Durante muito tempo eu trabalhei com um colega que mantinha uma técnica
interessante para selecionar projetos e se livrar dos problemas relacionados à
sua área. Como se tratava do todo-poderoso da área comercial e tudo tinha que
passar pelo seu crivo, ele formava sempre três pilhas de documentos devidamente
organizadas sobre a mesa de trabalho.
A pilha do lado esquerdo dizia respeito aos documentos ou projetos recebidos
durante a semana, ou seja, os casos urgentes. A pilha do meio referia-se aos
projetos que foram urgentes um dia, agora nem tanto, já que há mais de uma
semana ninguém cobrava nada. Por fim, a pilha do lado direito, com o dobro de
documentos contidos na pilha do meio, esquecidos ali há mais de um mês, sinal de
que o nível de urgência havia sido rebaixado para irrelevante. Como ele sempre
dizia, “se alguém reclamar, os projetos estão por aqui, caso contrário, não
devem muito importantes”.
Particularmente, eu ficava indignado com tal atitude e considerava aquilo um
absurdo, mas o fato é que eu saí da empresa há alguns anos e o indivíduo
continua por lá utilizando a mesma técnica, com um pouco mais de velocidade, em
razão da globalização e da competitividade, segundo me dizem os remanescentes da
época, mas o fato é que ele resistiu bem mais do que eu. Provavelmente, a
técnica funciona de alguma maneira, caso contrário, ele já teria sido
descoberto. E ele ainda tinha uma grande vantagem sobre mim, conseguia assimilar
todas as imposições da matriz sem o menor questionamento.
Durante anos eu lutei, e agora reluto para evitar uma recaída, contra um hábito
extremamente nocivo para o desenvolvimento profissional e pessoal do ser humano,
a procrastinação. Em poucas palavras, procrastinação é o hábito de se deixar
para depois ou para o dia seguinte ou para algum dia, quando sobrar tempo, o que
pode ser realizado imediatamente ou em prazo definido, se houver boa vontade e
predisposição para o planejamento.
Tudo o que acontece na sua vida está diretamente relacionado com os seguintes
pontos: a sua capacidade de atrair coisas boas ou coisas ruins, dependendo do
seu estado de espírito; a sua capacidade de realizar a contento aquilo que lhe é
atribuído em troca de um benefício ou de uma remuneração; a sua criatividade e a
sua capacidade para enfrentar as adversidades que surgem com freqüência no seu
caminho todas as vezes que você encontra-se devidamente bem instalado na sua
zona de conforto pessoal e profissional.
Imaginemos que você contemple todas as competências mencionadas anteriormente e,
ainda assim, sua vida exiba um verdadeiro cabedal de dificuldades, tais como:
acúmulo de dívidas no cartão de crédito, limite inteiramente tomado no cheque
especial, pressão familiar para redução da carga horária de trabalho, queda no
volume de vendas e, por conseqüência, não atingimento das metas, e o que é pior,
seu chefe vive perguntando quanto tempo falta para você se aposentar apesar de
você ter entrado na empresa há pouco tempo.
Embora a maioria dos profissionais não acredite tanto na sua formidável
capacidade de realização, por razões de ordem familiar, histórica e cultural, o
seu potencial de criatividade para solução de problemas é inesgotável. Sua
dificuldade maior está na falta de disciplina, de organização, de planejamento
e, em boa parte dos casos, na sua baixa auto-estima proporcionada por
expectativas muito elevadas em relação ao trabalho e à própria vida pessoal.
Alimentar expectativas elevadas não é o problema. A questão é o que fazer e como
se preparar para atingir essas expectativas sem parecer prepotente, ganancioso
nem ambicioso demais. A pressão exercida pela sociedade sobre o ser humano é
digna de reflexão, mas o que você gostaria mesmo é viver de maneira simples, no
campo ou na beira do mar, desfrutando das maravilhas da natureza, mas enquanto
isso não é possível a vida vai lhe castigando em todos os sentidos.
De fato, a sociedade recomenda que sejamos fortes, apresentáveis, sorridentes,
bem-relacionados e, acima de tudo, bem-sucedidos. Isso nos impõe uma sobrecarga
violenta de trabalho, além da emocional, praticamente incompatível com a nossa
capacidade de resposta. Resultado: frustração, estresse, pressão alta, cara feia
todas as manhãs, dívidas, doenças de todos os tipos, pedidos e mais pedidos de
licença, demissão ou afastamento.
A tentação de parecermos o que não somos sempre nos persegue e, no fundo,
acabamos dando um jeito para tudo, porém o custo é elevado. Por conta da nossa
eterna necessidade de querer ser e de ter sempre mais do que o necessário,
sacrificamos a saúde, o relacionamento conjugal, o crescimento dos filhos,
enfim, o convívio familiar, e não vivemos a vida plenamente.
Tenho pensado muito a respeito de tudo isso, todos os dias, antes de dormir e
depois de acordar. Por que vivemos dessa forma? O que precisamos para ter
qualidade de vida? Por que assumimos tantos compromissos que não temos condições
de cumprir? Quanto vale tomar um bom café da manhã ao lado da família ou fazer
aquela viagem que há anos estamos adiando por conta da pressão que a sociedade
nos impõe? Embora a sociedade imponha uma série de restrições e de obrigações,
cabe a nós a decisão de aceitar aquilo que não condiz com a nossa maneira de
ser, pensar e agir.
Assim sendo, quero compartilhar minha experiência com vocês, pois aprendi, a
duras penas, que a melhor forma de equilibrar a vida pessoal e a vida
profissional é estabelecer prioridades de acordo com a importância das nossas
metas. Tentar abraçar o mundo com as pernas é um defeito, por vezes
irremediável, que não levará você a lugar algum, portanto, as questões a seguir
são fundamentais para ajudá-lo a recuperar o foco e manter acesa a esperança de
uma existência mais digna e equilibrada.
1. Uma coisa de cada vez: não existe frustração maior do que várias coisas
iniciadas e nenhuma encerrada com sucesso;
2. Crie metas mensuráveis: o segredo é fracionar a meta principal em pequenas
metas seguidas de ações concretas e prazos específicos para conquistá-las;
3. Estabeleça prioridades: acredite no todo, mas dedique-se ao mais
importante de acordo com cada momento da sua existência;
4. Você é totalmente responsável por sua vida: você não pode mudar as
circunstâncias nem os acontecimentos ao seu redor, mas pode mudar a si mesmo.
De acordo com Mark Twain, escritor e conferencista norte-americano, o segredo de
ir em frente está em começar e o segredo de começar está em repartir as tarefas
complexas e esmagadoras em tarefas pequenas e administráveis e, então, começar
pela primeira. Pense nisso e seja feliz!