Consumidor - Veja como passar de impulsivo a consciente nas compras
De acordo com o Instituto Akatu, ao contrário do que se imagina, consumir não
está ligado simplesmente ao ato de comprar, que é apenas uma das seis etapas do
consumo. Antes dela, é preciso decidir o que consumir, por que consumir, como
consumir e de quem consumir. Depois, há ainda o uso e o descarte daquilo que foi
adquirido.
Em outras palavras, ao consumir, é necessário buscar o equilíbrio entre sua
satisfação pessoal e o impacto que suas escolhas gerarão ao seu bolso e à sua
volta, tendo no consumo um instrumento de bem-estar para si mesmo, para a
natureza e a sociedade.
Teoria x Prática
Na teoria, como em boa parte das situações, tudo é muito bonito e fácil,
contudo, na prática, a coisa se complica. Segundo a psicanalista e consultora de
gestão psicoeconômica, Vera Rita de Mello Ferreira, atualmente, os apelos para
se comprar são muitos e cada vez mais eficientes.
Além disso, problemas no trabalho, um namoro ou casamento desgastado, a
impossibilidade de realizar um grande sonho e até mesmo o fato de morar perto de
shoppings ou ter amigos que compram muito podem ser motivos para ir às compras.
"O ato de ir às compras se torna uma fonte de prazer, uma válvula de escape. E
aí a pessoa utiliza várias desculpas para comprar: por que é uma liquidação, o
dinheiro está sobrando, ela estava triste, estava feliz... O fato é que ela
compra por impulso e sem necessidade, e muitas vezes, a consequência disso são
dívidas e até problemas familiares", diz a especialista.
O que fazer?
Para evitar as situações descritas acima e se tornar um consumidor consciente,
veja abaixo algumas dicas. Contudo, alerta, Vera Rita, será necessário, além de
disciplina, uma dose extra de paciência e boa vontade:
- Não saia de casa com cheque ou cartão de crédito. Eles estimulam o gasto
e criam a falsa impressão de se ter muito dinheiro;
- Mantenha somente uma pequena quantia de dinheiro na carteira;
- Quando a tentação surgir, resista. Não compre na hora. Deixe para o dia
seguinte; a vontade, geralmente, passa;
- Arrume o armário com frequência. Provavelmente, você verá que tem mais
do que precisa, além de achar muitas coisas que não utiliza mais;
- Comprou durante o dia? Anote durante a noite. Dessa forma, você tomará
consciência dos seus gastos e perceberá se compra por necessidade ou por
prazer;
- Peça ajuda a alguém de confiança para ajudar a controlar o orçamento.
Mas escolha com cuidado, para não se sentir controlado e causar o efeito
contrário;
- Mobilize amigos e familiares. Quando tiver vontade de comprar, combine
um programa e desvie sua atenção para outros afazeres
- Busque atividades que lhe deem prazer.
Pense no próximo
Para se tornar um consumidor consciente, pensar no próprio bolso não basta.
Segundo o Instituto Akatu, também é necessário refletir sobre tudo o que cerca e
gera o seu consumo. Por isso, evite adquirir produtos piratas, peça sempre nota
fiscal e opte por empresas que se preocupam com o ambiente e o desenvolvimento
social.
Além disso, sempre que possível, dê uma forcinha ao comércio local, às
mercadorias artesanais, feitas com produtos reciclados ou por comunidades
tradicionais.
Por fim, pense também na embalagem do que está levando, prefira as duradouras ou
mais simples e que possam ser reutilizadas, pois, ainda segundo o Instituto, a
maior parte do lixo produzido no Brasil é formada por embalagens, o que gera
impactos ambientais e aumenta os gastos públicos.
Fique atento
Nem sempre a pessoa que compra muito e sem planejamento é apenas um comprador
impulsivo. De acordo com Vera Rita, muitas vezes, a pessoa nem sabe o que quer
ou precisa, mas a vontade é tão grande e persistente, que o item a ser adquirido
é o que menos importa, além de gerar uma forte angústia e sentimento de culpa.
Neste caso, ela pode estar acometida pelo que os psicanalistas chamam de Compra
Compulsiva, uma patologia, caracterizada, entre outras coisas, por um desejo
irresistível de comprar. Diferentemente do impulsivo, que tem uma vontade
momentânea, o compulsivo tem uma tensão crescente, que só passa após a aquisição
de alguma coisa. É uma espécie de vício, que, em grande parte das vezes, a
pessoa esconde.
A doença atinge todas as classes sociais e, segundo o estudo, ainda não existe
um tratamento padrão. A avaliação é feita pelo psiquiatra para determinar o tipo
de tratamento mais indicado, que geralmente envolve psicoterapia e uso de
medicamentos.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Gladys Ferraz Magalhães
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