O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne a partir
desta terça-feira (20) para definir a nova Selic (taxa básica de juro), que está
em 10,25% ao ano. As expectativas são de alta e, diante disso, qual deve ser o
movimento do investidor?
Para o estrategista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, a taxa básica de
juro deve sofrer uma elevação de 0,75 ponto percentual e o ciclo de alta não
deve parar por aí. No entanto, em sua opinião, a Selic não deve ser preocupação
para o investidor brasileiro.
O que deve acontecer é um pequeno ganho a quem tem dinheiro em fundos,
inclusive nos pré-fixados, que normalmente alocam recursos para títulos públicos
pós-fixados, que rendem mais com a alta da Selic. Já em relação à renda
variável, ele afirmou que o investidor deve manter suas posições, uma vez que a
bolsa de valores não deve ser afetada pela alta do juro básico, já que tem
recebido influência do cenário internacional.
Renda fixa
A professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Myrian Lund disse que o
mercado está dividido sobre qual vai ser o movimento da taxa básica de juro, já
que houve uma parada no aumento da inflação. “Mas como a política monetária no
Brasil é conservadora, então, o Copom ainda vai dar um aumento no juro”. Ela
acredita que a elevação deve ser entre 0,5 e 0,75 ponto percentual.
Para quem está em fundos de renda fixa, ela aconselha que fique no
pré-fixado, já que o movimento de alta da Selic deve ter fim na reunião deste
mês e, depois disso, haverá queda. “No Tesouro Direto, compre títulos
pré-fixados”, ressaltou.
São eles as LTNs (Letras do Tesouro Nacional) e as NTN-Fs (Notas do Tesouro
Nacional – Série F). Nestes últimos, como nos primeiros, o investidor sabe
exatamente o retorno do título, se carregá-lo até a data de vencimento.
Entretanto, no caso da NTN-F, o investidor recebe um fluxo de cupons semestrais
de juros, o que pode possibilitar aumento de liquidez e reinvestimentos.
Em relação à poupança, a professora disse que continua sendo uma boa opção
para quem tem pequenos investimentos, de até R$ 50 mil. Acima disso, é indicado
que parta para um CDB (Certificado de Depósito Bancário), mas somente se o
retorno for em torno de 95% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Renda variável
Sobre a renda variável, Myrian afirmou que este é o momento de as pessoas
fazerem suas carteiras. “Nesses anos em que o mercado anda 'de lado', é o
momento de comprar, para depois aproveitar a subida”, destacou.
Porém, ela indica que a pessoa não transfira dinheiro da renda fixa para a
variável, mas que comece a direcionar todo o mês um dinheiro novo para a bolsa.
“Porque, se a pessoa tira dinheiro da renda fixa para ações e perde, gera
trauma. O investidor de bolsa tem de ser forte, não se deixar abater pelas
notícias”, explicou.
De acordo com ela, este é um momento difícil de ganhos para a bolsa. Isso
porque as ações sobem por dois motivos básicos, segundo Myrian: a entrada de
recursos internacionais e a perspectiva de resultados positivos das empresas. O
primeiro fator está sendo afetado pelo cenário internacional não tão favorável e
o segundo, pelo fato de as ações já estarem em seu preço justo.