Muito se fala sobre os líderes que minam a criatividade, atrapalham o alcance
de resultados e desestimulam os membros da equipe... Mas a realidade é que
também existem profissionais que são tóxicos para a liderança, que querem
prejudicá-la.
De acordo com o consultor do IDORT/SP, José Nunes Gentil, esse profissional age
da seguinte maneira: tenta minar a capacidade da equipe e as ideias do líder,
vai de mesa em mesa (ou usa o e-mail) para fazer uma campanha contra o chefe e
tenta se aproximar do chefe. "Eles tentam se aproximar até mesmo para ter
liberdade com essa pessoa e comentar o que não gostou em relação ao chefe. No
extremo, ele deturpa a realidade ou mente".
Outra atitude do profissional que é tóxico para o líder é ficar isolado ou com
conversas paralelas com um grupinho. O instinto de preservação deste
profissional é grande, mas ele pode até reduzir seus resultados para prejudicar
a chefia. "Normalmente, do ponto de vista técnico, é uma pessoa incompetente,
mas é inteligente. O fato é que não canaliza a inteligência para o lado bom".
Motivações
Segundo Gentil, diante de um profissional tóxico, o líder precisa identificar o
que faz o profissional agir desta forma.
"Pode ser, por exemplo, uma forma de chamar a atenção, como uma criança, que
chama atenção pelo que faz de ruim também. Pode ser que se sinta menos que os
outros e tente aparecer. Pode ser que esteja desmotivado. Eventualmente, pode
até ser que ele queira assumir o papel do líder", explicou o consultor.
Em órgãos públicos, este último motivo é mais recorrente. Isso porque existem
cargos preenchidos via concurso e outros por nomeação. O consultor exemplificou
da seguinte maneira: "se eu assumo uma Secretaria, posso colocar os funcionários
que já estavam lá como líderes ou trazer pessoas de minha confiança. No segundo
caso, o profissional pode ser visto como alguém que caiu de pára-quedas" e, por
isso, pode ser prejudicado pelos demais.
O que fazer?
Diante de um profissional tóxico, qual o comportamento que o líder deve ter? O
consultor explicou que, apesar de não ser o ideal, alguns fazem de conta que
nada está acontecendo ou punem, afinal, é uma situação que envolve dinheiro e
poder. No primeiro caso, os resultados da equipe são prejudicados e, no segundo,
o líder pode ser acusado de assédio moral, se não apresentar provas.
De acordo com Gentil, na realidade, o líder precisa ter uma conversa franca com
o profissional, sem citar "ouvi dizer que está acontecendo isso" ou "me
falaram...", mesmo que isso seja verdade. Tem de ser um assunto entre líder e
liderado.
"Algumas empresas determinam que, antes de demitir, é preciso dar feedback,
dizer qual o comportamento esperado", disse o consultor. Então, o líder deve
abordar o profissional relatando que está sentindo um comportamento diferente e
se o profissional tem algo a dizer sobre isso.
O ideal é dar espaço para a pessoa se justificar. Normalmente, o profissional
tóxico se colocará como "salvador da pátria ou vítima", falando que faz de tudo
pela equipe ou que é alvo de perseguições.
Depois da conversa, vale ponderar qual o comportamento que o profissional tem
tido e que resultados tem trazido para tomar uma decisão final.