Há na vida uma coisa em que nunca se deve pensar, e
outra da qual nunca se deve esquecer. Nunca se deve pensar na morte.
Apesar de líquida e certa, ela não tem data marcada para acontecer. Ademais,
ninguém vai de véspera, não é mesmo? Agora, uma coisa na qual vale a pena pensar
desde sempre, é em sua aposentadoria. Como planejar-se financeiramente
para poder curtir essa que deveria ser a fase mais agradável da sua vida? Se
você contar com a vontade de Deus a seu favor, e fizer um bom planejamento
financeiro, talvez consiga trocar a lida diária por uma boa
sombra–e–água–fresca, quem sabe uma sombra de coqueiro, na praia, com aquela
água de coco geladinha, embalado pelo suave sopro da brisa do mar...
Chega a ser onírico, mas esse
cenário não está fora das suas possibilidades se você começar a investir todos
os meses um certo dinheirinho em um bom plano de previdência privada. Tem
muita gente que já adotou essa providência, ou melhor, essa previdência.
A captação da previdência complementar no Brasil cresceu quase 4% no ano
passado, chegando ao patamar de R$20 bilhões investidos só em 2005. Vem
crescendo especialmente a quantidade de brasileiros ainda jovens que começam a
se preocupar com uma aposentadoria tranqüila. E é justamente para isso que pode
servir o investimento em um bom plano de previdência privada.
Quanto antes você começar,
tanto melhor. Digamos que você queira receber uma pensão de R$3 mil por mês a
partir da idade de 60 anos. Se você começar a investir em um plano de
previdência aos 20 anos, assim que iniciar sua carreira, bastarão R$275,00 por
mês. Se começar aos 30, você já precisará de quase o dobro, ou R$545,00.
Deixando para começar somente aos 40 anos, prepare-se para desembolsar todo mês
R$1.185,00. E, por fim, esperando para começar seu plano aos lá pelos 50, o
investimento mensal terá que ser de R$3.340,00. Pode escolher: pelo mesmo
benefício de uma pensão vitalícia de R$3 mil por mês, pague R$275,00 ou
R$3.340,00 mensais. Parece pegadinha, mas é só a matemática financeira ajudando
você a levar a vida numa boa, não apenas na flauta, mas na ponta do
lápis!
MÃOS À
OBRA, FUTURO APOSENTADO!
Se der preguiça de pensar no
assunto, você terá que achar um jeito de se auto-motivar. Que tal pensar em um
bando de idosos sofrendo naquelas filas horrorosas do INSS, e você bem lá no
meio deles? Logo-logo você achará ânimo para planejar-se financeiramente e assim
tentar “incluir-se fora dessa”... Saiba que um bom planejamento de
aposentadoria, começa em casa, e não na agência do banco. Antes mesmo de
procurar seu gerente, você deve primeiramente fazer um levantamento de quanto
seria necessário, em valores de hoje, para que você pudesse ter uma vida digna
de aposentado. Isso, pensando bem lá no futuro, já como aposentado.
Na sua opinião, quanto seria
suficiente para você ter uma vida digna na sua aposentadoria? Eu sei que se
trata de um difícil exercício de futurologia, mas você não deve simplesmente
“chutar” um número qualquer. Convém fazer a conta na ponta do lápis, mesmo.
Pegue folhas de papel e um lápis com ponta afiada para anotar todos os prováveis
gastos que você estima que terá na aposentadoria, o que nós chamamos aqui
de fazer o orçamento estimado do aposentado. Procure não deixar nada
importante de fora. E então, concluído esse exercício, estará determinado o
valor que você deverá informar à empresa de previdência privada, como sendo
aquilo que você deseja receber no futuro, ou seja, sua pensão-alvo.
Se quiser descontar daí o valor
que você poderá vir a receber de uma eventual pensão do INSS, tudo bem, só não
seja muito otimista. Com base nesse valor de aposentadoria almejado, a
administradora do plano de previdência privada então fará os cálculos
necessários de quanto você deve depositar todos os meses desde já para que você
consiga chegar nesse valor desejado de benefício de aposentadoria. Para fazer
esses cálculos, serão importantes dois outros fatores: a idade que você tem no
momento em que começar a contribuir para o seu plano de previdência, e a idade
com a qual você desejará aposentar-se.
QUE É BOM,
É... MAS PARA QUANDO?
Quem deve determinar a idade de
aposentar-se é você mesmo, mais ninguém. Esqueça aquele critério do INSS que
estipula as idades X, Y ou Z. Também não está valendo simplesmente “chutar” uma
idade, como 60 ou 65 anos. Quem disse que isso é adequado para o seu caso? Até
quando você conseguirá trabalhar e gerar renda? A definição da idade-alvo
para começar a receber seu benefício, deve levar em conta seu histórico familiar
e pessoal de saúde e uma projeção realista da sua carreira. Só assim será
possível estimar a verdadeira idade a partir da qual você precisará de
fato receber uma pensão mensal para pagar suas contas.
Quando atingir a idade-alvo da
sua aposentadoria, não quer dizer que você tenha necessariamente de parar de
trabalhar. Eu, por exemplo, tendo saúde e tendo o que fazer, quero seguir
adiante na lida diária até a véspera! Agora, nem por isso eu deixo de fazer
planejamento financeiro para que, a partir de uma determinada idade-alvo (que no
meu caso estipulei como 60 anos), eu e minha mulher possamos receber nossa
pensão-alvo, ou seja, um determinado valor que nós já calculamos como sendo
suficiente para bancar nossas despesas de aposentados. Se der para continuar
trabalhando, tudo bem, vai entrar mais dinheiro. Mas nós não vamos esquentar a
cabeça à toa, porque as contas já estarão garantidas. Aposentadoria
financeira é isso aí: a partir da idade-alvo planejada, você fica
desobrigado de ter que trabalhar para pagar suas contas e poder sobreviver.
ESCOLHENDO
SEU PLANO DE PREVIDÊNCIA
Se você já fez a lição de casa
de definir a idade-alvo para a sua aposentadoria, e também a
pensão-alvo que deseja receber a partir daí, então está na hora de dar uma
passadinha no banco. Aliás, a rigor, plano de previdência quem oferece não é
banco, mas seguradora, que pode ou não fazer parte do grupo
financeiro de um grande banco, ou pode bem ser uma empresa independente, não
necessariamente a seguradora do seu banco. Para selecionar uma boa empresa de
previdência e um bom plano, é preciso ficar atento.
Primeiramente, leve em conta o
tamanho da instituição financeira, a sua tradição no mercado e a
sua imagem perante os investidores. Os maiores nem sempre são os
melhores, mas costuma haver, sim, uma correlação positiva entre tamanho e
respeito ao que foi acordado com o cliente. Outro fator importante para ser
avaliado, é a taxa de carregamento do plano: há empresas que dão uma
“mordidinha” em cada depósito que você faz no plano. Melhor é que essa
“mordidinha” não exista, apesar de ela ser contratual e 100% legal, ou pelo
menos que seja bem pequena.
Outro aspecto relevante é a
taxa de administração. É justo que a empresa cobre para administrar seu
plano, mas... quanto menor a taxa, melhor para você, é lógico. E, por fim, fique
ligado na rentabilidade história do plano. Observe e compare os ganhos
nos últimos 3 anos, avaliando vários planos de uma mesma categoria, e dê
preferência ao mais rentável. Não é garantia de bom desempenho futuro, mas
sempre ajuda.