Sempre gostei muito da terra, do campo, de cuidar de plantas e animais, ver
frutos aparecerem, o campo em flor, a chuva cair pela terra e lavar a alma, o
sol resplandecendo o ouro e a prata da vida que brota que saciam nossa fome, o
colorido dos campos, os remédios que brotam da terra - para a mente e o corpo.
No entanto, alguma coisa me preocupava, me deixava inquieto; a observação de que
algo inexplicável ocorria com as árvores me incomodava.
Eu buscava a explicação em vários locais e não encontrava ou pior: nenhuma
solução para o problema. Mas, a providência me colocou esta experiência de vida
e vejam o que ocorreu: transformou a preocupação e seus sentimentos, que
ocuparam uma parte do meu cérebro por um bom tempo.
Como sempre tive uma ligação forte com a terra - talvez pela herança genética
de meus avós, portugueses, mas agricultores, lenhadores e moleiros (tinham
moinhos de milho que usam as pedras Mós para fazer a farinha) ou pela minha
educação natural adquirida na escola ou na curiosidade sobre o mundo em que
vivemos - pesquisei muito sobre algo que observei e que passou a me incomodar
progressivamente.
Ao observar e pesquisar sobre agricultura caseira ou comercial, sempre ficava
intrigado com árvores frutíferas que custavam a dar seus frutos ou que até mesmo
nem os davam. Entretanto, a vida me deu a oportunidade de em uma conversa "ao pé
do ouvido", dessas que temos com pessoas do campo, os velhos mestres da terra,
os caboclos, os caipiras - seja qual nome você dê a esses nobres exemplares da
raça humana. Ao falar sobre a minha constante preocupação vegetal, fui
surpreendido com um comentário e um conselho que esclareceu minhas dúvidas:
- Olha moço, se a árvore não dá fruto, o sinhô pega treis prego e espeta,
infinca no tronco dela, põe até o fundo e pera uns meises. Ela vai acordá e vai
dá fruto - perimenta e ocê vai vê.
Fiquei com um misto de surpresa e curiosidade com este conselho, mas esse
conhecimento não é de leitura, é de prática, e tinha que ter verdade. Pois bem,
assim escolhi uma dessas árvores improdutivas, um pé de caju que estava enorme
no tamanho e há muito era esperado ele desse frutos. Como o velho mestre do
campo falou, espetei os três pregos e martelei até o fundo. Passei, então, a
esperar ansiosamente pelo resultado. Passado cerca de quatro meses a árvore
floriu e frutificou, com uma carga maravilhosa, de qualidade e número de frutos
surpreendente, assim como o velho mestre agricultor disse.
Não contente com a constatação da verdade do conselho, comecei a pesquisar na
bibliografia conhecida o porquê de espetar os pregos deu certo, até que
encontrei a explicação, que de tão simples é surpreendente, vejam:
"Quando colocamos os pregos na árvore, a atacamos, ferimos. A partir daí,
a planta se sente ameaçada, sob risco do corte e da morte. Em uma tentativa
contra o tempo, como último recurso de vida, precisará se preocupar com a
procriação, com a propagação da espécie. Começa, então, a reunir todas as suas
forças adormecidas para produzir frutos, ou seja, suas sementes - a garantia de
sua perpetuação."
Mas amigos, o que isso tem a ver com a motivação?
Perceba que a afirmação "ninguém motiva ninguém" é verídica, é um fato e não
há qualquer contestação que eu deva fazer sobre isso. Afinal, em minhas andanças
pelo mundo, desenvolvendo e falando sobre esse assunto, na luta ininterrupta
para estabelecer contatos imediatos de terceiro, quarto e mil graus que sejam
com as pessoas, constato isso todos os dias.
Mas essa experiência - a das plantas que precisam de pregos para frutificar -
me levou a meditar para encontrar a explicação mais simples de como propagar
agentes motivadores às pessoas. Isso mesmo, precisava exemplificar isso, de que
ninguém motiva ninguém.
Assim, comecei a analisar: se uma árvore tem tudo para se tornar produtiva -
tronco, folhas, terra adubada, sol, água, enfim, tudo -, para expandir sua
espécie e propagar suas melhores partes para a natureza, esta planta é completa.
No entanto, é fato de que ela está preguiçosa, acomodada em seu terreno, em seu
lugar. Está tranquila, não é ameaçada e nem ameaça alguém. Então, por que
frutificar? Não encontra motivos para provocar novas transformações em sua vida.
Mas quando chega a ameaça da morte, do corte, ela reage. Começa a sentir
todas suas partes vivas e chama à ativa sua genética e força produtiva para,
assim, frutificar.
Da mesma forma somos nós SERES HUMANOS. Quando estamos acomodados na rotina,
acostumados a fazer as mesmas coisas sempre e a ter sempre os mesmos resultados,
ficamos parados, quietinhos, colhendo as mesmas coisas todos os dias de nossas
vidas. Ficamos à sombra de nós mesmos, aguardando não sei o que para não sei
quando.
Quando chega alguém que nos mostra PREGOS ou acontece algo em nossas vidas
que nos impacta profundamente, nos expulsa da zona de conforto, literalmente nos
enfia um prego no corpo e na alma, acordamos e começamos a buscar alternativas
para sobreviver.
O agente motivador - "Enfiador de Pregos" - é assim, uma pessoa especializada
em espetar pregos, alguém que cutuca, faz pensar e diz: "Você precisa se
perpetuar. Saia da zona de conforto, estabeleça novas metas em sua vida, sinta a
energia transformadora que todos nós possuímos; a sua é especial". Esse ser
motivador busca apertar os botões certos, reacender a força pela vida, pela
conquista, ativar os neurônios e levar você junto com ele a sentir-se
totalmente: braços, pernas, cérebro, nariz, boca e ouvidos.
Realmente, ninguém motiva ninguém. O agente motivador enfia pregos na hora e
no local certos, sem ferir, sem deixar marcas irreversíveis de dor; pelo
contrário, acende a chama da vida. Enfiar pregos é uma arte, cada um tem o lugar
certo onde eles devem ser cravados, pois ninguém é igual a ninguém.
Você que lê este artigo, está aí sentado esperando por frutos que nunca
chegam? Ou está na espera de que algum dia as coisas aconteçam sem seu esforço
pessoal, assim naturalmente, de repente, sem aviso prévio e sem sentido? Quem é
você que está aí, sentado?
Talvez, eu, nesse momento seja um CRAVADOR DE PREGOS em sua consciência, que
o faça pensar em quanto poder você tem em sua mente e seu corpo - para
transformar a si e ao ambiente em que está. Nas minhas palestras conheci pessoas
caladas, apáticas e que hoje são cravadores de pregos e juntos procuramos chegar
a novos rumos, novos caminhos para efetivamente viver plenamente.
Venha. Faça parte dessa viagem sem volta; apenas de ida. Afinal, quando me
perguntam: "Quantos anos você tem?". Respondo: "Tenho
todos os anos que posso viver com vida plena. Não sei precisar quantos viverei -
30, 40, 50, 100 -, mas quero vivê-los intensamente, enfiando e recebendo
pregos".