Ter uma vida financeira estável pode ser uma odisséia dependente de diversos
fatores, alguns dos quais difíceis de controlar. Por outro lado, temos alguma
capacidade própria de decidir o nosso destino, pelo que apresento hoje 4 simples
passos básico de controlo e orientação da vida financeira.
1. Diminuir o crédito
O crédito pode ser, em certas alturas, um mal necessário para comprarmos
aquele bem que tanto precisamos e para o qual não temos
disponibilidade imediata - e.g. a aquisição de habitação. Mas na maior parte dos
casos o crédito é financeiramente muito prejudicial, implica uma prestação
mensal fixa (a abater ao seu orçamento) e inclui juros altos, especialmente no
caso do crédito ao consumo.
O primeiro passo para atingir a estabilidade financeira é amortizar o
máximo possível dos seus créditos, eliminando-os se possível. A este
propósito escrevi um artigo que mostra quais as vantagens de amortizar
antecipadamente o crédito à habitação - que é dos menos caros.
O único bom crédito é aquele que é gratuito - e a maior parte não o é.
2. Conhecer as suas despesas
Se for como a maioria das pessoas, não saberá (nem sequer aproximadamente)
onde gasta o seu dinheiro. E é normal, pois temos imensas despesas com que
contar: alimentação, gasolina, jantares, prendas, eletricidade, celulares… Como
calcula não é positivo (a não ser que o dinheiro não seja a mínima preocupação),
pois não lhe permite avaliar o seu perfil de consumo e logo não consegue
precisar em que tipo de despesas gasta mais dinheiro.
Para que possa passar ao passo 3 é imprescindível tomar nota do que
gasta. Utilize o Excel, uma base de dados profissional, o que quiser,
mas tome nota. Adopte o grau de obsessão que achar adequado, mas é conveniente
ser detalhado.
3. Poupar
Agora que já sabe onde gasta o seu dinheiro, é preciso poupar. Comece por
examinar as categorias de despesas que correspondem a 80% das suas despesas e
pense em maneiras de as diminuir. Aqui vão alguns exemplos:
- Comer menos vezes fora
- Comprar mais produtos de marca branca
- Evitar compras por impulso
- Ponderar bem as escolhas, essencialmente de produtos de valor
significativo
- Fugir de compromissos de pagamentos mensais fixos (time-sharings,
assinaturas de produtos, etc…)
Poupar é o passo mais simples de perceber mas talvez o mais difícil de pôr em
marcha. Não só nos é difícil evitar gastar como temos dificuldade em descobrir
de que forma podemos poupar. Um exercício esforçado mas importante.
4. Investir
O último passo para a consolidação da sua situação financeira é investir. Uma
parte significativa do dinheiro que consegue poupar deve ser aplicado nalguma
espécie de investimento financeiro. Pode ser algo tão simples e seguro
como um depósito a prazo, o que interessa é investir .
A título de exemplo, uma poupança mensal de R$ 100,00 aplicados a uma taxa de
4%, rende mais de R$ 36.000,00 ao fim de 20 anos.
Lembre-se que o futuro da Segurança Social é, no mínimo, incerto. Poderá ter
de contar com que a sua reforma seja o resultado do investimento da sua poupança
ao longo dos anos. E não há capacidade de investimento sem poupança.