Final de ano é correria nas empresas. É preciso adiantar trabalho, atender a
uma demanda maior de consumidores, fornecedores e clientes e ainda cobrir aquele
colega que está de férias. Agora, final de ano com crise é muito mais correria.
"Algumas empresas diminuíram seu quadro de funcionários por conta da crise e as
pessoas estão fazendo mais do que dão conta", explicou o headhunter e presidente
da Junto Fast Recruitment, Ricardo Nogueira.
Para exemplificar, a Vale, após ter anunciado corte de aproximadamente 10% em
sua produção, confirmou que demitirá cerca de 1.300 funcionários em suas
unidades espalhadas ao redor do mundo. Cerca de 20% deste contingente opera nas
minas do estado de Minas Gerais.
No dia seguinte, foi a vez da AT&T, que anunciou a redução de 12 mil
trabalhadores, cerca de 4% de sua força de trabalho total, para reduzir gastos e
enfrentar os impactos da desaceleração econômica e da crise de crédito
internacional.
Qualidade versus quantidade
Com tudo isso, de acordo com o headhunter, aquele duelo entre a quantidade e a
qualidade do trabalho, que realmente existe, fica ainda mais intenso. Em vez de
uma hora para fazer a atividade, você terá meia. Com menos tempo, você acaba se
dedicando menos à atividade e a qualidade... diminui!
Diante dessa briga entre quantidade e qualidade, é preciso encontrar um bom
senso. "Ele é a resposta. Tem que entregar a quantidade que pode dar conta com a
qualidade que é exigida", explicou o headhunter.
Para o líder, vale a dica: "tem de saber para quem vai entregar a atividade.
Será que se eu passar este trabalho extra ele vai conseguir me entregar?", disse
Nogueira, sobre a indagação que o chefe deve fazer.
Já o liderado tem de assumir compromissos que possa cumprir com a qualidade
cobrada. "Uma coisa é você ter inteligência e possibilidade de absorver novas
missões. Outra é você, por uma expectativa de agradar o chefe, abraçar desafios
que não pode atender". Nogueira conclui que, como conseqüência, funcionário e
empresa acabam frustados.
Mão na massa
Neste final de ano, com crise, e com uma demanda muito grande de trabalho para
fazer num espaço curto de tempo, o profissional mais demandado é o "hands on",
ou que coloca a mão na massa, característica que vem sido valorizada há tempos,
diante de um processo contínuo das empresas de cortar funcionários.
"Por isso, o profissional tem que ser mais generalista também. Um diretor de RH
tem que saber de seleção/recrutamento, política de cargos e salário,
departamento pessoal e etc. As empresas não pedem para as pessoas aprenderem
tudo isso. Quem sabe um pouco mais se destaca e a crise financeira coloca uma
pimenta em tudo isso".