A tática é bastante usada no mercado de trabalho, embora não fique explícita:
alguns profissionais aceitam um emprego como "trampolim". Isso significa ocupar
por alguns meses a vaga para depois conseguir algo que realmente deseja.
Mas a tática tem seu lado positivo e negativo, o que deve ser levado em
consideração. De acordo com a consultora comportamental e financeira Suyen
Miranda, de qualquer maneira, é importante ocupar uma posição no mercado de
trabalho, mesmo que não seja aquilo que se pretende fazer pelo restante da vida.
"Se a situação de desemprego está causando desconforto, indico que pegue a vaga
de emprego", disse a consultora para aquelas pessoas que se sentem incomodadas
porque estão sem uma colocação. Porém, nestes casos, existe a armadilha de, ao
conquistar o cargo, se acomodar e não ir em busca daquilo que realmente deseja,
o que pode causar frustrações no futuro.
Perigo é a acomodação
Suyen afirmou que é melhor aceitar empregos e usá-los de "trampolim" do que
ficar acomodado em uma vaga. Hoje, o mercado de trabalho já não dá tanta
importância quanto no passado para um profissional que muda com certa frequência
de emprego. Não se tem mais aquela impressão de que a pessoa tem de passar toda
a vida em uma empresa.
O fato de o mercado valorizar um profissional que tenha formação eclética, por
exemplo, incentiva as pessoas a passarem por diversas experiências no mercado de
trabalho, mesmo que não tenham ligação com o que desejam. "O Caco Barcellos, por
exemplo, já foi motorista de táxi, e ganhou muito conhecimento por causa disso",
exemplificou.
Além disso, o emprego que é um "trampolim" pode ajudar em âmbito financeiro. Às
vezes, ele remunera melhor do que aquela vaga que se pretende ocupar no mercado
de trabalho. Enquanto estiver nele, a orientação da consultora é que se faça uma
poupança, para poder se adaptar ao mudar de emprego e ver sua renda cair.
"Trampolim" que vira sonho
Ao usar a tática do "trampolim" a pessoa ainda pode identificar uma atividade
que realmente gosta de fazer. Por isso não é indicado colocar para a empresa que
pretende ficar pouco tempo. Mesmo porque a companhia pode não querer
contratá-lo, já que o processo de seleção envolve custos altos, bem como o
desligamento de um profissional.
Olhando dessa forma, usar um emprego como "trampolim" não é antiético, já que
você está dando uma oportunidade para verificar se gosta daquela atividade, por
exemplo. Agora, assumir o cargo e deixar a empresa "na mão" quando ela mais
precisa pode fazer com que o profissional fique com uma imagem negativa na
empresa.
Suyen indica que o profissional fique um tempo mínimo de seis meses na empresa,
para poder aproveitar o conhecimento que ela pode lhe dar.
Experientes x jovens
De acordo com Suyen, antes de entrar na faculdade, é comum encontrar um emprego
para "tapar um buraco", seja uma vontade de trabalhar, seja a necessidade de
juntar dinheiro. Porém, quando o jovem entra na faculdade, ele tem a vontade de
atuar com aquilo que vê na teoria, nas aulas. Já as pessoas com mais
responsabilidades financeiras e familiares são guiadas pelo salário e, por isso,
topam ocupar uma vaga que não tenha tanta relação com o que gostam. Desta
maneira, um emprego que não tem nada a ver com a área de formação é usado como
"trampolim".
Mas algumas pessoas querem subir em sua área de formação e trabalham em empresas
pequenas para depois ocupar uma vaga naquela sonhada grande companhia. Isso é
bastante comum entre jovens que querem subir na vida profissional e que têm o
respaldo da família quando o assunto é dinheiro.
Na hora de dizer "tchau"
Seja qual for a sua intenção ao ocupar uma vaga no mercado de trabalho, o fato é
que é preciso tomar cuidado quando pedir demissão. "Tem de mostrar que foi uma
boa oportunidade de aprendizado, minimizar contratempos e deixar as portas
abertas", disse Suyen.
Além disso, por mais que tenha em mente que vai ficar pouco tempo na empresa, dê
sempre o seu melhor, para não deixar impressões negativas para trás.