Uma das reivindicações, pouco antes dos trágicos acontecimentos de 8 de março
de 1857, que estabeleceram a data como Dia Internacional da Mulher, foi reduzir
a jornada de trabalho, já que as fábricas exigiam 16 horas diárias de serviço.
Hoje, 150 anos depois, a situação pode não ser muito diferente em alguns
aspectos. Além de conduzirem suas carreiras, muitas mulheres acumulam trabalho
doméstico, cuidados com a família, estudo e desenvolvimento profissional e,
conseqüentemente, acabam sendo suscetíveis a altos níveis de estresse.
O universo feminino com certeza tem sido drasticamente modificado ao longo dos
anos, tanto no trabalho, quanto na família. "Diante de tantas demandas, o stress
tem se agravado e aparece como um vilão implacável para a saúde e a qualidade de
vida da mulher", opina Sâmia Simurro, psicóloga e vice-presidente da Associação
Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
"A impressão que se tem é que, 'características femininas' não 'combinam' com o
mercado dos negócios", acrescenta. O resultado é a constatação feita pelos
profissionais de saúde de que o problema do estresse na mulher está mais intenso
e grave do que no homem. Em uma pesquisa, por exemplo, da Pontifícia
Universidade Católica (PUC) publicada recentemente, 91% das mulheres se
declararam estressadas.
Mudança
Sâmia cita o consultor norte-americano Tom Peters para orientar o que as
empresas devem fazer para reduzir o stress das profissionais e obter melhores
resultados: "A mulher está perdendo justamente o que coloca como vantagem
competitiva. Melhorar e humanizar o ambiente de trabalho para que os
profissionais sintam-se mais saudáveis, respeitados, motivados e produtivos tem
sido a preocupação de algumas grandes empresas, por meio dos programas de
qualidade de vida que começam a ser desenvolvidos".
Para ela, esta é uma decisão estratégica de melhoria da motivação, criatividade
e produtividade dos funcionários. "Hoje, uma empresa que quer reter seus
melhores talentos e aumentar o lucro precisa investir no bem estar de seus
colaboradores", diz.
Segundo ela, não se discute que a diferença entre os sexos são complementares e
não excludentes. Assim, enquanto um é mais focado a uma ação específica, o outro
opera mais com múltiplas escolhas. "Quando se agrega essas diferenças,
acrescenta-se ao produto - além da iniciativa, objetividade e realização
atribuídas aos homens - outros valores igualmente fundamentais, como a força da
sensibilidade, qualidade na comunicação e integração, próprias da mulher",
completa Sâmia.
A ABQV foi fundada em 1995 por empresas e profissionais de diversas áreas
ligadas à Qualidade de Vida, com o interesse de desenvolver novos valores e
crenças dentro dos ambientes de trabalho. É uma entidade sem fins lucrativos,
que busca aperfeiçoar as relações interpessoais e manter um ambiente
organizacional sadio e solidário.