É comum existir na empresa um funcionário mais “expansivo”, que gosta de
realizar brincadeiras com todos os colegas e até com o chefe, criando laços mais
estreitos. Conforme a situação, pessoas em cargo de chefia também podem
apresentar predileção por um colaborador, aproximando-se mais dele. Nesses
casos, a atenção se torna fundamental: até que ponto pode ir uma relação de
intimidade entre o chefe e o funcionário?
Sintonia x Intimidade
A consultora da Thomas Case, Marcia Vazquez, divide a situação em duas:
quando há sintonia e quando há intimidade entre as partes. Para ela, as duas
vertentes são completamente distintas.
“ A intimidade pode gerar ao longo do tempo a perda dos limites. Estamos na
empresa para cumprir um plano, ou seja, um objetivo que deve ser atingido. A
sintonia entre os dois [chefe e funcionário] é entender o que cada um
pensa e como deve-se agir em determinadas situações no âmbito do trabalho”,
afirma.
Diante de qualquer cenário, o chefe sempre continuará tendo uma posição
hierárquica acima de seu colaborador e, por isso, terá responsabilidades para
com ele, explica Marcia. Para ela, se cada funcionário entrar em sintonia com o
superior, os resultados, o desenvolvimento e a interatividade entre eles serão
melhores.
Marcia é enfática sobre manter intimidade no trabalho. Segundo ela, nem a
excessiva aproximação pessoal entre colegas é válida.
Situações perigosas
Ocasiões dúbias poderão aparecer na vida do profissional. Uma festa na casa
de um colega, um happy hour no bar, ou até um almoço rotineiro. Como se
comportar nessas situações?
“Almoçar com o chefe de vez em quando não tem problema algum. O que não pode
acontecer é que essas reuniões virem rotina, uma regra”, adverte a consultora.
“Por isso, sempre que puder, almoce com outras pessoas”.
A maior imprudência em um almoço casual com o chefe é falar de outros
funcionários. Durante a hora da refeição, comentários e críticas podem forçar o
limite do bom senso. A partir daí, pode-se suscitar um mal estar entre as duas
partes. Se precisar falar algo, diz Marcia, aborde a questão das ideias
profissionais.
Na ocasião de o chefe fazer convites para uma saída após o expediente, a
regra é a mesma. Recuse, se for preciso, mas não faça disso sempre uma
resposta. “O patrão pode entender a saída após o expediente como forma de
integrar toda a equipe, por isso, apareça algumas vezes. A regra é não deixar
virar rotina”, afirma Marcia.
Você quer ser meu amigo?
Outra situação que pode levantar questionamentos é a atuação de forma
“imatura” do superior. Executivos piadistas, que não dispensam uma
brincadeirinha no trabalho, podem provocar receios nos funcionários, ou
deixá-los bem à vontade.
“Quando o chefe ultrapassa a linha, o funcionário deve brecar esse avanço.
Deixar bem claro que está lá como profissional que será avaliado e cumprirá
objetivos”, ressalta Marcia. “Reforce essa postura, corte as brincadeiras aos
poucos, sempre de maneira educada”.
De acordo com Marcia, o funcionário terá de agir de forma ética, sem aceitar
mimos do superior. Entretanto, se ele acabar entrando no jogo de intimidade
iniciado pelo chefe, a situação pode se tornar irremediável.
O problema da intimidade é que ela deixa a pessoa com a falsa sensação de que
pode tudo. Além disso, pode gerar desconforto entre colegas de trabalho. Segundo
Marcia, a equipe pode se destruir, não terá foco e perderá muito tempo em
desenvolver os trabalhos.