Saber onde colocar o dinheiro para formar uma reserva de emergência é
fundamental, para que ela não o deixe na mão quando você mais precisar. E, de
acordo com especialistas, a palavra de ordem na escolha do investimento com esta
finalidade é a liquidez.
De acordo com o professor de Finanças da Fiap, Marcos Crivelaro, é preciso
colocar o dinheiro em uma modalidade que ofereça facilidade de resgate, como,
por exemplo, a poupança, um fundo de renda fixa ou DI.
O educador financeiro Álvaro Modernell concorda: “Geralmente a poupança é a mais
indicada, ainda que renda pouco, ou o Tesouro Direto. Ações não, porque oscilam
muito. Se você precisar do dinheiro na baixa, pode perder no resgate”.
Quanto juntar?
A reserva de emergência deve ter um montante dependendo do vínculo empregatício
da pessoa, segundo Crivelaro. Ele indica o volume de dois salários para
profissionais assalariados – que contam com seguro-desemprego – e de quatro
vezes o salário, no caso de profissionais autônomos - que têm oscilação nos
ganhos, por conta de sazonalidades.
Já Modernell indica o montante entre três e seis vezes o valor das despesas
mensais. “Este é o valor ideal, mas poucos conseguem. Não é por isso que não vai
tentar. Tem de tentar juntar pelo menos uma vez o salário”, afirmou.
E o prazo para isso pode ser longo. Isso porque, de acordo com os especialistas,
a média que a população brasileira consegue guardar é de 10% a 20% do salário
mensal. E são poucos os que chegam a isso.
“Obviamente que na cultura brasileira praticamente não sobra dinheiro, falta ou
fica no zero a zero. Quem tem sobra não vai para a reserva de emergência.
Reserva para uma finalidade, como comprar imóvel, carro, TV, computador”,
afirmou Crivelaro, sobre a dificuldade de se guardar dinheiro sem um objetivo.
Função
A reserva de emergência deve ser usada para situações que envolvem doença e
vida e itens que não são previsíveis, como multas. “A ideia é a pessoa emprestar
para ela mesma, mas a juro zero”, disse Crivelaro.
Segundo Modernell, a reserva é importante porque traz tranquilidade e evita
despesas adicionais ou o fato de a pessoa ter de recorrer a recursos de
terceiros para fechar as contas. E, normalmente, isso é feito com o cheque
especial e o cartão de crédito, modalidades que podem sair caro.
Mas a reserva também está relacionada com algo positivo. “Ela pode ser usada
para aproveitar oportunidades: um pacote de férias de uma semana barato e que
tem de se pagar à vista ou ofertas de sites de compras coletivas”.
Risco
De acordo com Modernell, a reserva de emergência deve ser o primeiro fundo a
ser formado por uma pessoa, o qual deve ser reforçado com o décimo terceiro e a
restituição do Imposto de Renda.
O importante, neste caso, é não confundir esse dinheiro com o da aposentadoria,
por exemplo.
“São coisas bastante diferentes. É importante ter essa consciência. Na reserva,
o atributo é a liquidez. Na previdência privada, é rentabilidade em longo
prazo”, disse.