Atualmente, um dos grandes problemas que afligem as empresas em todo mundo é
a maneira como as pessoas comunicam-se no ambiente de trabalho. Uma das questões
mais discutidas por especialistas e consultores refere-se exatamente à
comunicação interna nas empresas: como trabalhá-la de forma a obter uma cultura
favorável aos objetivos traçados pela organização?
O chamado relacionamento interpessoal processa-se através de como as pessoas
comunicam-se, ou seja, a base das relações humanas e sociais ocorre através da
comunicação. Sob esse aspecto pode-se afirmar que o homem é aquilo que consegue
comunicar ao seu semelhante, na sociedade onde vive; é um ser social por
natureza, porém com capacidades comunicativas individuais. E são essas
capacidades que irão coordenar esforços e evitar ou não conflitos nas relações
entre pessoas.
Utilizando a lógica, podemos concluir que se uma organização é feita de
pessoas e pessoas relacionam-se através da comunicação, estudar e entender como
a comunicação processa-se dentro uma empresa é uma solução estratégica para se
chegar à raiz de alguns problemas que interferem no alcance dos objetivos
traçados pela companhia. Muitos especialistas definem este tipo de dificuldade
como "problemas de cultura organizacional" e criam planos mirabolantes para
ajustar e até para mudar a cultura de uma empresa. Eles esquecem que este é um
fator que depende não apenas dos seus planos, mas das pessoas que fazem parte
dessa cultura, ou melhor, das pessoas que são responsáveis pela existência e
perpetuação dessa cultura.
A cultura organizacional de uma empresa é definida, em boa parte, pela
cultura do ambiente onde a empresa está inserida. Isso se deve ao fato de que as
pessoas não conseguem simplesmente "deixar do lado de fora" seus valores, suas
crenças e seus princípios pessoais, nem os da sociedade na qual estão inseridas.
Dentro da empresa, é preciso identificar os grupos formais e informais e suas
respectivas lideranças. Trabalhar essas pessoas é de fundamental importância
para a disseminação de uma cultura organizacional favorável.
É fácil perceber que as pessoas possuem um papel primordial na definição da
cultura de qualquer organização, afinal são elas que a promovem. A criação de
uma cultura organizacional favorável aos objetivos traçados pela organização
começa pela delegação de responsabilidades e de autoridade às pessoas, que
precisam se sentir como parte do processo. Na busca pela melhoria do
relacionamento interno nas organizações é importante considerar a abertura de
canais de duas mãos entre líderes e subordinados, seja via escrita ou oral,
conscientizando e engajando funcionários numa mesma diretriz empresarial.
Incentivar a contribuição deles em atividades de comunicação os torna agentes
das empresas em relação aos seus diversos públicos.
Na verdade, é a comunicação a responsável por permitir o acompanhamento, a
avaliação e o julgamento dos resultados de todos os processos desenvolvidos numa
organização. Por isso, é importante envolver todos os indivíduos que direta ou
indiretamente participem do processo, a fim de que todos possam compartilhar do
mesmo sentimento de missão e oferecer sua contribuição para o sucesso.
Por esta abordagem, as informações que fluem continuamente pelo sistema de
comunicação mantêm a organização em permanente sintonia com os clientes -
internos e externos - e com ela mesma como um todo. Não se pode negligenciar o
fato de que a comunicação interna causará efeitos positivos ou negativos na
comunicação externa da organização, e essa, por sua vez, exercerá influência
direta na imagem da empresa perante o mercado em que atua. Sendo assim, a
existência de uma gestão organizacional mais flexível e menos centralizada
implica reconhecer o comprometimento das pessoas e, ao mesmo tempo, respostas
mais ágeis e claras ao ambiente com o objetivo de tornar a organização mais
competitiva.
Trabalhar a comunicação de forma a interferir na cultura de uma empresa é
muito mais que manter informados os funcionários das decisões da diretoria. É
preciso muita sensibilidade para perceber que o diálogo não deve ser procurado
apenas em situações de emergência, e sim constantemente. É necessário que a
organização apresente uma proposta transparente de intenções através de uma
cultura organizacional que dissemine o que se espera dos colaboradores, através
de uma comunicação simples, clara e coesa com os interesses da empresa por meio
de respeito ao contínuo desenvolvimento e satisfação das necessidades das
pessoas.
Não é preciso definir quem determina quem: se é a comunicação interna que
determina a cultura de uma empresa ou vice-versa. Isso é, para mim, como
descobrir quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. Esses dois elementos da
organização interdependem e se completam: eles caminham juntos!