Carreira / Emprego - E afinal, você é uma pessoa empática?
Você assiste a uma palestra sobre como organizar equipes com competência.
Participa de um seminário sobre técnicas de vendas. É selecionado para um
emprego, um cargo novo ou uma função importante na empresa através de um
processo denominado “dinâmica de grupo”. E o tempo todo você está ouvindo falar
sobre uma condição importante do comportamento humano chamada “empatia”.
E você fica na dúvida se relaciona essa palavra (que o palestrante está usando
com total naturalidade) com simpatia, antipatia ou com alguma patologia. Bem,
alguma coisa boa deve ser, pois ele está afirmando que empatia é uma coisa que
se você tiver, vai ajudar em seu trabalho, pois melhora as relações humanas.
Mas, afinal, o que é, exatamente, empatia?
É curioso, mas nesta semana um pequeno acontecimento me explicou com a precisão
que a teoria não tem, o significado real dessa palavrinha. Aconteceu que eu
esqueci meus óculos em algum lugar (o que não é muito incomum, quando usamos um
par para ler, outro para trabalhar no computador, mais outro para dirigir e
ainda um para dias de muito sol).
Na tentativa de encontrá-los, liguei para os lugares onde tinha estado durante
aquela tarde, até que, no consultório de um amigo psicanalista, onde tinha
parado para trocar umas idéias, a secretária disse-me:
- Tem um par de óculos aqui, sim, mas eu não seu se é seu ou é do doutor, pois
ele usa um parecido com o seu. Só tem um jeito: precisamos esperar que ele
chegue, aí ele testa os óculos e verifica se são dele ou não.
- OK – respondi resignado.
- Só tem um problema – ela resolveu brincar comigo – quando o doutor coloca os
óculos de outra pessoa, ele passa a ver o mundo do jeito que essa pessoa vê, aí
ele descobre tudo sobre ela.
Eureka! Foi apenas uma brincadeira bem humorada, jogando com o fato dele ser um
psicanalista, mas foi também uma ação pedagógica espetacular para explicar a tal
palavrinha: empatia!
Os livros nos informam que empatia é uma condição psicológica que permite a uma
pessoa sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância
experimentada por outra pessoa. E é isso mesmo. Ver o mundo com os olhos de
nosso interlocutor. Inclusive ver a nós mesmos.
Não há, com toda segurança, duas pessoas com a mesma impressão digital, com as
mesmas características da íris ou mesmo com o mesmo registro de
eletrocardiograma. Da mesma forma, não há duas pessoas que vejam o mundo, com a
imensidão de detalhes que fazem parte dele, exatamente da mesma maneira.
Como será que meu cliente, que está neste exato momento em minha frente,
depositando em nosso encontro a esperança para a solução de um problema dele,
está vendo esse problema? Como ele está vendo o mundo com esse problema? E,
principalmente, como ele está me vendo, já que, segundo ele - senão ele não
estaria aqui - eu tenho o poder de resolver seu problema? Só vou descobrir tudo
isso valendo-me da empatia.
Há duas práticas que criam empatia. A da pessoa que se coloca no lugar da outra
e a da pessoa que estimula a outra a se colocar em seu lugar. No primeiro caso
predomina a capacidade de entender e no segundo a capacidade de se fazer
entender. As duas são igualmente importantes.
Ser empático não é ser simpático. A simpatia pressupõe solidariedade, a empatia
pressupõe compreensão. A simpatia cria um envolvimento emocional, que pode
prejudicar o julgamento. A empatia estabelece comunicação eficiente. Quando não
se cria empatia em uma relação, não há verdadeiramente um diálogo, e sim dois
monólogos ocorrendo simultaneamente.
E você, leitor, o que é? Empático ou apenas simpático?
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