Banco / Cheque / Conta - 10 coisas que seu gerente nunca vai dizer
Ele resolve todos os seus problemas. É diligente quando você liga e pede uma
ajuda. Parece estar sempre atento a possíveis problemas. Mas há coisas que o seu
gerente de banco não revela. Um exemplo? O fato de ele ver em você uma ótima
oportunidade para cumprir as metas de vendas do mês. Independente do que esteja
sendo vendido.
Saiba as 10 coisas que seu gerente nunca vai dizer.
"O que eu ofereço é sempre bom para o banco, mas não para você"
Quem pensar no gerente do banco como um consultor financeiro pessoal corre o
risco de acabar fazendo péssimos negócios. Quase todas as recomendações dos
gerentes atendem aos interesses do banco, não aos do cliente. Não é
desonestidade pessoal, mas o resultado da forma como os bancos trabalham. O
gerente é um vendedor que tem metas a cumprir para os principais produtos --
cheque especial, títulos de capitalização, seguros, poupança --, e seu emprego
depende de atingir essas metas todos os meses. Obviamente, as metas são
estabelecidas de modo que os produtos mais oferecidos sejam aqueles que fazem o
banco lucrar mais e, portanto, custam mais para o cliente. O resultado é que, em
um determinado mês, o gerente vai jurar para você que os títulos de
capitalização serão o melhor negócio do mundo. No mês seguinte, será a vez da
poupança e, depois disso, virão os seguros. O principal problema é que essas
recomendações não costumam levar em conta nem o perfil de risco nem as
necessidades individuais de cada cliente. Seja firme na hora de dialogar sobre
seus investimentos. Por mais persuasivos que sejam os argumentos, não compre o
que o seu gerente quer vender, a menos que o produto seja adequado ao seu perfil
de investidor.
"Vou cobrar diversas tarifas sem avisar"
Muitas vezes os bancos escondem tarifas em seus serviços, que somente serão
notadas bem mais tarde, quando chegar a conta.
As taxas de juros costumam ser menores, e é evitar gastos como a taxa de
abertura de crédito (TAC) cobrada pela financeira da concessionária, normalmente
muito superior àquela dos bancos, mas o banco cobra para manter o limite do
cheque especial e a conta aberta. A emissão de extratos também é cobrada.
"O juro dobra se você estourar o cheque especial
O cheque especial está entre os seis produtos mais rentáveis de qualquer
banco. Para ter uma idéia os juros cobrados de 7,8% ao mês ou mais de 145% ao
ano são bem maiores do que qualquer investimento. É uma taxa altíssima. O que
poucos clientes sabem é que a conta fica -- se é que isso é possível -- ainda
mais salgada se os gastos ultrapassarem o limite estipulado pelo banco. Nesse
caso, o cliente entra numa linha de crédito específica chamada Adiantamento a
Depositante, que tem uma taxa de juro de cerca de 15% ao mês, o que representa
estratosféricos 435% ao ano.
O cliente também paga uma tarifa média de 20 reais para cada cheque emitido
nessas circunstâncias. O peso disso em qualquer empréstimo pode ser demonstrado
por um cálculo simples. Imagine um cliente com limite de cheque especial de 1
000 reais e que custam 7,8% ao mês. Se, por um descuido, ele passar a dever 1
500 reais no cheque especial, terá de pagar por mês 78 reais sobre o limite, 75
reais sobre o excesso de limite e mais 20 reais referentes à tarifa.
Contabilizando impostos e CPMF, a fatura, só com os juros, vai para mais de 177
reais por mês. Se cair mais um cheque, além dos juros, o banco vai cobrar
novamente a tarifa de 20 reais. São taxas elevadíssimas, mas sua aplicação pelos
bancos é perfeitamente legal. Por isso, a recomendação é evitar ao máximo usar o
cheque especial e nunca, nunca superar o limite.
"Sacar dinheiro com o cartão de crédito é caro"
O cartão de crédito funciona como meio de pagamentos e como forma de o banco
emprestar dinheiro automaticamente para o cliente. Por isso, quase todo cartão
de crédito permite ao usuário sacar dinheiro em caixas automáticos. Pouca gente
sabe, porém, que os encargos que incidem sobre essa operação são salgados. O
saque é um empréstimo no cartão, e as taxas médias são de 8% ao mês. Além disso,
o usuário paga de 1,95 a 8 reais por saque. O cliente que fizer três saques de
10 reais vai levar 30 em dinheiro e terá de pagar 24 em juros e tarifas, 80% do
total sacado. Esses detalhes constam do contrato do cartão de crédito, mas
poucas pessoas se preocupam em lê-lo.
"Não conheço bem os produtos do banco"
Hoje em dia muitos gerentes se especializam na venda de produtos do banco,
ou os que são os mais comuns. Caso fuja dessa situação, geralmente não estão
preparados para lidar com essas variações.
"Os juros do crédito imobiliário são o dobro do que parecem"
Comprar um imóvel com financiamento do Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
parece ser um ótimo negócio. Os juros variam de 6% a 12% ao ano, mais a variação
da Taxa Referencial (TR), que costuma ser menor que 3% ao ano. Aparentemente,
são taxas muito mais amigáveis do que a média das cobradas pelos bancos. Na
prática, porém, outros custos farão o mutuário pagar quase o dobro de juros.
Além dos juros, os bancos costumam cobrar uma taxa de administração do contrato
que varia de 12 a 80 reais. Além disso, o mutuário geralmente tem de pagar dois
seguros, um por morte ou invalidez permanente e outro por danos físicos ao
imóvel. Juntos, eles representam cerca de 9% do valor da prestação, segundo
cálculos realizados em estudos de especialistas.
Há mais duas taxas no financiamento: a de vistoria do imóvel e a de verificação
da documentação. Além disso, o mutuário deve pagar o imposto de transmissão de
bens intervivos (ITBI), equivalente a 2% do valor do imóvel, para que o dinheiro
do financiamento seja liberado. Para ter idéia do peso desses adicionais,
simulando um empréstimo de 150 000 reais com taxa de 12% ao ano mais TR. "O
comprador paga cerca de 15 000 reais a mais nesses penduricalhos, além dos
juros", diz ele. Sua recomendação é fazer as contas com cuidado.
"Pagar dívidas antes do prazo custa dinheiro"
O cliente endividado que resolver quitar seu débito com o banco fará um mau
negócio. Nesse caso, o banco deverá cobrar uma Tarifa de Antecipação de Crédito,
que, na média, é igual a 10% do valor a ser quitado.
Para o banco, não é interessante que você pague a dívida antecipadamente porque,
nesse caso, ele não vai receber os juros das parcelas restantes.
Se o cliente antecipar o pagamento, o contrato tem de ser revisto, o que gera
custo para o banco. O cliente tem direito de obter desconto na taxa de juro, mas
dificilmente deixará de pagar a Tarifa de Antecipação de Crédito.
"Meus fundos de varejo conservadores rendem pouco"
Quando oferecem um fundo de investimento conservador a seus clientes, muitos
gerentes comparam a rentabilidade do fundo com a da caderneta de poupança. Para
evitar ser enganado por essa distorção, o cliente deve tomar um cuidado
específico na hora de investir. Nesse momento, a rentabilidade dos fundos DI ou
de renda fixa -- os mais conservadores do mercado -- deve ser comparada à
variação das taxas do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que balizam
as operações realizadas entre bancos.
Outro cuidado é prestar atenção na taxa de administração, que é a remuneração
cobrada pelo gestor do fundo para administrar o dinheiro. Essa taxa é um
percentual do total investido, e será cobrada todos os dias, independentemente
do desempenho do fundo.
Vale aqui uma velha regra do sistema bancário: quem tem menos dinheiro paga mais
caro. Fundos de investimento mais populares, aqueles com depósito inicial mínimo
de até 1 000 reais, costumam cobrar as taxas de administração mais altas, que
podem chegar a 5% ao ano. Nesses casos, sempre vale a pena perguntar ao gerente
qual é a taxa de juro paga para aplicações em renda fixa, como os Certificados
de Depósito Bancário (CDB), e compará-la com o desempenho do fundo.
"A previdência privada custa mais do que você imagina"
Responda rapidamente: qual é a taxa de administração de seu plano de
previdência privada? E a taxa de carregamento? Não se sinta mal por não saber o
que esses nomes significam. Milhares de investidores ignoram que os bancos
cobram um percentual do patrimônio para gerir o dinheiro (a taxa de
administração) e um "pedágio" sobre cada nova aplicação, para cobrir os custos
operacionais (a taxa de carregamento). A taxa de administração oscila entre 1% e
4% do total investido, sendo que a média é de 2,3% ao ano. A taxa de
carregamento pode variar de 0,5% a 10% de cada aplicação. Sua média, atualmente,
é de 3,3%. Os planos de previdência também podem cobrar uma taxa de saída, que
incide sobre os valores resgatados e, na maioria das vezes, é de 0,38% sobre o
montante resgatado. Juntas, essas três taxas, mais o imposto de renda sobre os
rendimentos ou sobre o total resgatado, que oscila de 10% a 35%, podem corroer a
rentabilidade do plano.
Como a previdência privada é uma aplicação de longo prazo por excelência, vale
muito a pena procurar as menores taxas: a diferença é brutal depois de 15 ou 20
anos. Por exemplo, o investidor que tiver 1 milhão de reais aplicado vai pagar
aproximadamente 10 000 reais por ano a mais a cada ponto percentual suplementar
de taxas cobrado pelo banco.
"Capitalização é um péssimo negócio"
Um cliente que precise elevar seu limite de cheque especial pode ser
"convidado" a comprar um título de capitalização para oferecer "reciprocidade"
ao banco.
Os títulos de capitalização são a pior besteira que você pode fazer com seu
dinheiro.
A capitalização mistura poupança com loteria, em que o investidor tem a chance
de ganhar prêmios em dinheiro sorteados entre os clientes.
A capitalização é um investimento ruim e um jogo ineficiente, pois quem
administra essa loteria cobra
caro. É melhor arriscar na Megasena.
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