Mudar de emprego hoje em dia virou moda. Muitas vezes, o profissional
passa
alguns meses em uma empresa, desenvolve um projeto, e já se prepara para
dizer adeus, seja para procurar uma nova recolocação ou por ter recebido uma
proposta irrecusável. Mas, afinal, estas constantes mudanças ajudam ou
atrapalham no futuro?
Há alguns anos, o "pular de galho em galho" fazia um enorme estrago no
currículo. Hoje, parece que as empresas não estão mais tão preocupadas com o
tempo que um funcionário permaneceu nos empregos anteriores. Segundo José
Augusto Minarelli, presidente da Lens e Minarelli Associados, empresa de
Outplacement e aconselhamento de carreira, o conceito de tempo de serviço vem
mudando.
Antigamente, era valorizado o funcionário que permanecesse 10, 15 anos na
mesma empresa, pois mostrava fidelidade. "Com a globalização e o avanço
tecnológico, as empresas precisaram mudar o quadro de funcionários, provocando
uma maior rotatividade da mão-de-obra", explica o consultor.
A Internet foi a maior responsável por esta nova realidade. Empresas do mundo
web contratam e demitem funcionários a todo momento. "Em menos de um ano,
trabalhei em quatro empresas diferentes", diz Vanduir Lopes Silva, webmaster de
22 anos.
"Diferente do que se pensava, os empresários não vêem o trabalhador rotativo
como uma pessoa irresponsável, que não passa credibilidade. Pelo contrário,
hoje, mesmo que você desenvolva um bom trabalho, se foi contratado para um
projeto será dispensado ao final das atividades", avalia Minarelli.
Não é desta forma que pensa Rodolfo de Oliveira Estece, consultor da BRM
Associados. Para ele, saltar de emprego em emprego pode trazer conseqüências
negativas, além de contribuir para diminuir o poder de negociação salarial no
futuro. "Você acaba perdendo a credibilidade. Demonstra que qualquer proposta
irá fazê-lo desistir do projeto atual", explica.
Caio Graco Orlando de Mello Júnior, analista de sistemas, 23 anos, garante
que apesar da rapidez com que mudou de emprego, jamais deixou de terminar um
trabalho. Para ele, diferente do que acredita Rodolfo, todas as suas mudanças
envolveram aumentos salariais. "Acho que mudar muito de emprego prejudica seu
currículo se você agiu com irresponsabilidade. Agora, se você termina o que
propôs, não tem problema."
Os departamentos de recursos humanos também apresentam opiniões
diferenciadas. Antonio Lorente Júnior, supervisor de RH da Logistech, sempre
considera o tempo de permanência no último serviço ao selecionar profissionais.
"Tento descobrir o que aconteceu, o porquê da não-adaptação. Mas acho que um ano
é o tempo mínimo para se permanecer em um emprego." Já Benedito Pagani, diretor
de RH da Ace Nielsen, desconsidera o fator tempo. Para ele, o importante é a
vontade de buscar novos desafios e a capacidade de transformar idéias em
realidade.
Mas há alguns pontos em que os consultores concordam: se o salário realmente
compensar e a proposta for tentadora, não há o que pensar, é só encarar a
mudança. Afinal de contas, ninguém em perfeito juízo perde uma oferta de
crescimento profissional e financeiro só porque não tem um ano de casa!