A definição do termo bode expiatório é: ‘Aquela pessoa sobre quem se faz
recair a culpa dos outros ou a quem se imputam todos os reveses e desgraças’.
Nas organizações é bastante comum encontrarmos pessoas que costumam ser
responsabilizadas por tudo que dá errado, imaginemos um funcionário de nome
João, ele carrega o estigma de bode expiatório em uma determinada empresa, assim
se um projeto não decolou foi por que o João não fez a parte dele... Se o João
participou bastante e ainda assim o projeto não deu certo, é porque o João falou
demais na apresentação... Se uma fofoca rola no departamento é porque o João
abriu a boca antes do tempo sobre algum assunto.
Vale lembrar que ao longo da trajetória humana, nem sempre foi o homem que
carregou o estigma do bode expiatório, no distrito ocidental da ilha de Timor
quando as pessoas estão realizando viagens muito longas e cansativas, elas
costumam se abanar com ramos de folhas, as quais depois serão lançadas fora em
determinados lugares e com isso acreditam que a fadiga seria transmitida às
folhas e ficaria para trás. Os animais também são utilizados com muita
freqüência no mundo ocidental, os gatos, especialmente aqueles de pelagem preta,
são sinônimos de má-sorte.
Parece ser bem mais fácil usar o nosso amigo João, alguns objetos ou animais
como depósitos de lixo emocional para mascarar as deficiências de uma situação,
de um povo ou de uma organização, ao invés de enfrentar e resolver os conflitos
existentes e comumente maquiados pela cegueira coletiva. Isso me faz lembrar de
uma história: ‘Conta-se que numa pequena cidade do interior, um grupo de pessoas
se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado "de pouca inteligência" que
vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o bobo ao bar
onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas - uma grande de
400 réis e outra menor de dois mil réis. Ele sempre escolhia a maior e menos
valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do
grupo o chamou e lhe perguntou se ele ainda não havia percebido que a moeda
maior valia menos. "Eu sei" - respondeu o não tão tolo assim - “ela vale cinco
vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou
mais ganhar minha moeda”.
Esse é exatamente o problema das empresas que têm a política de cultivar o
bode expiatório, os problemas não costumam ser resolvidos, alguém que passa por
bobo pode se adaptar ao papel por necessidade e desperdiçar as próprias
potencialidades, e o grupo que costuma criticar um colega para aliviar as
próprias ineficiências e tensões pode afundar abraçado com um abobalhado sorriso
coletivo. Então, o que pode ser feito se você observar alguém ser usado como
bode expiatório ou se isso ocorrer com você? Para aqueles que isso ocorrer, uma
ONG britânica chamada Scapegoat Society recomenda seguir os seguintes passos:
- Compreenda o
que está ocorrendo não apenas superficialmente, mas de uma forma profunda:
Examine a história, os bastidores, o contexto e situação.
- Questione o
que o difamador tem como objetivo.
- Tente
entender o que está ocorrendo entre ele e a vítima.
- Deixe claro
que você ou o grupo identificou o processo e irá falar abertamente sobre isso
até que ele termine.
- Enfatize que
você ou seus colegas não estarão disponíveis como alvos.
- Mantenha
distância máxima possível do difamador.
- Estabeleça
os fatos do que foi feito e por quem.
- Assegure que
o difamador assuma a responsabilidade por tudo que ele tenha creditado ao seu
bode expiatório.
- Assegure que
o difamador concorde em cessar suas ações contra seu bode expiatório.
- Faça um
acordo maleável para ambas as partes.
Por isso fique de olho, ninguém ganha em uma situação assim, nem quem se acha
esperto.