Você costuma pensar nas coisas que você tem feito na vida e pela vida? Costuma
parar para saber se o caminho que você está trilhando é o que gostaria de
seguir? Está habituado a se perguntar se a sua atitude de hoje está te levando
para mais próximo do ponto de chegada? Percebo, ao longo de minha vida, o quanto
é surpreendente e fácil ser pego pela ilusão das nossas atividades, da nossa
pressa, da correria do cotidiano, das tarefas inadiáveis, intolerância,
arrogância, prepotência, exigência, impaciência, trabalho árduo de cada dia para
subir a escada do ter mais sucesso, dinheiro, patrimônio, riqueza, e por
aí vai.
Não vejo nada de errado nisso, desde que, é claro, você aja com consciência,
competência, benevolência, sabedoria etc. O que assusta é descobrirmos que
passamos boa parte de nossas vidas nos preocupando com o ter, sem dar a
devida importância ao ser. Recentemente, ao terminar um seminário, fui
procurado por um jovem de uns trinta anos. Em poucos minutos ele me contou sobre
a sua trajetória profissional. Ele me disse que antes dos vinte anos de idade
abriu uma empresa e que de lá para cá ela não parou de crescer.
O jovem me relatou que quando tiver concluído a obra de uma filial as coisas
ficarão melhores ainda. Disse-me também que se tivesse um sócio ou um executivo
bem preparado para ajudá-lo, estaria lucrando mais. E, finalmente, ressaltou que
se tivesse mais dinheiro o seu negócio certamente seria mais próspero. Fiquei
pensando nas várias investidas que aquele rapaz empreendedor me contou. Pude
perceber que quase tudo que ele me disse referia-se a ter e muito pouco a
ser. A partir daí, comecei a ficar mais atento com as pessoas que
conversam comigo sobre vida, negócios, família, lazer etc.
A conclusão que chego é que as pessoas passam boa parte da vida em busca do
ter, algo do tipo:
- se eu tivesse mais tempo...;
- se eu tivesse mais dinheiro...;
- se eu tivesse um carro...;
- se eu tivesse uma casa nova...;
- se eu tivesse um verdadeiro amigo...;
- se eu tivesse uma formação melhor...;
- se eu tivesse um chefe mais companheiro...;
- se eu tivesse uma nova oportunidade...;
- se eu tivesse como tirar férias... etc.
É impressionante como esquecemos da importância do ser para ter
o que queremos. Imagine se ao invés de ficar lamentando a falta do ter, a
pessoa adotasse uma postura pró-ativa em prol do ser. Daí, tomando por
base os exemplos acima evidenciados, ela poderia mudar a estrutura de seu
pensamento, passando a refletir de acordo com as novas formulações a seguir:
* se eu for mais organizado com relação ao tempo que disponho...;
* se eu for mais estudioso, poderei no futuro conseguir uma colocação melhor;
* se eu for morar mais próximo do meu trabalho, talvez não precise de carro;
* se eu for mais cuidadoso com meus gastos pessoais, talvez consiga trocar a
minha casa atual por uma nova;
* se eu for mais atencioso com as minhas amizades...;
* se eu for mais dedicado e disciplinado nos estudos...;
* se eu for mais compreensivo, tolerante e pró-ativo, talvez possa melhorar o
relacionamento com o meu chefe;
* se eu for mais persistente, atencioso e participativo, talvez surja uma nova
oportunidade;
* se eu for menos centralizador e confiar mais nas pessoas, talvez seja possível
tirar uns dias de férias com a família.
Tenho testemunhado muitos exemplos de pessoas que passaram boa parte da vida
buscando o ter sem se darem conta de que, muitas vezes, o ser é o
caminho mais curto e seguro para se ter o que deseja. Sair por aí como um
trator de esteira abrindo caminho na marra, sem planejamento, cuidados
adequados, respeito ao próximo, causando mágoas e ressentimentos, pode ser igual
ao carpinteiro que, sobrecarregado com seus apetrechos de trabalho, sua a camisa
para alcançar o último degrau de uma enorme escada só para constatar que a
apoiou na parede errada.
Será que não seríamos pessoas melhores e mais felizes se nos preocupássemos
mais com o ser do que com o ter? Pense nisso! Um ótimo dia e até a
próxima.