A principal causa das dívidas é bem simples: o brasileiro gasta além do que
ganha. Mas por que isso acontece?
A falta de educação financeira pode ser uma das respostas. No entanto, as
facilidades na hora da compra, principalmente por conta do crédito facilitado,
podem ser consideradas uma das causas do endividamento.
Neuromarketing
De acordo com o membro do Centro de Estudos dos Processos de Decisão e
Neuroeconomia da EESP (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio
Vargas), professor Marcos Fernandes, o neuromarketing poderia ser uma ferramenta
para tornar o consumo mais consciente e fazer do crédito um aliado do orçamento
e do planejamento financeiro.
Mas, o que é neuromarketing? Entre as diversas explicações, o neuromarketing
pode ser classificado como uma ciência que estuda neurologicamente o estado
cerebral de uma pessoa, quando exposta a mensagens relacionadas com experiências
de consumo, tornando possível a identificação das zonas do cérebro estimuladas.
Para as empresas, uma das vantagens do neuromarketing está na possibilidade de
descobrir que sentimento uma campanha de marketing desperta nos potenciais
consumidores.
Mas, como essa ciência poderia ajudar os consumidores? De acordo com o professor
Fernandes, apesar de não ser fácil, esta ciência poderia ajudar a identificar o
seu comportamento com relação ao consumo. "Serviria para dar informações mais
detalhadas sobre o perfil do tomador de empréstimo, por exemplo".
Para Fernandes, em posse dessas informações, seria possível identificar um
consumidor compulsivo, por exemplo. "Para essas pessoas, será interessante
pensar em cartões mais limitados", defende. "Às vezes é melhor limitar o consumo
das pessoas, senão vão à falência", completa o professor, que defende
regulamentação governamental sobre o processo de concessão de crédito e cartões
para pessoas que tem propensão ao consumo compulsivo.
Polêmicas e futuro
Mesmo defensor da prática, o especialista admite que a utilização dessas
informações para este fim esbarra em questões legais e morais, além de baterem
de frente com os interesses das empresas. "As empresas não têm interesse, pois
querem vender", explica.
Diante, diante de um quadro de consumo excessivo e alto nível de inadimplência e
endividamento, Fernandes acredita que o assunto será pauta muito em breve. "Hoje
não se fala muito sobre isso, mas no futuro a gente vai discutir muita
legislação sobre o tema", finaliza.