Muitas lideranças se opõem às críticas feitas por funcionários. O motivo
provável é a dificuldade em separar o pessoal do profissional, de acordo com o
autor do livro "Manual do Empreendedor", publicado pela Editora Atlas, Jerônimo
Mendes.
"O problema é que há cada vez menos espaço para líderes com perfis autoritários,
principalmente com a chegada da geração Y [nascidos após 1979] no
mercado. A geração Y é mais questionadora. Porém, não raro, diante de uma
reclamação, os chefes pensam: o que esse cara está pensando?", conta o
especialista em carreira.
Por que aceitar críticas?
De acordo com Mendes, se o profissional ou empresário que recebe críticas souber
ouvir seus funcionários, sem levá-las para o lado pessoal e de forma madura,
consegue fazer do "limão uma limonada". O resultado é que os processos na
empresa são melhorados, assim como o relacionamento com a equipe.
Do contrário, ao ignorar as reclamações, que podem ou não ser produtivas, ele
mina a participação e o envolvimento das pessoas no negócio, desmotiva e cria
"soldadinhos", os quais não agregam valor ou contribuem para a evolução da
empresa no mercado. "Líderes assim não servem para liderar", garante Mendes.
Ele lembra ainda que é preferível um subordinado que diz o que pensa de forma
sincera e leva ao questionamento do que aquele que fala por trás. "O funcionário
que fala por trás faz complô e prejudica o ambiente organizacional. É o caso de
90% daqueles que aceitam tudo". Pior do que isso: o autor lembra que, de forma
repentina, esse profissional insatisfeito pode pedir demissão e dar um susto nos
chefes, que nem imaginavam sua infelicidade no emprego.
"Às vezes, aquele que reclama cumpre o simples papel de correio do povo, já que
foi o único que teve a coragem de denunciar uma situação que, na realidade, é a
agonia do grupo como um todo. Por isso, é importante que as pessoas se unam e
resolvam. As organizações têm mais chances de crescer quando possuem
funcionários com senso crítico", finaliza.