São muitas as opções disponíveis para quem tem um dinheirinho sobrando mas
não sabe aonde investir. Essa é uma dúvida bastante comum não apenas entre os
novatos no mercado financeiro, mas até mesmo entre quem já está acostumado a
fazer aplicações e fica de olho nas melhores alternativas de investimento.
No entanto, antes de sair investindo em tudo aquilo que o mercado diz que
está proporcionando bons retornos, é bastante importante que o investidor faça
uma análise de suas necessidades, a fim de encontrar uma opção de investimento
que realmente irá atender aos seus objetivos.
Os fundos de investimento, as carteiras administradas e os clubes de
investimento são algumas alternativas comuns oferecidas por bancos e corretoras.
Mas, antes de aplicar dinheiro nestas opções, saiba que cada uma delas é mais
indicada a um perfil específico de investidor.
Para quem tem maior volume de recursos e menos tempo disponível
Se você é um investidor com um volume considerável de recursos para investir,
mas não possui tempo ábil para monitorar seus investimentos no mercado de forma
regular, uma boa opção são as carteiras administradas. O investimento varia de
corretora para corretora e de banco para banco, mas, em geral, o mínimo vai de
R$ 300 mil a R$ 1 milhão.
A facilidade oferecida por essa opção de investimento é o que mais chama
atenção dos investidores. "Por ser um volume de recursos mais elevado, o
investimento nas carteiras administradas é monitorado de perto. Geralmente, a
pessoa que investe nas carteiras não tem muito tempo de acompanhar o mercado,
por isso, gosta da facilidade oferecida", disse a gerente de renda variável da
Geração Futuro, Ana Clara Monteiro Rodrigues, explicando que ao final de cada
dia, o investidor das carteiras administradas pela Geração recebe uma espécie de
extrato contendo detalhadamente a movimentação realizada com seus recursos, as
variações diárias e acumuladas, o rendimento, bem como a comparação de
desempenho com índices da preferência do próprio investidor.
"Isso faz com que ele se sinta bastante confortável com seu investimento,
principalmente por que a quantia que se trata é bastante elevada", completa Ana.
A especialista explica, porém, que existem três formas para administrar essas
carteiras. Na primeira delas, a menos comum, é quando o cliente é o próprio
gestor. Mas, as duas opções mais procuradas são a gestão dos recursos mista -
quando a própria corretora ou banco movimenta o investimento, consultando
regularmente o investidor sobre suas preferências - e a gestão feita
exclusivamente pelas corretoras e bancos. "Normalmente ele (o investidor das
carteiras administradas) quer que o escritório faça a gestão do investimento",
revela Ana.
Para este perfil de investidor, outro ponto positivo das carteiras
administradas é que, por conta da grande quantia envolvida na operação, existe
uma liberdade maior de diversificação dos investimentos, o que aumenta as
possibilidades de ganhos. "Dependendo da quantia que o investidor possui, nós
conseguimos alocar uma parte na renda fixa, outra parte em ações defensivas,
outra parte em ações blue chips, outra parte em oportunidades do mercado. É
importante definir um plano baseado em segurança, liquidez e rentabilidade",
destacou a operadora da C&D Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários,
Roseli de Fátima Chiumento.
Mas, se esta opção de investimento combinou com seu perfil, fique atento às
taxas. Em média, as corretoras e bancos cobram entre 2% e 5% anuais para
administrar as carteiras. Esses números podem até parecer pequenos, mas,
avaliando os valores envolvidos, eles representam montantes consideráveis. Por
isso, uma vez realizado seu investimento, é sempre importante acompanhar a
rentabilidade de sua carteira administrada.
Para quem tem menos recursos e mais familiaridade com o mercado
Se você é um investidor que possui um volume de recursos mais reduzido, mas que
tem uma maior familiaridade com o mercado financeiro, então, a opção mais
indicada é o fundo de investimento. Atualmente existem diversas de opções de
fundos para investir, atraentes para aqueles investidores que já investem
individualmente, mas desejam ampliar seus ganhos no médio e longo prazos.
De forma geral, os fundos funcionam como um condomínio de investidores, já
que, como no caso do condomínio de um apartamento, os condôminos (ou
investidores) centralizam a administração do edifício (ou carteira do fundo) na
figura do síndico (ou gestor do fundo). Em um fundo de investimento, o gestor do
fundo aplica os recursos dos investidores (patrimônio do fundo) de forma a
maximizar o retorno e minimizar o risco da carteira do fundo.
Além do seu apetite por risco, é importante saber a quantia que você dispõe
para aplicar. De forma geral, para valores abaixo de R$ 10 mil é indicado que a
pessoa aplique num fundo de ações devido à menor capacidade de diversificar o
risco, pois não é possível comprar papéis de empresas em número suficiente para
minimizar a exposição ao risco de cada companhia.
A principal vantagem dos fundos é que, por possuírem um patrimônio líquido
maior que o do investidor isolado, podem aplicar em diversos ativos ao mesmo
tempo, reduzindo o risco da carteira. Outra vantagem dos fundos é que o
investidor, ou cotista do fundo, não precisa se aprofundar muito no assunto para
aproveitar o mercado de ações, confiando suas decisões para os especialistas de
mercado.
"O investidor que aplica nos fundos de investimento, geralmente, já conhece o
mercado. Mas, mesmo que ele não conheça e seja um novato no mercado financeiro,
ele pode aderir à essa opção", revela Roseli. A operadora da C&D explica que,
como os fundos são geridos pelas corretoras, os investidores menos experientes
conseguem obter ganhos enquanto "aprimoram suas análises de investimento".
Para quem deseja investir em família ou com amigos
Para você que não possui muito dinheiro sobrando, mesmo assim quer investir no
mercado para tentar multiplicar suas cifras, além disso, sabe que existem amigos
e familiares na mesma situação que você, este é o perfil de investidor ideal
para os clubes de investimento. "Os clubes são uma espécie de fundo mais
exclusivo, geralmente formado por famílias que pretendem garantir um dinheirinho
para o futuro", contextualiza a gerente de renda variável da Geração Futuro, Ana
Rodrigues.
Ana explica que a vantagem de se escolher esta opção de investimento é
exclusividade. "A corretora vai sentar com os cotistas e montar uma carteira na
qual todos estejam satisfeitos", disse. De acordo com Roseli, a operadora da
C&D, o perfil de investidor que adere aos clubes de investimento é semelhante ao
que opta pelas carteiras administradas, porém, neste caso, ele vem acompanhado
por amigos e família.
"Existem muitas pessoas que abrem um clube de investimento com a mãe, o pai,
o irmão. São pessoas que aprendem a investir juntos, participam ativamente nas
decisões de investimento tomadas e querem cuidar da carteira do clube, afinal
está ali um dinheiro para ser usado no futuro", avalia Ana. É importante
ressaltar, porém, que para abrir um clube de investimento são necessários, no
mínimo, três cotistas, sendo que o valor inicial de investimento, apesar de
variar de corretora para corretora, é em média de R$ 300 mil.
Os últimos dados disponibilizados pela BM&F Bovespa mostram que esta opção de
investimento tem crescido bastante nos últimos anos e a cada mês mais clubes são
abertos na bolsa paulista. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2006 havia 1.354
clubes de investimento em atividade na BM&F Bovespa, sendo que apenas naquele
mês 39 novos clubes foram abertos. Já em maio de 2010, 55 clubes foram criados
no mercado, totalizando 3.103 clubes ao todo, que são responsáveis por um
patrimônio líquido total de R$ 12,9 bilhões.