Se caísse uma maçã na cabeça de seu funcionário, ele falaria mal ou sentiria
prazer? Reclamaria que a tal da maçã já tinha fracassado Eva e agora fazia um
galo na sua cabeça ou concluiria que realmente aquele ambiente não era assim,
nenhum paraíso? Algo motivou Isaac Newton a olhar a situação com brilho nos
olhos e fazer uma grande descoberta, diferentemente da Branca de Neve que fechou
os olhos em sono profundo após comer a maçã.
Para o arqueiro Guilherme Tell, acertar maçãs na cabeça dos outros foi a sua
consagração. Cada um deles criou um ambiente interno de motivação que permitiu
sentir um benefício pessoal nos episódios. Essa é a chave dos programas para
todos os níveis de funcionários, porque é uma característica humana: a busca do
prazer. Sim, é claro que há pessoas que sentem prazer no sofrimento - na opinião
dos outros.
Mas em qualquer caso, tudo o que o ser humano faz é positivado dentro de si.
Ou seja, para ele sempre é positivo, por mais negativo que pareça para nossa
filosofia, religião, cultura ou simples opinião. Para quem toma a atitude, há
algum tipo de prazer. Nenhum movimento é feito que não passe por esse processo.
Juntando tudo isso, temos a força de trabalho de uma empresa. Relações muito
diferentes de cada uma com as suas, nossas, maçãs. Não é possível à empresa
fazer uma maçã específica para cada um. Fala-se muito hoje no "Eu S/A".
Mas há uma cobrança sub-reptícia das partes de que é a empresa que deve
motivar sempre o funcionário. Ele se desculpa no ambiente e a organização fica
com sentimento de culpa. E o "Você S/A"? Só tem capacidade de avaliar o exterior
quem tem boa percepção de seu interior. Por isso a solução é que os programas
estimulem e capacitem a autogestão para o trabalho e para a vida. Ou seja,
ninguém morde a maçã por você. É o grande trabalho desta nossa era: alinhar a
missão pessoal com a missão corporativa, para que as atitudes sejam convergentes
com o comportamento desejado. Bom, já vimos que a companhia inteligente deve
estimular a autogestão.
Alguém só é líder de si mesmo se sentir confiança em si e na empresa. A
organização precisa ser justa no acerto e no erro. Afinal, todos erram. Mas só
os profissionais corrigem bem. Esse espírito é essencial para gerar a percepção
correta de quando a maçã cai na cabeça - leia-se transformar um problema ou um
insight em descoberta de uma solução para a empresa - de quando é
jogada pela serpente - aquele que sempre reclama culpando a corporação pelo
escorregão que deu no papel de chiclete jogado pelo colega no chão.
Achar que a causa de tudo está sempre fora de você desenvolve uma inflamação
congênita chamada "desculpite". Ela tem um efeito de deixar as pessoas sempre
fora dos contextos, dissociados da empresa. Tornam-se pessoas impermeáveis sem a
cola ou o velcro do entusiasmo que faz as coisas valer a pena.
O ambiente interior é o que faz o ambiente exterior - O
Instituto Hearth Math de São José da California descobriu depois de muitas
experiências que o coração emite um campo eletromagnético de 3,5 metros. Assim,
cada um de nós é uma antena emissora de bom humor, irritação, boa vontade, vago
desagrado ou entusiasmo.
Agora visualize cada funcionário emitindo um desses estados emocionais. O
resultado do clima organizacional será a massa interpenetrante das esferas
sensoriais individuais. Mas se não soubéssemos disso diríamos que o ambiente de
trabalho é a soma de todos os comportamentos. Ao final é a mesma coisa. Mas uma
maçã podre pode interferir em todo esse suco de maçã. Por isso, o ambiente da
empresa deve ter anticorpos naturais para os que não têm esprit de corps.
Se o funcionário tem o princípio da autogestão, ele desenvolve um prazer e
uma dignidade que o torna pró-ativo e pró-good-will, porque ele passa a
ser o seu primeiro chefe e líder. E assim aprende a pensar circularmente,
sentindo sempre sua relação com o ambiente e vice- versa. Cria um verdadeiro e
produtivo diálogo interno. Aprende a ouvir a voz de cada trabalho e de cada
acontecimento. Desenvolve o que chamo estado de "atentividade". Passa a dar
atenção a pessoas, a coisas e a situações que tenham uma convergência com seu
sentimento interno, seu parâmetro, seu paradigma, seus princípios.
O que lhe faz bem o deixa atento. O que lhe faz bem justifica o prazer de sua
existência. E a razão de sua existência, assim como na empresa, é a missão. O
senso da missão dá cor às maçãs do rosto e produz Isaacs Newtons, se a empresa
plantar macieiras.