Você está à procura de um emprego há tempos, mas não consegue nada? Pior do
que isso: raramente passa da primeira entrevista? Certamente, algo está errado.
Para a consultora de Carreira da Career Center, Adriana Neglia, "inúmeras coisas
podem estar erradas". Segundo ela, a primeira entrevista é fundamental e o
candidato deve se atentar à forma como se veste e se comunica. Ele precisa
analisar, por exemplo, se consegue ou não passar segurança.
"A apresentação pessoal, de forma geral, deve ser bem cuidada. O cabelo deve
estar limpo e as unhas cortadas. Para as mulheres, a maquiagem precisa ser
leve", ressalta.
Outro item importante é a postura na hora de argumentar. É importante saber se
gesticular. "Há pessoas que invadem o espaço do entrevistador, ficam mexendo em
algum objeto da mesa do entrevistador. Outros não prestam atenção ao que está
sendo perguntado. Existem ainda aqueles cuja ansiedade é tamanha que ficam a
todo o momento interrompendo o representante da empresa", exemplifica Adriana.
Cuide do emocional
Não faltam situações que deixam entrevistadores de cabelo em pé. Às vezes, o
candidato foi recentemente demitido e, magoado, despeja sua frustração no
entrevistador, a ponto de admitir pontos negativos que não deveriam nunca ser
ditos em uma primeira entrevista. "Há quem deixe os olhos lacrimejar, ou até
mesmo chore", lembra a especialista.
Ela avisa que é de suma importância falar de forma tranquila, de maneira a
passar segurança. "Às vezes, não é muito o que se fala que conta mais, e sim a
forma como se fala. Por isso, esteja preparado para falar dos principais
resultados obtidos em empregos anteriores, revele sua capacidade de entrega e
competência. As empresas contratam pessoas que ela acreditam que trarão
resultados de imediato. Esse negócio de dar resultados depois de três ou quatro
meses de contratado não existe mais".
Seja humilde
Na ânsia de mostrar o quanto são boas no que fazem, muitas pessoas cometem
suicídio profissional: se mostram arrogantes. É importante ser autoconfiante,
mas mais importante ainda é ser equilibrado. E a humildade é uma característica
que todos prezam, desde que não em excesso. "Nem muito humilde nem arrogante: a
virtude está em ficar no meio", aconselha.
Além disso, é necessário estar pronto para falar dos pontos fracos. A consultora
alerta que algumas pessoas se supervalorizam, sendo capazes de passar 40 minutos
falando de seus pontos positivos e um minuto dos negativos. Ela explica que o
problema não é ter defeitos, e sim não reconhecer suas fraquezas. "O que a
empresa quer saber é se você tem consciência de seus pontos fracos e como
trabalha eles".
Você sabe o que quer?
Outra dica fundamental: via de regra, as empresas gostam dos profissionais que
sabem o que querem. Portanto, mostre foco, direcionamento, conte seus objetivos
profissionais. É provável que o entrevistador questione quais são suas metas no
curto e no médio prazo. Esteja pronto para responder. É lógico que este não
passa de um exercício de autoconhecimento, que exige maturidade. Por isso,
reflita e se prepare!
Nesse ponto, tenha cuidado para não dizer ao gerente da área na qual pretende
trabalhar que, daqui a quatro ou cinco anos, você pretende estar ocupando a
gerência. Naturalmente, ele irá pensar: "esse cara está pensando em tomar meu
lugar?". O ideal é falar, por exemplo, que, dentro de alguns anos, espera estar
em um cargo mais estratégico, para que possa agregar mais à empresa. O segredo
está no jeito de falar.
Esteja ciente ainda daquilo que faz melhor. Não passe a mensagem ao
entrevistador de que "serve para qualquer coisa", por mais ansioso que esteja
para conseguir um emprego, recomenda Adriana.
Ele quer saber minha pretensão salarial. E agora?
Alguns perguntam logo na primeira entrevista, outros deixam para a segunda. De
qualquer maneira, saiba que você vai ouvir a temida pergunta: "Qual a sua
pretensão salarial". É verdade que, dependendo da resposta, a porte logo será
fechada para você. Não dá para chutar alto, ou dizer o quanto realmente quer
ganhar. Por outro lado, também não é possível chutar muito baixo, o que poderia
plantar no entrevistador a ideia de que você não é tão "valioso"
profissionalmente falando. "É importante se valorizar para não dar a impressão
de que aceita qualquer quantia".
Uma sugestão de Adriana é relatar o quanto ganhava no último emprego, ou no
atual, e deixar uma abertura para negociação, citando ainda o quanto o mercado
está pagando. Mas somente faça isso após realizar uma pesquisa de salários. Não
fique tentando acertar sem saber!
Não se alongue, mas também não seja monossilábico. Demonstre seu interesse em
receber um salário maior do que o último, ou o atual, para que possa dar
condições melhores de vida à família, ou que realizar o sonho de comprar a casa
própria, por exemplo. Mas mostre flexibilidade.
O quanto você quer esse emprego?
Por fim, demonstre interesse pela empresa e pela posição desejada. Revele, na
entrevista, que conhece bem o mercado, e também a organização, de forma que sabe
como ela está posicionada no mercado. Faça seu marketing pessoal. A grande
diferença entre os que passam da primeira entrevista e os que não passam é que
os primeiros conseguiram deixar uma boa imagem de si próprios.