A sexualidade humana está envolta em mistérios e mitos. Para entendermos
porque os distúrbios sexuais surgem, precisamos analisar os vários aspectos que
dão origem a estes transtornos. Todas as pessoas parecem nascer com a capacidade
de viver satisfatoriamente sua sexualidade. Só que esta é influenciada pela
sociedade onde vivemos (com seus valores e preconceitos), pela herança herdada
de nossos pais, doenças e medicamentos.
Problemas sexuais podem ser motivados tanto por fatores orgânicos (como doenças
e uso de remédios), como por causas emocionais. Estas últimas formam um campo um
tanto nebuloso, afinal, envolvem as várias nuances do relacionamento a dois e a
construção de nossa sexualidade.
As pesquisas realizadas até o momento não forneceram um padrão de sexualidade
normal. Os critérios para uma avaliação de normalidade ou anormalidade são
muitos e às vezes totalmente díspares. Dependendo destes critérios (estatístico,
filogenético, moral, legal, social, etc.) uma avaliação de comportamentos
sexuais (masturbação, infidelidade conjugal, etc.) pode ser vista de maneira
diversa.
Podemos classificar as desordens sexuais, do ponto de vista clínico, em três
tipos: disfunções sexuais, distúrbios de preferência sexuais e distúrbios de
identidade sexual
Sem dúvida, a queixa mais freqüente entre as mulheres é a falta de desejo,
seguida dos problemas do orgasmo. Algumas mulheres fazem sexo por obrigação, com
medo de perder o parceiro. Não sabem que, agindo dessa forma, ameaçam a relação.
E o pior: correm o risco de evoluir para um quadro mais avançado de fobia ou
aversão sexual.
Outra reclamação comum em consultórios é a que relaciona o coito com desconforto
e/ou dor constante. Esta pode ter uma origem orgânica devido à atrofia vaginal
(mulheres menopausadas). Muitas vezes, no entanto, acompanha uma história de
falta de desejo não expressada pela mulher ou não percebida pelo parceiro,
traduzindo a falta de diálogo sexual entre muitos casais.
Entre os homens, a queixa mais freqüente é a disfunção erétil (DE), seguida da
ejaculação precoce. Em geral, a ansiedade em obter uma performance excepcional
na cama é a grande responsável pela disfunção erétil psicogênica. Acima de
quarenta anos (metade tem DE) a causa orgânica ou física pode aparecer, sejam
doenças ou medicamentos que afetam negativamente a sexualidade. Um problema
vascular, neurológico, hormonal ou do próprio corpo cavernoso pode estar na
origem da DE.
A ejaculação precoce atinge principalmente homens jovens e neste caso, a pessoa
alcança o clímax tão rapidamente que a relação sexual é com freqüência
decepcionante para ambas as partes. O ejaculador precoce não consegue ter
consciência das sensações premonitórias do orgasmo. Tão logo alcança um nível
critico de excitação, ele ejacula. A ejaculação retardada é uma inibição
involuntária do reflexo orgástico do homem. É relativamente rara e pode ter
causas emocionais profundas.