queda do
juro, aumento da rentabilidade da bolsa e melhora da economia”, explicou.
Porém, a tendência é de que, com mais pessoas participando do mercado, os
pais passem cada vez mais a discutir o assunto com os filhos. A BM&F Bovespa
espera atingir a marca de 5 milhões de pessoas físicas atuantes no mercado em
cinco anos. Para isso, os pais também podem ajudar, introduzindo os herdeiros no
assunto, mas a grande dúvida é: como fazer isso?
Bolsa para menores
Segundo o professor do Seu Consultor Financeiro e analista-chefe da
Walpires Corretora, Leandro Martins, adolescentes na faixa de 14 e 15 anos já
podem ter os primeiros contatos com o mercado de ações, para que tenham alguma
experiência com a bolsa de valores quando conquistarem o primeiro emprego.
Desta forma, o jovem começaria a operar por volta dos 18 anos, idade que é
defendida também por Magalhães. “Mas o básico da educação financeira pode ser
ensinado antes. Para a bolsa, é preciso mais maturidade”, ressaltou. De acordo
com ele, todo o aprendizado demanda interesse e dedicação por parte do jovem,
que deve entender que a bolsa não é um cassino.
É preciso ensinar aos filhos o que são as ações e qual o papel das empresas
no mercado. Ainda sobre os conceitos que devem ser passados aos jovens, Martins
ressalta o de investimento programado. “Na parte operacional, um pouco de
simulação será necessário”, disse.
Ferramenta
Sobre a ferramenta a ser usada para introduzir os filhos no mercado da
bolsa de valores, existem clubes de investimento, fundos de investimento e
também o próprio home broker.
Em relação ao clube, trata-se de uma aplicação criada por um grupo de pessoas
que desejam investir seu dinheiro em ações. Ele pode ser criado por empregados
ou contratados de uma mesma entidade ou empresa ou ainda por um grupo de pessoas
que têm objetivos em comum, como professores, donas de casa, médicos,
aposentados e também jovens.
“Acho interessante essa modalidade, pois os membros trocam análises e
experiências", disse Martins. “Nele, a decisão é conjunta. Por mais que o jovem
julgue, a decisão não é só dele”, completou Magalhães, sobre o fato de haver
discussão que permita o aprendizado nos clubes de investimento. Um ponto
negativo do clube, porém, de acordo com Martins, é o fato de ser um pouco
limitado em suas estratégias.
Exatamente por não ter discussão é que os fundos, na opinião dos
entrevistados, não é uma boa forma de introduzir os jovens no universo da bolsa.
Isso porque ele não participa da gestão e, por isso, não forma um aprendizado.
Apenas acompanha a rentabilidade para ver se o fundo em que está tem sido
vantajoso.
Os fundos funcionam como uma espécie de condomínio de recursos individuais de
pessoas físicas ou jurídicas. Na maioria dos casos, são como um condomínio
aberto, sem limite máximo de participantes, administrados com a finalidade de
aplicar estes recursos no mercado e maximizar o retorno para o investidor. Mas,
em alguns casos, podem ser fechados, quando não permitem saque a qualquer
momento, e o investidor deve manter a aplicação por um prazo determinado de
tempo.
Home broker
Ambos os entrevistados, no entanto, concordaram que o home broker é a
melhor ferramenta para introduzir os jovens na bolsa. Ele permite o envio de
ordens de compra e venda de ações e outros ativos pela internet, possibilita
acesso às cotações e acompanhamento de carteiras de ativos, entre vários outros
recursos.
“O jovem poderá treinar de onde estiver, de forma gradual e sem pressa. Com
muito foco no conhecimento e em adquirir experiência, para com o tempo conseguir
dominar o emocional, que é nosso principal adversário nas operações com ações”,
destacou Martins. “Tão fácil quanto olhar um extrato da conta-corrente no
bankline”.
Quando optar por esta ferramenta, Magalhães explicou aos pais que o
ensinamento sobre o que é a bolsa deve ser pré-investimento. Desta forma, à
medida que o jovem tiver mais experiência, pode-se começar a dar certa
quantidade de dinheiro para que ele comece a operar sozinho.