Imóveis - Imóvel sustentável: um bem que se faz ao planeta, sem pesar no orçamento
A sustentabilidade na construção de imóveis parecia um quesito distante dos
consumidores e restrito, por exemplo, aos impactos da construção de usinas
hidrelétricas em áreas florestais.
Porém, hoje isso mudou e muito. Tornar um imóvel sustentável não só é possível,
como também economicamente viável. Muito pode ser feito no cotidiano para
racionalizar o consumo e melhorar a relação com o meio ambiente, sem pesar no
orçamento.
Mesmo diante de um mundo de possibilidades que se abrem para a atitude
sustentável na construção e reforma do imóvel, ainda assim existem pequenos
empecilhos que impedem a difusão dessa proposta.
Entraves ao imóvel sustentável
Para começar, a maioria das pessoas tem a falsa noção de que a construção
sustentável custa caro, o que as leva a não utilizar as soluções existentes.
Além disso, "existe a informalidade, que reduz drasticamente a possibilidade de
políticas públicas sustentáveis", reforça o conselheiro do CBCS (Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável), Vanderley John.
Mesmo que isso não aconteça, destaca John, ainda existem "agentes privados e
públicos mal preparados para a questão". Ou seja, faltam recursos humanos
capacitados para o exercício dessa ideia.
Começando pela definição: sustentável x ecológico
No entanto, mesmo com a falta de apoio de políticas e agentes públicos, os
consumidores podem adotar por si próprios atitudes para uma construção
sustentável. Em primeiro lugar, é preciso entender a diferença entre produtos
ecológicos e sustentáveis.
O primeiro é feito por empresas pequenas, a partir de elementos naturais e não
possui controle de qualidade rigoroso, explica a representante da Sustentax -
empresa que certifica produtos e empreendimentos sustentáveis -, Paola
Figueiredo.
Já o outro obedece critérios internacionais de sustentabilidade socioambiental e
tem qualidade atestada. "Um produto não precisa ser ecológico para ser
sustentável, ele deve ter baixa toxicidade e reduzida emissão de partículas,
para garantir o bem-estar dos moradores", explica Paola.
Na prática
Entretanto, não basta entender a diferença de conceitos, se não aplicá-los na
prática. Então, anote as dicas a seguir e exerça a sustentabilidade!
- Certificação: escolha produtos com certificado de
sustentabilidade. A Sustentax, por exemplo, já certificou diversos produtos
e, segundo Paola, "todos eles já existem no mercado e são oferecidos com
preços competitivos".
Dentre eles, estão tintas, materiais para piso, tecido, cola, adesivo, além
de produtos que racionalizam o consumo de água, como descargas, vasos
sanitários e torneiras.
- Garantia: para verificação da sustentabilidade do produto, a
empresa disponibiliza, desde agosto de 2008, uma lista de produtos
certificados em seu site (www.sustentax.com.br), onde também é
possível obter mais informações sobre edifícios sustentáveis.
- Energia: um bom projeto de economia de energia, segundo o
arquiteto Manolo Vilches, deve utilizar racionalidade de iluminação de
ambientes, no uso de vedações e materiais transmissores de calor, a fim de
economizar na luz artifical.
O aquecimento da água também entra nesse item e se torna sustentável com uso
de energias alternativas, como as placas solares e os captadores eólicos.
- Água: em relação à economia de água, Manolo indica um projeto com
sistema de cisternas, que armazenam água da chuva para utilização em vasos
sanitários e no jardim.
Outras medidas são o controle de água corrente em torneiras, com uso de
temporizadores, e a implantação de sistema que reutiliza a água nos
condomínios.
- Materiais: a opção por materiais como a madeira de
reflorestamento ou os tijolos de solo-cimento é, para o arquiteto,
importantíssimo.
Mas também deve-se pensar nas relações indiretas que envolvem a fabricação
de todos os materiais, como janelas de alumínio, telha de amianto, vidro
temperado, acrílico e tecidos sintéticos de decoração.
- Reciclagem de material: outra ação relevante é reciclar os
materiais da construção, sabendo que cada um deve passar por um processo
distinto, segundo o pesquisador do Centro de Tecnologia de Obras de
Infra-Estrutura do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo).
A fração mineral - concreto, argamassa, cerâmica -, diz o especialista, pode
ser usada como agregado reciclado. Já as madeiras, plásticos e papéis devem
ser destinados à indústria, enquanto o aço pode ser reaproveitado pelas
siderúrgicas.
Atitude sustentável que se expande
O conselheiro do CBCS ainda acrescenta que é fundamental que o pensamento
sustentável não se destine apenas à etapa da construção.
"Para equilibrar as questões ambientais e sociais com os resultados econômicos,
o foco é o ciclo de vida do edifício, afinal, grande parte dos impactos
ambientais e sociais ocorrem ao longo da escolha e da compra da matéria-prima,
da operação do edifício e da gestão de reaproveitamento de resíduos", destaca.
Além disso, vale lembrar que as novas construções contribuem para resolver uma
parcela do problema, mas é necessário também investir em reformas,
principalmente dos edifícios antigos, priorizando a redução do consumo de água,
de energia e a segregação do lixo pelos condôminos.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Equipe InfoMoney
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