Uma especialização, mestrado, doutorado, um curso de línguas ou até um
tratamento médico podem ser um dos motivos que impulsionam um colaborador a
pedir a alteração do seu horário de expediente. Diante deste cenário, surge a
dúvida: quando é permitida a troca no horário de trabalho?
Para o sócio consultor da Transearch Brasil, Ruy Philip, o funcionário pode
alterar o seu horário de expediente se isso não afetar o seu desempenho na
empresa.
"É preciso avaliar se o motivo dessa alteração é esporádico ou definitivo, por
exemplo se o colaborador precisa ir à fisioterapia na parte da manhã. Neste
caso, a mudança irá durar todo o período do tratamento. Outra questão que
precisa ser avaliada é a área em que o funcionário trabalha. Se a pessoa
trabalha no departamento comercial, o horário comercial deve ser respeitado.
Caso contrário, se não houver prejuízo, a mudança pode ser feita".
Procedimentos
Philip aconselha que o funcionário avise com antecedência ao seu líder a
pretensão de mudar de horário. "O profissional precisa avisar com no mínimo uma
semana de antecedência para que as medidas necessárias referentes à sua mudança
de horário sejam tomadas".
Quando indagado sobre quais procedimentos o profissional deve seguir nos casos
de solicitações de alterações de expediente, Philip afirma que cada empresa tem
as suas regras.
"Cada empresa tem suas políticas e procedimentos. Há empresas que são mais
flexíveis, outras que não são. O funcionário precisa pensar é nos argumentos do
porquê aquilo é importante e se essa alteração no horário não vai afetar o seu
desempenho na empresa".
De acordo com o advogado trabalhista do Edgard Leite Advogados, Marcel de
Lacerda Bôrro, o horário de trabalho de um funcionário é estabelecido entre o
contrato individual de trabalho e a convenção coletiva da categoria. Caso o
colaborador queira alterar esse horário é aconselhável que ele faça essa
alteração por escrito ao seu superior hierárquico.
Como decidir?
Na opinião de Philip, o gestor, antes de autorizar a mudança de horário, precisa
analisar vários aspectos.
"É importante que o gestor converse com o chefe e com o departamento de Recursos
Humanos para que seja uma decisão tomada em conjunto. Nestes casos, o líder
precisa analisar as políticas da empresa, o tempo que o funcionário trabalha na
instituição, se esse é um bom funcionário e se esse fato não vai desmotivar a
equipe. Se for por uma causa nobre, a alteração não desmotivará a equipe".
Borrô destaca também que o gestor deve averiguar as necessidades da empresa, os
supostos prejuízos à instituição e ao trabalhador, além das normas coletivas de
trabalho e das previsões legais.
Riscos
Segundo Philip, ao rejeitar um pedido de mudança de horário, o gestor corre o
risco de perder o seu funcionário.
"Ao rejeitar o pedido, o funcionário pode querer ir embora. Por isso, é
fundamental avaliar a importância dele dentro da empresa, o cargo que ocupa. Por
outro lado, se você aceitar a mudança de horário e não conversar com os demais
membros da equipe, pode ocorrer uma desmotivação".
Para evitar conflitos na equipe, Philip recomenda que o gestor seja transparente
com a sua equipe. "Antes que a decisão seja tomada, a sugestão é fazer uma
reunião com a equipe e averiguar a opinião das pessoas acerca do assunto. Dessa
forma, a equipe fica mais motivada, porque participa das decisões do
departamento", finaliza.