A geração game over é composta por jovens com idade entre 21 e 28 anos, que
tinham o videogame como um de seus passatempos preferidos. A cada situação de
frustração ou descontentamento, por não conseguir derrotar o inimigo, eles
simplesmente desligavam o videogame. Ela também é conhecido como geração Y.
Assim, de acordo com a DBM, consultoria especializada na gestão do capital
humano, eles cresceram convivendo com a idéia de que o mercado de trabalho é
amplo e oferece múltiplas oportunidades a todos. Basta procurar seu lugar ao sol
para encontrá-lo. A premissa é verdadeira, mas uma carreira deve ser construída
paulatinamente.
Estamos falando de jovens profissionais que se mantêm por pouco tempo em seus
empregos e os abandonam quando ocorre a primeira (e dramática) decepção. A
percepção de que este fenômeno é algo relacionado à geração conquista cada vez
mais adeptos, assim como a crença de que a fuga daquilo que não condiz com suas
expectativas tem a ver com a falta de orientação profissional na adolescência.
Falta controle emocional
"São jovens que, muitas vezes, demonstram indiferença e menor controle emocional
em situações estressantes. Eles tendem a ser arredios e a assumir o comando,
mesmo sem a autorização de seus gestores", opina a consultora da DBM, Fátima
Rossetto.
"Quando se frustram com a situação que vivenciam ou com a resistência que lhes é
oferecida, eles não buscam vencer as dificuldades e os desafios do ambiente
corporativo. Não criam as suas oportunidades tampouco aprendem com a
experiência. Acreditam que elas estão em algum ponto, esperando por eles. A
primeira opção é desistir. Por esse motivo, alguns chegam até mesmo a refazer a
opção acadêmica".
Evitando o comportamento
A dica para os jovens que não desejam repetir o comportamento game over é
participar de palestras sobre profissões, buscando contato com profissionais da
área de interesse e se mantendo receptivo à opinião daqueles mais experientes. É
preciso buscar consistência na carreira e fazer escolhas maduras, sempre tendo
uma estratégia em mente, sem se precipitar.
A culpa também é das empresas
Especialistas alertam que a culpa não é somente dos jovens. As empresas também
têm sua dose de responsabilidade. Para o diretor da Versátil Comunicação, Silvio
Tanabe, as pessoas estão deixando de levar em conta que é uma geração muito
nova, que age com o ímpeto da juventude e a maturidade e inexperiência próprias
da idade.
"O que vejo é que, ao mesmo tempo em que as pessoas valorizam esses jovens
profissionais, colocam sobre eles uma responsabilidade enorme, como se tivessem
muita experiência. Acredito que as empresas já tenham assimilado a cultura
impaciente da geração Y e, por isso, estejam promovendo esses profissionais cada
vez mais cedo", analisa o especialista.
Ele acrescenta: "na verdade, quando aparentam ser descompromissados com a
empresa, não estão apresentando mais do que uma característica própria da idade,
inerente a qualquer geração. Demora um tempo para crescermos como pessoa".
A diretora da consultoria de imagem RMML, Renata Mello, concorda. "Há jovens com
28, 29 anos em cargos de diretoria. Eu diria que esses são os gênios, mas nem
todos conseguem segurar o rojão", diz ela, ao lembrar que as empresas depositam
muita fé nesses profissionais, deixando clientes e projetos inteiros nas mãos
deles. Mas é preciso ter calma.
Generalização
Na opinião do diretor da Versátil Comunicação, um dos principais erros que estão
sendo cometidos pelas empresas é a generalização desses jovens talentos. Nem
todo mundo que nasceu na década de 80 pensa e age da mesma forma. "Os jovens são
diferentes e pensam diferente. Não dá para estereotipá-los. Esse tipo de
generalização é muito comum nas empresas, mas estas precisam, na realidade,
conhecer os valores e expectativas de cada um".