Certa vez, participei de um evento em Brasília denominado "Feira do
Candidato". Posso explicar: Não se trata de candidatos a cargos políticos do
Congresso Nacional. A feira que aconteceu na área de eventos do Shopping Pátio
Brasil, é também conhecida como Feira do Concurseiro. Uma feira destinada às
pessoas que desejam aprovação em um concurso público. Na ocasião, fui convidado
a ministrar uma palestra cujo tema é homônimo deste artigo.
Pode parecer estranho para alguns falar de educação empreendedora ou,
propriamente, empreendedorismo, para uma plateia que investe muito dinheiro em
cursinhos preparatórios, livros e apostilas, tentando tornar possível o sonho de
ser um servidor público.
Entretanto, a proposta de educação empreendedora, hoje difundida em muitas
escolas e também em empresas, tem por objetivo a criação de um ambiente
"cultural" favorável ao desenvolvimento do espírito empreendedor; ou melhor,
proporcionar atitudes ou ações desenvolvedoras do autoconhecimento.
Esse ambiente cultural não está, necessariamente, restrito a escolas de
formação técnica ou profissionalizante e, muito menos, restrito ao ensino
superior. A educação empreendedora deve estar presente na sociedade como um
todo, a partir de modos de pensar que contribuam para o empreendedorismo.
Não se trata de ensinar as pessoas a serem empreendedoras no sentido de abrir
seu próprio negócio, ser seu próprio patrão. O empreendedorismo não se limita a
sair aventurando por aí em negócios fadados a morrerem antes do quinto ano de
existência, como apresentam as várias pesquisas sobre o assunto.
Empreendedorismo é um processo de criação de algo com valor, mediante
dedicação de tempo e esforço; assumindo riscos, na expectativa de ser
recompensado no futuro. E isso pode e deve ser feito em qualquer área da
atividade humana.
O empreendedor é aquele indivíduo que sabe aproveitar as oportunidades que
lhe surgem para promover mudanças em seu futuro e no futuro das pessoas que o
cercam.
A educação empreendedora facilita o desenvolvimento dessa mentalidade, embora
ainda tenhamos um modelo de educação praticado nas escolas, que preserva padrões
antiquados, onde o aluno é mero sujeito passivo de seu processo de aprendizagem.
Quando são lançados ao mercado de trabalho, os jovens, em sua maioria não têm
preparo para empreender e, acomodados, esperam uma oportunidade de se tornarem
assalariados em um bom emprego.
Mas o emprego está acabando em todo o planeta, agora agravado pela crise
mundial. É necessário então, num mundo sem emprego, estar empregável. A
empregabilidade, entretanto, não se limita a ter uma carteira assinada e exige
das pessoas estarem preparadas para as oportunidades de trabalho que surgem.
De acordo com GEM (Global Entrepreneuership Monitor), o jovem
brasileiro é o terceiro mais empreendedor do mundo, atrás apenas dos iranianos e
dos jamaicanos, porém, o espírito empreendedor de nosso povo aflora em momentos
de crise financeira, desemprego e atividade informal.
Proporcionar nas pessoas uma mudança de cultura, desde os primeiros anos da
idade escolar, modificando espíritos acomodados, insuflados pela síndrome de
Zeca pagodinho (Deixa a vida me levar, vida leva eu...) é a desafiante tarefa da
educação empreendedora.
Faz-se necessário então que as instituições (escolas, governo, empresas,
comunidade em geral) contribuam para o desenvolvimento de uma mentalidade
baseada no modelo de educação empreendedora. As empresas de modo geral, têm uma
parcela importante de responsabilidade quanto a desenvolver essa mentalidade em
seus colaboradores, através de seus programas, projetos e ações voltadas para
seu público interno e externo, seus produtos e serviços. Que este seja mais um
desafio, a ser vencido por cada cidadão desse nosso país.