Muitos analistas e especialistas em Carreiras afirmam que permanecer na zona
de conforto pode ser perigoso para um profissional, pois quem se encontra nessa
fase não está disposto a passar por mudanças e, consequentemente, fica
estagnado.
Porém, para o diretor de planejamento estratégico do HDI Brasil, Nino Albano,
essa afirmação nem sempre corresponde à realidade. Isso porque é preciso
diferenciar a zona de conforto da acomodação.
"Segundo o Aurélio, (conforto) é o 'estado de quem é confortado' e confortado,
por sua vez, é o adjetivo para 'fortalecido, animado'. Então vem a pergunta: por
que teríamos que sair dessa tal zona, se, quando a encontramos, estamos bem?",
explica, em um artigo de sua autoria.
Para Albano, só encontrou a zona de conforto aquela pessoa que já atingiu seus
objetivos e que agora procura uma melhora contínua para uma atividade ou uma
ação que seja ideal às suas necessidades. "Em outras palavras, ninguém deveria
sair da zona de conforto. É lá que encontramos o melhor de nosso desempenho",
considera.
Acomodação: onde mora o perigo
Já considerando a acomodação, o Aurélio define essa palavra como "tendência a
conformar-se com qualquer situação; conformismo", o que, para o diretor,
configura-se como perigoso.
"Há aqueles que não querem mudar, pois não se sentem motivados, não gostam do
que fazem e não acreditam que no final existem benefícios para eles. Para esse
grupo, as mudanças são as coisas mais chatas e difíceis que existem. Eles estão
na zona da acomodação. São as pessoas conformadas com o lugar que estão", diz.
Além disso, essas pessoas têm medo de crescer, se sentem ameaçadas por desafios
e, não raramente, ficam pelos corredores reclamando de diversas coisas.
Para Albano, a zona do conforto, da qual muitos falam que se deve lutar contra,
é, na verdade, aquilo que um profissional precisa buscar na sua carreira,
enquanto deve fugir da zona de acomodação.
Vontade de mudar
Considerando a área do conforto, o diretor afirma que, embora muitos digam que
quem está nela não quer mudar, uma alteração pode ocorrer sim. "Todos mudam, se
o apelo à mudança for agradável, necessário e gerador de oportunidades", afirma.
Ele explica que há uma metodologia, chamada de KCS (Knowledge-Centered Support),
que tem como base o suporte estruturado no conhecimento. Segundo esse método,
cada grupo de interessados busca o WIIFM (What in it for me? Ou, O que isso tem
de bom para mim?).
"Não se trata de querer levar vantagem em tudo, mas sim de saber por que o
esforço está sendo aplicado. Se fizer sentido e trouxer o retorno para o
indivíduo, para o grupo e para o negócio, a mudança é facilmente executada,
pensando na tão sonhada zona de conforto", ressalta o diretor.