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Carreira / Emprego - Os omissos 

Data: 15/12/2008

 
 

Omisso é aquele que deixa de se envolver ativamente numa situação onde outra pessoa precisa de ajuda, onde uma ou mais pessoas estão em apuros.

Segundo Aristóteles, a pior situação é quando alguém está em pleno conhecimento e no ponto de agir e não o faz.

Os omissos poderiam mudar o resultado das situações através de algum tipo de ação. O que teria acontecido com Jesus Cristo, se Pilatos não tivesse se omitido?

Não existem omissos inocentes porque escolher não ser parte da solução é ser parte do problema.

Na empresa, a omissão está presente na dinâmica dos relacionamentos. Quando as pessoas têm consciência de um problema, mas não se envolvem ativamente na sua solução, elas estão perpetuando e agravando o problema.

Há dois tipos de omissos, no meu entendimento:

  • os que necessitam se omitir para continuar sobrevivendo dentro da empresa que tem uma posição existencial autoritária; são os omissos modelados pela cultura da empresa;
     
  • os que já chegaram com a omissão introjetada na sua performance corporativa, pois já aprenderam há muito tempo, na infância talvez, a fazer da omissão um jogo de poder.

Acredito que a construção de muros e feudos entre os departamentos muito contribui para o desenvolvimento do primeiro tipo. A briga pelo espaço leva as pessoas a se imporem de tal forma que o outro começa a ficar quieto, com medo de falar, de sugerir, de opinar, de participar, de perguntar.

Comum é sentir na postura ou ouvir frases do tipo: “isso não é da sua conta, cuide do seu serviço”, “como ousa se intrometer na minha área?” Daí em diante, o comportamento começa a se modelar no sentido da omissão em face da coerção do poder; a omissão ocorre como defesa, para se proteger de punições e situações desagradáveis, ou para não bater de frente, como se costuma dizer.

As pessoas não falam nem mesmo o que teria que ser falado, omitindo de uma forma passiva, submissa, informações que custam muito para a empresa. Estes são os omissos construídos e moldados pelos donos do poder. Uma equipe obediente? Ou um grupo de omissos? Depois, o departamento de Recursos Humanos contrata shows de motivação falando em criatividade, espontaneidade e tudo o mais. A esquizofrenia corporativa está instalada.

Há os omissos que já chegaram assim, já haviam construído um caráter onde a omissão faz parte do caminho para a construção da carreira. Ficar quieto, não dizer nada, como uma forma de prejudicar o outro para se destacar, deixar o circo pegar fogo para depois vir com um baldinho de água na frente do chefe, geralmente, e talvez até ganhar uma promoção. O “estilo Pôncio Pilatos”, sem compromisso com o que está acontecendo, para salvar a própria pele, embora o discurso verbal seja de comprometimento e lealdade com a empresa.

A grande sacada de Freud foi perceber tudo onde aparentemente não está acontecendo nada. O autoconhecimento e o trabalho em equipe estão na moda. Praticá-los é o grande desafio.



 
Referência: curriculum.com.br
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