As corporações, no futuro, poderão ser dirigidas predominantemente
por mulheres
Preparação e oportunidade são dois ingredientes fundamentais para uma
carreira de sucesso. Neste caso, é bom observar o que está ocorrendo
no mercado de trabalho, nas salas de treinamentos, nas
universidades, nas organizações, nos cargos e resultados de concursos
públicos. Veremos que todos estes ambientes têm um dado em comum: a
forte e destacada atuação da mulher, participando ativamente, preparando-se e
construindo oportunidades profissionais.
Talvez seja interessante aprofundar melhor este tema através de pesquisas e
estudos sociológicos, pois está ficando cada vez mais claro que
ocorre uma revolução silenciosa. Ao contrário dos movimentos anteriores
das décadas de sessenta e setenta, com o chamado “movimento feminista”,
e depois com a luta das mulheres por direitos iguais no trabalho e na vida
social, esta “revolução” é diferente. Parece ser menos “barulhenta” e mais
profunda, mas certamente de maior alcance social.
Recentemente, participando de um debate na faculdade Milton Campos, em Belo
Horizonte, com estudantes de Direito, observamos que de um total de
aproximadamente cinqüenta participantes, pelo menos quarenta eram mulheres. Há
poucos dias, em visita a cursinho preparatório para concurso público,
constatamos que as turmas são compostas majoritariamente por mulheres que,
levando em conta os resultados de concursos anteriores, provavelmente será a
maioria dos aprovados. Nos seminários e palestras que ministramos para
profissionais liberais, ocorre a mesma coisa, destacadamente encontramos uma
maior presença de mulheres.
Há algumas semanas publicamos um artigo no Consultor Jurídico e em diversos
outros sites, onde mostramos que na advocacia, área profissional
tradicionalmente dominada por homens, as mulheres já são 42,3% do total de
advogados do Brasil e 50,5 % dos advogados com até cinco anos de formados. E,
ainda, 34% dos cargos de comando nos setores jurídicos de grandes empresas são
ocupados por mulheres, segundo pesquisa Stratégic Compensation Survey, da
consultoria Watson Wyatt de São Paulo, com 134 empresas que juntas empregam
cerca de 450 mil pessoas.
Não é por acaso que o cargo de Diretora de Redação da revista VOCÊ S.A. é
confiado a uma mulher, Juliana De Mari, em substituição à competente Maria
Tereza Gomes, ou da revista VISÃO JURÍDICA, uma das mais importantes do meio
jurídico, cujo cargo de Editor Responsável foi entregue recentemente a Thais
Laporta. São apenas dois exemplos de publicações dirigidas por mulheres e que
tem uma forte influência empresarial. Existe um diferencial na atuação da
mulher, no meio corporativo, em relação aos homens que está fazendo toda a
diferença.
Como consultor de marketing pessoal e gestão de carreiras, percebemos
claramente o porquê deste movimento de ascensão das mulheres no mundo
corporativo: preparação e oportunidade são os dois ingredientes
básicos.
- Preparação significa o desenvolvimento das competências
essenciais que diferenciam um profissional de sucesso daqueles medianos ou
medíocres. Competências como: capacidade de auto motivação, bom humor,
criatividade, capacidade de produzir conhecimento e liderança são algumas
delas. E sem dúvida percebemos um maior nível de comprometimento das
mulheres em desenvolver estas habilidades. Para constatar isto é preciso
apenas observar o número de mulheres freqüentando cursos de treinamentos em
relação aos homens.
- Oportunidade é a outra metade da fórmula para o
sucesso, e certamente, esta outra metade está sendo melhor aproveitada pelas
mulheres, pois elas têm demonstrado maior “pro-atividade” em relação à busca
por uma ascensão profissional. As oportunidades não batem à nossa porta
todos os dias, pelo contrário, temos que buscá-la, persegui-la de maneira
persistente e disciplinada. E percebemos que persistência e disciplina são
qualidades muito mais acentuadas no comportamento atual das mulheres do que
nos homens.
Um exemplo simbólico é o da atual Senadora norte americana, a ex-primeira
dama Hillary Clinton, uma das favoritas a assumir pela primeira vez a
Presidência do país mais poderoso do mundo, os EUA. E também de tantas mulheres
que estão assumindo a presidência das maiores corporações do planeta como a
PepsiCo, que fatura 32,5 bilhões de dólares, dirigida por Indra K. Naooyi, de 50
anos; Brenda Barnes, 52 anos, Presidente da Sara Lee, que fatura 20 bilhões de
dólares e Patrícia Woertz, 53 anos, Presidente da Archer Daniels Midland com
faturamento anual de 32,6 bilhões de dólares.
Estas informações constam de matéria publicada na revista EXAME (Edição 875,
agosto/2006), que informa ainda sobre o aumento da participação das mulheres nos
conselhos de administração e na presidência das 500 maiores empresas americanas.
Segundo a reportagem, de 1995 a 2005 houve um aumento de participação das
mulheres no conselho de administração destas empresas de 10% para 15%.
Aqui no Brasil estamos tendo a honra de ter a Ministra Ellen Gracie
Northfleet, Presidente do Supremo Tribunal Federal, como um fato simbólico de
que as barreiras e o preconceito em relação à competência das mulheres assumirem
posições de comando foram superadas.
Acredito que estamos diante não de um modismo, mas de uma tendência social
irreversível. É provável que as próximas gerações de homens e mulheres, que
começam a chegar ao mercado de trabalho, estarão disputando os espaços
corporativos e as posições de comando, palmo a palmo, mais cedo do que se
imagina.
Resta aos homens e também às corporações a humildade de tirar lições e
ensinamentos deste movimento profissional feminino e equilibrar este jogo, pois
se continuar desta forma será vencido, em futuro breve, pelas nossas eternas
companheiras afetivas: as mulheres.
Em função desta realidade, ouso afirmar que teremos em breve, talvez em uma
década, uma predominância de mulheres na liderança das organizações públicas e
privadas, como resultado desta preparação profissional que estão envolvidas de
uma maneira muito mais ostensiva do que os homens. Ao contrário do teor de
outros movimentos sociais, este parece ter por finalidade não uma disputa de
espaço com os homens, mas sim a busca da própria ascensão social da mulher
enquanto indivíduo.