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Carreira / Emprego - Crítica construtiva  

Data: 11/12/2008

 
 

O carioca André Marques, 37 anos, diretor da Intelig: a primeira bronca num subordinado foi uma tragédia. Hoje, ele conversa com a equipe numa boa.

Se existe uma lição que o carioca André Marques, de 37 anos, guardou de seu primeiro cargo de chefia, há dez anos, foi a de que criticar com agressividade é um erro grave para qualquer gestor.

Até hoje ele não esquece as conseqüências desastrosas de uma bronca que deu num profissional da equipe, quando trabalhava numa empresa de TV por assinatura, como gerente financeiro.

'O funcionário não entregou o trabalho da maneira esperada e eu o critiquei de forma incisiva, arrogante', conta André. 'Com isso, aquele profissional passou a ficar distante, desmotivado, o que só piorou as coisas.' Agora, como diretor de operações financeiras da Intelig, André se sente bem mais maduro e tem um comportamento completamente diferente na hora de apontar os pontos fracos do time. Uma de suas práticas é a chamada 'tática do sanduíche'. 'Entre uma crítica e outra, aponto as características positivas de cada um. O resultado é bem mais eficaz.' André aprendeu a lição. Mas e você? Sabe criticar? Aponta falhas com respeito, de forma objetiva e séria? Tema delicado em qualquer ambiente de trabalho, a habilidade de fazer críticas é um assunto que envolve muitos desdobramentos, além da regra básica que recomenda franqueza e educação na hora de expor deficiências alheias. Por mais democrática e aberta que seja a organização, a linha que separa a avaliação profissional dos julgamentos pessoais é tênue. E pode gerar conflitos de todo tipo no escritório. Por isso, atenção para a regra número um do crítico eficiente: concentre-se nos fatos e nas suas conseqüências profissionais, evitando classificar o comportamento pessoal de quem quer que seja. 'Muita gente usa as críticas como um canal para expressar antipatias baseadas em opiniões, não em atos', afirma Marcelo Cardoso, presidente da consultoria DBM, de São Paulo. 'Fazer colocações pontuais é difícil, mas falar mal é muito fácil.' Para não cair em ciladas como essa, nada melhor do que tentar se colocar no lugar do outro antes de abrir a boca. 'Pergunte a si mesmo como gostaria de ouvir o que você tem a dizer. Isso sempre funciona', recomenda Marcelo.

Além de se imaginar na pele de quem vai receber a crítica, é importante estabelecer uma relação de credibilidade com o alvo das suas observações. 'Para surtir efeito e realmente ajudar alguém a crescer, os argumentos precisam ser baseados num clima de confiança, franqueza e afetividade', afirma Benedito Rodrigues Pontes, coordenador da pós-graduação em recursos humanos da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. 'Sem isso, dificilmente o outro vai prestar atenção e acreditar que quem critica não está agindo de má-fé.' Mesmo que o seu interlocutor confie em você, chame-o para conversar apenas quando estiver seguro e bem informado a respeito dos aspectos que pretende levantar. 'A pior coisa que se pode fazer ao criticar uma pessoa é ser genérico', afirma Simone Lasagno, diretora da consultoria de carreira Career Center, de São Paulo.

Confira ao longo desta reportagem sugestões para não escorregar na hora de criticar o chefe, os colegas e os subordinados. Três regras valem para todas as situações: escolha o melhor momento para a conversa (dias de fechamento de balanço e comemoração no escritório, por exemplo, não são nada indicados), procure um local reservado (em público, apenas elogios são permitidos) e seja educado. 'O respeito é a base de tudo. Criticar de forma seca não agrega valor nenhum ao crescimento do profissional', diz Eulália de Moraes, gerente de RH da fabricante de embalagens Zaraplast, em São Paulo.


Criticando o subordinado

* Todo chefe deve orientar. Por isso você tem obrigação de apontar caminhos para que o funcionário possa se aprimorar nos pontos em que foi alvo de críticas.

* Coloque-se à disposição para aprofundar a discussão se o subordinado quiser.

* Fuja de ironias e críticas camufladas em piadas e brincadeiras de mau gosto. Tenha uma conversa franca com o subordinado.

* Seja preciso. 'O funcionário tem seu emprego nas mãos do superior, por isso o chefe precisa ser muito claro em suas colocações', diz Carmem Lúcia Rittner, professora de psicologia organizacional e do trabalho da PUC São Paulo.

* Não critique o que não se pode mudar. 'Não adianta dizer que a voz do funcionário é muito aguda para trabalhar com telemarketing', afirma Carmem Lúcia. 'Uma alternativa é reforçar as habilidades dele para conversar com clientes e sugerir um curso de dicção.'

* Elogie quando o funcionário merecer. 'Muitos chefes não têm o costume de reconhecer o trabalho da equipe', diz Benedito Rodrigues Pontes, da Faap.

Criticando o colega

* Explique que você não é o único da equipe a sofrer com a dificuldade do colega para executar determinada tarefa. Isso ajuda a reforçar a crítica.

* Não se concentre apenas nos pontos fracos. Mostre que você percebe as boas contribuições do seu par para a equipe.

* Não use a crítica para se mostrar superior ao colega de trabalho. Se as suas intenções são realmente as melhores, converse com ele de igual para igual.

* Esteja aberto a críticas. 'Você deve ouvir o retorno do outro', diz Benedito Rodrigues Pontes, da Faap.

Criticando o chefe

* Ajuste a sua comunicação ao estilo do seu chefe. 'Se ele for muito objetivo, respeite essa característica e aja da mesma forma', diz a consultora Simone Lasagno, da Career Center.

* Seja descritivo e não se expresse de forma emocional. 'O ideal é usar termos como 'na minha opinião' ou 'no meu ponto de vista', fugindo de colocações do tipo 'esse projeto não vai dar certo'', afirma a professora Carmem Lúcia Rittner, da PUC São Paulo. Evite usar palavras negativas, que possam soar como um ataque ao comportamento do seu chefe.

* Procure sentar em posição de igualdade e olhe o seu chefe nos olhos enquanto fala com ele. 'Linguagem corporal é um aspecto muito importante. Quem fala deve estar com o corpo voltado para o outro e demonstrar atenção', recomenda Marcelo Cardoso, da consultoria DBM.



 
Referência: curriculum.com.br
Autor: Isabela Barros - Você S.A
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