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Carreira / Emprego - Faça escolhas mais inteligentes  

Data: 11/12/2008

 
 

Tomar decisões é o trabalho mais importante de um executivo. Aquele que toma a decisão adequada, no tempo certo, que traz resultados mensuráveis para a empresa é o que ganha visibilidade e, conseqüentemente, assume mais responsabilidades e obtém recompensas financeiras. O inverso é igualmente verdadeiro. Quem toma decisões pouco eficientes não tem méritos, é cobrado, pressionado e, se não tiver capacidade de reverter a situação, pode ser desligado da empresa, afirma Marcelo De Lucca, diretor executivo da Michael Page do Rio de Janeiro, empresa de recrutamento de executivos para média e alta gerência.

O aumento da pressão por resultados, a competitividade desenfreada e a imprevisibilidade do cenário mundial são fatores que obrigam o gestor a escolher um curso de ação rapidamente, mesmo sem ter todas as informações à mão. Para auxiliá-los nessa tarefa arriscada de estruturar e tomar uma decisão nesse cenário, reunimos conselhos de especialistas, executivos e headhunters do país e do exterior. Leia e pratique:

1) Questão de tempo

Existe algo mais importante do que tomar a decisão certa. Tomá-la no tempo certo. Essa consideração deve guiar todo o seu processo decisório. Uma boa decisão tardia vale zero, diz Ecléa Hauber, professora de estratégia e teoria das organizações do MBA executivo do Ibmec de São Paulo. O headhunter Luiz Wever, sócio-diretor da Ray & Berndtson, estima que 90% dos quase 60 presidentes de empresa que ele já entrevistou para escrever três livros preferem um profissional que tome decisões relativamente rápidas e acerte 70% das vezes a um que demore demais a decidir e acerte 85%. É preciso tomar decisões cada vez mais rápidas. A pessoa tem de estar técnica e estrategicamente preparada e acreditar naquilo que aprendeu, diz Luiz. Há um alerta, no entanto. Apesar de haver pressão por agilidade, é preciso muito cuidado para não se tornar precipitado. Os dois extremos são ruins, tanto o das pessoas que ficam paralisadas diante de uma decisão complexa quanto o das que tomam decisões impensadas, diz Marcelo Cardoso, presidente do conselho consultivo da DBM Consultoria e vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional da Natura.

2) Defina problema e objetivo

Nós tomamos decisões para resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade, certo? O primeiro passo, então, para estruturar uma tomada de decisão é definir o problema (ou a oportunidade) e o objetivo que se quer alcançar. A decisão nada mais é do que um caminho para atingir um fim.

3) Reúna alternativas

Para tomar decisões inteligentes, é essencial expandir seu acervo de alternativas. Paul Nutt, autor de Why Decisions Fail (em português, Por que as decisões fracassam), que passou 20 anos estudando mais de 400 decisões tomadas pela alta gerência de empresas, governo e organizações sem fins lucrativos, aponta que uma das principais causas para o fracasso de uma decisão é a pressa para fazer um julgamento. Essa pressa decorre do medo de ser visto como incompetente. Espera-se que as pessoas sejam bem-sucedidas nos negócios, o que se define, com freqüência, em agir de forma rápida, decisiva, diz ele, acreditando que geralmente nós dispomos de muito mais tempo para fazer uma escolha do que reconhecemos. A dica é reunir o maior número de opções que você puder, no limite de tempo que você tem. Quanto mais alternativas tiver, maior a sua confiança de tomar uma boa decisão.

4) Separe o joio do trigo

Para evitar a sobrecarga de informações na hora de tomar uma boa decisão, é preciso identificar o que é relevante e o que pode ser ignorado. Esse processo deve começar por solicitar os dados precisos à pessoa certa. Assim, você poderá obter uma visão mais clara dos riscos e das recompensas em potencial de cada alternativa.

5) Aprenda a interpretar

Como diz Roberto Pina, diretor financeiro da Visa Vale, já que é preciso decidir com agilidade, os executivos devem saber interpretar cada vez melhor as informações que têm (leia mais na reportagem Como ElesDecidem).

6) Defina os papéis

Um passo importante para a eliminação de gargalos na tomada de decisão é estabelecer papéis e responsabilidade claramente. Em linhas gerais, quer dizer definir quem deve reunir dados, fazer recomendações, decidir e promover a execução. Se mais de uma pessoa achar que tem autoridade para tomar uma decisão em particular, isso acabará em queda-de-braço. A situação oposta pode ser igualmente danosa: ninguém é responsável por decisões cruciais e o negócio sofrerá com isso, afirmam Paul Rogers e Marcia Blenko, sócios da Bain & Company, com escritório em São Paulo.

7) Ouça os stakeholders

Saiba o que as pessoas que têm interesse no resultado da decisão ou que serão afetadas por ela pensam. Lembre-se de que você precisará do apoio dos envolvidos para implementar o que for decidido. Esses stakeholders podem ser componentes das equipes da gerência de nível mais alto, líderes dos principais departamentos e especialistas técnicos. Também valem pessoas com experiências relevantes, membros de sindicatos, fornecedores, clientes e competidores.

8) Envolva as pessoas

Por mais que você seja o responsável pela decisão, tente, sempre que possível, envolver esse processo as pessoas que serão afetadas pelo que for decidido. Grande parte da execução dessa escolha dependerá delas.

9) Avalie o que está em jogo

É importante saber qual é a sua tolerância a riscos sem cair na armadilha de não arriscar nada.

Luiz Wever, da Ray & Berndtson, lembra que alguns executivos alcançaram boas posições por tomarem decisões rápidas e criativas, e simplesmente deixaram de arriscar por medo de perder o que já conquistaram. Eles passam a temer a demissão e é exatamente por isso que eles são desligados, diz Luiz Wever.

10) Use números (com moderação)

Muitas decisões dependem de análise matemática. No entanto, lidar com dados pode não ser tão simples quanto parece. Um número não necessariamente diz a verdade. Você pode torturá-lo até que ele confesse o que você quer, alerta Vicente Ferreira, professor do Coppead, o instituto de pós-graduação e pesquisa em administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

11) Apóie-se na tecnologia

Softwares de business intelligence, usados para coletar, analisar e disseminar dados, e outros

sistemas de apoio à tomada de decisão podem ser bons aliados para aperfeiçoar sua tomada de decisão (leia mais na reportagem Ajuda Tecnológica sobre sistemas de apoio à tomada de decisão).

12) Use (também) a intuição

Há 40 anos, Herbert Simon, economista americano que levou o Prêmio Nobel de Ciências

Econômicas, demonstrou que um julgamento puramente racional fica limitado por informações insuficientes sobre a definição do problema e dos critérios relevantes, restrições de tempo e custo e também restrições mentais e perceptivas que inibem a habilidade dos que tomam decisões para determinar a melhor escolha. Tirar a emoção do processo decisório é uma grande armadilha, diz Ricardo Augusto Alves de Carvalho, professor da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte. Se nem os dados nem a intuição devem ser descartados, é preciso encontrar um modelo misto de sistema de informação e intuição. Reconhecer os fatores subjetivos e objetivos e combinar pensamentos analítico e intuitivo é o caminho.

13) Por que não?

Muitas histórias de sucesso corporativo como a descoberta que as garrafas de ketchup seriam mais funcionais se descansassem sobre o bocal surgem quando questionamos as suposições comuns sobre o funcionamento das coisas com um simples Por que não?. A afirmação é de Barry Nalebuff e Ian Ayres, da Yale University, autores de Você Pode Tudo?, da Campus/Elsevier. Essa pergunta pode ser o primeiro passo para localizar informações úteis que estão fora dos limites de sua consciência (leia mais no quadro Como Ampliar os Limites da Sua Consciência).

14) Analise decisões passadas

Estudar decisões malsucedidas pode ajudar a evitar erros semelhantes. Ao analisar decisões de outros profissionais, focalize seus esforços no que deu errado. Ao estudar suas próprias decisões, tanto as que deram resultado quanto as que fracassaram, pergunte-se por que não colheu mais alternativas e até que ponto a escolha foi sensata. Um executivo tem de ser principalmente orientado em função dos muitos acertos que ele faz, afirma Olga Colpo, sócia da PricewaterhouseCoopers.

15) Evite os desvios cognitivos

Mesmo os gestores mais experientes podem cair nas garras de alguns desvios cognitivos na hora de processar informações. Existe uma infinidade deles, como desprezar prováveis conseqüências negativas de uma decisão, conferir maior peso à primeira informação coletada ou confiar demais em eventos passados e na infalibilidade do próprio julgamento (leia mais no quadro Como Ampliar os Limites da Sua Consciência).

16) Conheça cultura e objetivos da empresa

O que é a melhor decisão para uma empresa pode ser um verdadeiro fracasso para outra. O desempenho de alguém como tomador de decisão não depende apenas de sua inteligência, depende também do grau de ajustamento entre a cultura da organização na qual se toma a decisão, afirma Luiz Flavio Autran Monteiro Gomes, autor de Teoria da Decisão, da Editora Thomson, e professor do Ibmec do Rio de Janeiro. Pense nos objetivos da sua empresa no longo prazo e nos impactos que as decisões de hoje terão sobre o futuro.

17) Não caia no erro da arrogância


Esse pode ser o maior inimigo de uma boa decisão. As certezas absolutas são perigosas. Por mais que você esteja convencido da sua escolha, coloque suas verdades à prova, deixe que elas sejam questionadas por pessoas que tenham o distanciamento necessário para enxergar possíveis falhas.

18) Convença o cético

Se você for capaz de expor uma história convincente, apresentando a base da decisão a um colega cético, explicando o que é, por que chegou até ali, quais alternativas você tinha e por que rejeitou as demais, há uma grande chance de que você tenha refletido o suficiente sobre a sua decisão. O exercício de verbalizar seu pensamento pode ajudar a identificar possíveis falhas. O mesmo vale para um trabalho de aconselhamento profissional. Stella Angerami, sócia-diretora da Counselling by Angerami, afirma que a tarefa de desconstruir a decisão de um executivo para construí-la novamente é usual em seu escritório. Eu represento o lado que questiona, diz Stella.

19) Tenha um plano B

Decisão é uma escolha que fazemos sobre o futuro. Não importa o modelo de previsão que usemos ou o quanto temos de informação ou opinião de especialistas, o futuro será diferente do que imaginamos. Sempre há chance de errar, afirma Vicente Ferreira, do Coppead. Se não há como evitar completamente o risco, é fundamental estar preparado para minimizar as conseqüências de um possível engano. Para isso, tenha sempre um plano B bem estruturado. O executivo que tem um plano só deveria ter um plano de demissão, diz o professor.

20) Antes de bater o martelo...

Faça essas perguntas a si mesmo*:

a) Qual é o problema? O que, em termos gerais, devo decidir?

b) Quais são os objetivos fundamentais?

c) Quais são minhas alternativas?

d) Quais são as conseqüências de cada alternativa em termos de obtenção de cada um dos meus objetivos?

e) Quais negociações preciso fazer entre meus objetivos mais importantes?

f) Algumas incertezas implicam problemas sérios? Qual será o impacto delas sobre as conseqüências?

g) Que margem de risco estou disposto a correr? Até que ponto são boas ou más as várias conseqüências possíveis? Quais os caminhos para reduzir meus riscos?

h) Fiz um planejamento prévio, com projetos para o futuro?

i) A decisão está bem definida ou óbvia no momento? Ela poderia ser melhorada se eu pudesse empregar mais tempo e esforço? O que deve ser melhorado? Se a decisão ainda não está clara, quais são os itens mais críticos? Que fatos e opiniões facilitariam meu trabalho?

21) E lembre-se...


dos sete princípios de uma empresa orientada para decisões**

a) Algumas decisões têm mais peso do que outras. As cruciais para agregar valor ao negócio são as que mais importam.

b) A meta é a ação. A boa tomada de decisão não acaba com uma decisão, mas com sua implementação.

c) A ambigüidade é o inimigo. A clara atribuição de responsabilidades é essencial.

d) Velocidade e adaptabilidade são cruciais. Os melhores tomadores de decisão criam um ambiente em que as pessoas podem se reunir rápida e eficazmente para tomar as decisões mais importantes.

e) Papéis de decisão prevalecem sobre o organograma da organização. Nenhuma estrutura de tomada de decisões será perfeita para toda decisão. O segredo é envolver as pessoas certas no nível certo dos setores certos no momento adequado.

f) Uma organização bem alinhada reforça os papéis.
É preciso reforçar a abordagem correta para a tomada de decisões com medidas, atitudes e incentivos, fluxos de informação e cultura, ou esse comportamento não fará parte da rotina da equipe.

g) Praticar supera a pregação. Envolva em seu projeto as pessoas que conviverão com os novos papéis de decisão.

Desconexão

- Como os executivos planejam:

66% periodicamente (planejamento estratégico realizado em datas prescritas);

67% unidade por unidade.

- Como os executivos decidem:

100% continuamente (decisões estratégicas são tomadas sem considerar o calendário);

70% questão por questão.

Dificuldade brasileira

“Executivos brasileiros têm muita dificuldade de dizer não. Para evitar, eles ocupam tempo e energia de todos. Precisam entender que ‘não’ também é uma decisão.” Manfred Stanek, austríaco, presidente da Proudfoot Consulting no Brasil

Como ampliar os limites da sua consciência

Você pode aprender a localizar mais informações úteis para tomar uma decisão inteligente:

VEJA

Saiba o que você procura e treine seus olhos. Você pode reconhecer riscos fazendo perguntas como “E se nossa estratégia estiver errada? Como saberemos?”. Essas questões fazem com que você preste mais atenção a áreas a que normalmente não está atento.

Desenvolva a (ou pague pela) perspectiva de uma pessoa de fora. Peça a alguém ou a um grupo para lhe contar coisas que você não vê do seu ponto de vista. É vital ter dados à sua disposição, mesmo que você saiba que não pode implementar uma recomendação radical.

PROCURE

Questione a ausência de evidência contraditória. Receber recomendações sem dados contraditórios é um sinal de alerta de que sua equipe está se tornando prisioneira da consciência confi nada. Designe alguém para o papel de inquisidor do diabo, uma pessoa que faça perguntas (diferentemente do advogado do diabo, que defende um ponto de vista alternativo).

Procure menos detalhes na maioria dos contextos e mais detalhes em contextos importantes. Pense sobre as implicações de um erro. Quanto maiores elas forem, mais sábia será a estratégia de obter mais informações.

USE

“Desembrulhe” a situação. É menos provável que você negligencie dados importantes se pensar conscientemente sobre o amplo contexto da situação.

Suponha que as informações de que precisa existam em sua organização. Muitas vezes elas estão lá e, mantendo essa atitude, você tem mais chances de descobri-las.

COMPARTILHE


Todo mundo tem informações únicas, peça-as explicitamente. É importante compartilhar as informações individuais.

Crie estruturas em que o compartilhamento de informações seja tanto natural quanto automático.



 
Referência: curriculum.com.br
Autor: Fernanda Bottoni
Aprenda mais !!!
Abaixo colocamos mais algumas dicas :