Investimentos / Fundos - Quer ganhar mais? Confira o que você precisa saber antes de começar a investir
Comprar uma casa, trocar de carro, juntar dinheiro para a faculdade, se
aposentar, cultivar uma reserva para eventuais emergências na família, planejar
a viagem dos sonhos. Muitos são os motivos que levam as pessoas a pensarem em
investir seu dinheiro.
No entanto, antes de elas se aventurarem, é importante que conheçam algumas
premissas que podem não só evitar o fracasso do investimento, mas também levar
ao alcance dos objetivos.
Primeiros passos
Na opinião do professor da PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo), Antonio Corrêa de Lacerda, doutor em Ciência Econômica pela Unicamp,
antes de começar a investir, é essencial se informar sobre as possibilidades de
investimento, e os riscos atrelados a cada uma delas.
"É preciso conhecer minimamente o assunto. Para tanto, existem sites
especializados, revistas e uma infinidade de livros. Mesmo depois de ter
investido, o acompanhamento do noticiário no dia-a-dia deve ser constante, para
um eventual reposicionamento". Segundo ele, a dica parece óbvia, mas é comum as
pessoas acabarem não fazendo a lição de casa.
Com risco ou sem? Tudo depende do prazo!
Já para o economista e professor de Finanças da FIA/USP (Fundação Instituto de
Administração), Caio Torralvo, em primeiro lugar, o investidor deve ter certeza
de quais são seus objetivos. Essa informação é importante, porque determina
quanto tempo ele pode ficar sem o dinheiro.
"Em alguns casos, a ideia pode não ser ganhar muito, mas apenas não deixar os
recursos parados, podendo contar com algum ganho no final. É importante ainda
investir certa quantia de forma conservadora, para o caso de alguém da família
ficar doente, por exemplo", afirma Torralvo.
O motivo é que aplicações arriscadas ora rendem muito, ora pouco. É capaz de
alguém que investiu R$ 1 mil se deparar um dia com um total de R$ 1,2 mil e, no
dia seguinte, com R$ 450. Supondo que ocorra uma emergência e esse investidor
resgate o dinheiro, em um momento de baixa, ele pode sair perdendo, e muito! Por
outro lado, se puder esperar alguns anos, pode ganhar duas vezes o que investiu,
por exemplo.
"É preciso ter muito claro até quando o dinheiro poderá ficar rendendo, antes de
tudo. Assim, mesmo que o mercado passe por uma crise e a rentabilidade sofra
queda brusca, quem optou por investimentos arriscados não terá motivo para se
desesperar. Basta esperar a recuperação do mercado", alerta Torralvo, que também
atua como consultor financeiro.
Respeite seu perfil!
Lacerda ainda chama a atenção para a questão do risco, e lembra que cada pessoa
tem um perfil. Enquanto uns são mais agressivos e gostam de apostar, outros são
mais conservadores e odiariam perder dinheiro. Há ainda aqueles que ficam no
meio termo, que não gostam de arriscar muito, porém, ao mesmo tempo, são
ambiciosos.
Uma vez analisado o perfil do investidor, chegou a hora de verificar quanto ele
dispõe para investir. "Se conta com pouco dinheiro e seu objetivo é ganhar no
curto prazo, o melhor é optar por uma aplicação conservadora, como um fundo de
renda fixa ou a caderneta de poupança. Agora, quem planeja resgatar o dinheiro
em três anos pode pensar em aplicações com tempo médio de retorno maior, como as
ações", aconselha o professor da PUC/SP, que lembra ainda da importância de
diversificar as aplicações, para minimizar os riscos atrelados a elas.
Os tipos de riscos
Caio Torralvo explica que existem dois tipos de riscos que costumam chamar a
atenção do investidor pessoa física. "O primeiro é o risco de mercado. Pode
acontecer de o preço de determinado ativo cair um patamar menor do que o do
momento da compra", explica.
"O outro é o risco de crédito, que está atrelado a cada investimento. Nesse
caso, podemos citar o exemplo de um investidor que tenha aplicado no CDB de um
banco que acabou fechando as portas. Porém, o risco de crédito é menor do que o
de mercado, já que há leis que protegem o investidor", acrescenta.
É recomendável falar com o gerente do banco?
Para Lacerda, é importante não deixar os investimentos nas mãos de uma só
pessoa, como o gerente do banco, e esquecer deles. Acompanhe sempre o rendimento
das aplicações, leia as notícias sobre o mercado, estude e converse com
especialistas, como consultores financeiros. Não que o gerente do banco não seja
confiável, mas o fato é que investir implica riscos.
Torralvo concorda. "O problema não é a figura do gerente, mas ocorre que seu
cargo envolve conflitos de interesse. Gerentes de bancos têm uma série de metas
para bater e precisam vender determinados produtos. Por conta disso, existe o
risco de eles não indicarem o que é necessariamente melhor para o cliente. Eles
podem dizer, por exemplo, que o plano de previdência é melhor para determinado
investidor, quando isso não é verdade".
A dica do professor de finanças é procurar um consultor independente que tenha
uma certificação. "Os consultores certificados precisam seguir um código de
ética rígido, garantindo aos clientes um planejamento financeiro isento de seus
interesses pessoais". Um exemplo é a certificação CFP, do IBCPF (Instituto
Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros), que, de acordo com a
entidade responsável, é adotada em 20 países.
Agora que você já sabe tudo isso, comece a ler mais sobre investimentos e
procure se inteirar do assunto. Pode parecer difícil no começo, já que não está
acostumado com o tema, mas não desista! E bons investimentos!
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