Seguro prestamista leva a pequena elevação do custo do empréstimo, mas deixa o
tomador preparado para eventualidades
Quando acionado, o seguro quita, imediatamente, parcelas pendentes de créditos
Ao financiar o pagamento de um imóvel em 15 anos, por exemplo, é preciso, ter
garantias de que as parcelas serão quitadas mensalmente sob o risco de perder o
bem. Antes de assinar o contrato para tomar o empréstimo do banco, é necessário
saber que se trata de um compromisso de longo prazo que precisará ser cumprido
independentemente das condições financeiras atuais ou futuras da família.
Em geral, o banco só vai liberar um empréstimo para pessoas que comprovarem
capacidade de pagamento. O problema é quando, no meio do caminho, alguma coisa
acontece e impede que esse mesmo indivíduo possa arcar com as dívidas. A
pesquisa semestral realizada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) sobre
o perfil do inadimplente mostra que o desemprego é a principal razão para alguém
deixar de pagar suas dívidas. A situação pode se tornar ainda mais complicada em
caso de invalidez ou morte do chefe da família.
Uma maneira de garantir o bem estar financeiro das pessoas mais próximas
quando em uma situação de morte ou invalidez permanente, acidental ou por
doença, é contratar um seguro prestamista. A pessoa que tomou a precaução de
contratá-lo poderá acioná-lo na ocasião desse tipo de eventualidade e terá
quitada toda sua dívida imediatamente. Dessa forma, a possibilidade de ver a
casa onde vive ou o carro que dirige retomado pelo banco é nula. Caso opte por
não contratar o seguro, entretanto, o que resta da dívida poderá ser passado a
herdeiros, por exemplo.
Além de ser interessante para indivíduos cautelosos que tomam empréstimos,
esse tipo de seguro também garante ao banco que concedeu o crédito o pagamento
de todas as parcelas da dívida. A taxa do pagamento do seguro é embutida nas
parcelas do financiamento a cada mês. A porcentagem do seguro fica cada vez
menor, pois o saldo devedor do consumidor também diminui. Em média, a
porcentagem do valor de um seguro prestamista fica em torno dos 0,03% ao mês.
Segundo números do site Tudo sobre Seguros, iniciativa da Escola Nacional de
Seguros, o seguro prestamista custa em torno de 3% do valor pago pelo bem. Pode
parecer um grande acréscimo nas parcelas do crédito, mas como os riscos da
inadimplência são menores, os bancos muitas vezes também cobram menos juros do
tomador que contrata o seguro - diluindo parte desse custo.
Para as financeiras, o seguro prestamista é uma garantia de repasse de dívida, o
que pode tornar as condições de pagamento mais flexíveis para o consumidor no
momento de negociar os termos do contrato. Os clientes, por sua vez, podem ter
maiores e melhores opções de pagamento, explica André Massaro, especialista em
finanças pessoais do MoneyFit. Ele ainda enfatiza que, o ideal é nunca contrair
uma dívida, mas caso seja inevitável, a melhor estratégia é garantir os
pagamentos de todas as parcelas envolvidas.
Tipos de cobertura
O seguro prestamista inicialmente tinha como principal objetivo cobrir casos
de sinistro, como morte e invalidez. No entanto, outras eventualidades também
podem ser cobertas, como o desemprego involuntário ou a perda de renda do
autônomo, por exemplo.
As taxas dessa modalidade de cobertura, porém, são muito maiores, esclarece
Henrique Berardinelli, superintendente da Escola Nacional de Seguros. Ele afirma
que essa é uma opção interessante para os trabalhadores autônomos, que têm mais
chances de perder renda temporariamente.
Outra variação do seguro prestamista é o que cobre eventuais sinistros de
marido e esposa. Caso haja problema com qualquer uma das duas partes, o seguro
cobrirá a dívida. A modalidade é especialmente interessante para quem depende da
renda total da família para arcar com o custo do empréstimo.
Existem ainda duas formas de pagamento para os beneficiários. O seguro pode
cobrir o saldo devedor - ou o que resta da dívida. E também pode cobrir o valor
total inicialmente emprestado. "Supondo que o capital segurado seja o valor
total do empréstimo, em caso de sinistro a seguradora quita a dívida e ainda
repassa a diferença ao beneficiário da apólice", esclarece Almir Ribeiro,
superintendente atuarial da Marítima Seguros.