A adolescência traz consigo muita descoberta, a autopercepção aumenta a cada
dia e a vida social torna-se cada vez mais independente. Uma fase onde também as
questões ligadas ao universo financeiro costumam “incendiar” a relação entre
pais e filhos! Nessa fase, o grupo de amigos passa a ter um papel central na
vida dos jovens e isso fica claro nas famosas frases tão comuns nessa idade:
- “Todos meus amigos trocaram o celular, menos eu”
- ”Preciso muito de uma roupa nova para sair com a turma”
- “Os pais de fulano dão dinheiro para ele toda semana”
Na convivência com os amigos, os adolescentes, entre muitas descobertas, têm
a oportunidade de ver a vida sob dois aspectos: os ensinamentos recebidos em sua
casa e o modo como seus amigos vivem. Esse confronto contribui para a formação
da própria identidade.
Susanna Stuart, autora do livro “Ensine seu Filho a Cuidar
do Dinheiro” (Editora Gente) e consultora financeira, recomenda muita atenção
dos pais nessa fase, pois em termos de construção de boas estratégias
financeiras, a influência dos amigos pode, às vezes, comprometer as boas
atitudes financeiras que seu filho (a) costumava ter:
“Em busca de aceitação, os jovens adotarão alguns comportamentos
financeiros que podem moldar significativamente a forma como lidarão com o
dinheiro por toda a vida. O papel dos pais é ajudá-los a escolher hábitos
positivos”
Conflito na medida certa contribui para o amadurecimento
O desejo de aceitação pela turma é mais significativo nessa fase e isso
leva os adolescentes a entrarem em conflitos pessoais: ”o que penso e o que
meus amigos querem que eu pense”. As questões relativas ao dinheiro também
fazem parte dessas pressões: “o que tenho e o que meus amigos esperam que eu
tenha”. Os jovens viverão várias situações envolvendo escolhas nem sempre
simples e confortáveis.
Porém, todos os conflitos vivenciados nessa fase contribuirão para o
amadurecimento. Nesses momentos, a parceria dos pais contribuirá para a formação
de um adulto mais equilibrado e consciente. Os pais devem estar atentos às
atitudes de seus filhos, procurando estabelecer um diálogo aberto e próximo. A
base para que isso aconteça satisfatoriamente é a relação de confiança
construída a cada dia.
Especialistas da área de educação financeira recomendam um olhar especial a
dois aspectos:
- Desejo de comprar marcas caras: usar aquela calça jeans
com aquela etiqueta famosa é “tudo” para muitos jovens. Através desse
símbolo, o jovem se sente aceito pelo grupo. O caminho das etiquetas
torna-se um passaporte fácil para novas amizades. Hora de questionar o
verdadeiro sentido dessa palavra;
- Pressão para gastar mais dinheiro: às vezes não basta
usar roupas e objetos de marca. O jovem sente que precisa acompanhar o
padrão de consumo de seus amigos, seja nas baladas, no shopping ou
em lan houses. Com isso, a mesada some e as economias também! A
pressão que a turma exerce é um fato que deve ser encarado com naturalidade,
devendo ser monitorada. O problema é quando essa pressão é excessiva e
começa a comprometer o desempenho escolar e o relacionamento dentro de casa.
O que fazer quando ter passa a valer mais que o ser? A
solução passa pela elevação da autoestima e busca por interesses diferentes,
como o esporte e a música. Os pais precisam se envolver mais no universo do
filho, conhecer seus amigos e trazê-los para seu ambiente familiar. Assim serão
capazes de saber como o filho se encaixa naquele grupo. Conversar e mostrar
interesse por suas atividades.
Outra informação importante é que pesquisas afirmam que em grupos
heterogêneos, as pressões são muito menores e o respeito à individualidade é
muito forte. Logo, o estímulo a novas amizades e idas a locais diferentes dos
habituais podem ajudar nesse sentido.
A importância da autoestima
A mensagem em relação às questões financeiras é cuidar para que seu
filho não utilize o dinheiro para pertencer ao grupo ou para impressionar os
amigos. Os problemas são ligadas ao dinheiro, mas o alerta é em relação à
autoestima desse jovem. Ter um grupo de amigos é fundamental para o
desenvolvimento social, psicológico e afetivo de todos, adolescentes e adultos.
Mas, como toda questão tem dois lados, às vezes alguns amigos podem marcar
negativamente a adolescência.
Quando um adolescente possui uma boa autoestima é capaz de passar pelas
situações com mais tranqüilidade. Estes não levarão, por exemplo, a questão das
grifes famosas muito a sério! Compreenderão melhor as questões ligadas ao
dinheiro e buscarão qualidade de vida e amizades sinceras.
Uma dica: Esse artigo foi baseado no livro “Ensine seu Filho
a Cuidar do Dinheiro” (Editora Gente), de Susanna Stuart. Um livro interessante
que aborda comportamento e atitudes para desenvolver a inteligência financeira
de crianças e adolescentes. Se você procura algo nesta linha, recomendo a
leitura. Até a próxima.