Dizem que vivemos numa era como nunca vista antes - a Era da Informação. Existe
informação disponível sobre tudo e todos a qualquer momento. São blogs, vídeos,
artigos, revistas, cursos de todo e qualquer assunto que se possa imaginar e
necessitar. Diante disso, a difícil pergunta que surge é: O que, onde, como, por
que e para quê vou precisar aprender algo novo?
Talvez não nos apercebamos disso de modo tão pleno, mas toda essa enxurrada
de informação e conhecimento disponível transformou a nossa vida, levando-nos
por um caminho sem volta. Não podemos mais nos dar ao luxo de não absorver novas
informações. Se não atualizarmos constantemente nosso conhecimento, seremos
substituídos por aqueles que o fazem. Na verdade, o processo de aprendizado
passa a ser contínuo, onde mal terminamos de estudar algo novo e quase sempre
temos de atualizar o que aprendemos.
Você cursou a faculdade? Sinto ao dizer-lhe que isso não lhe prestará para
muita coisa. Talvez até 2/3 de todo o conhecimento adquirido numa faculdade já
estará desatualizado no momento em que se formar.
Acha exagero? Pois não é. O que você tira de real proveito num curso de
graduação é a melhoria na capacidade de absorção de novos conhecimentos, na
capacidade de análise crítica e a síntese da profissão escolhida. Isto é, se
estudou direito, ao sair da faculdade terá subsídios para aprender algo
realmente aplicável sobre direito. O mesmo se dá em outras áreas. Se não, para
que serviriam os programas de trainee? Então não vá “se achando”, só
porque fez uma faculdade, porque isso não é um passaporte para o sucesso, é
apenas um passo na tentativa de evitar o fracasso profissional.
Em outro aspecto da gestão individual do conhecimento, devemos notar que as
grandes empresas querem saber o que e onde você cursou a sua faculdade. As
instituições de primeira linha, compostas por, na sua maioria, “filhinhos de
papai”, formam uma fila de profissionais que disputarão as mesmas vagas de
trainee que você disputará. Se a sua faculdade não for de primeira linha, a
única vantagem que você tem sobre seus concorrentes é que, enquanto você
estudava com afinco e anotava cada palavra que seu professor colocava naquele
quadro negro com giz, os outros estavam sentados em salas climatizadas,
navegando no Orkut através da rede wireless da faculdade enquanto o
professor, utilizando-se de recursos de última geração, fazia uma chata aula
expositiva.
E o que dizer do MBA? Se você ainda não acrescentou essas três siglas no seu
currículo, pode ter certeza de que perderá 1/3 de todas as chances de conseguir
um bom emprego. Hoje, todos desejam uma especialização. A má notícia é que quase
todos podem ter. Entre MBAs em gestão disso e daquilo, podemos fazer uma lista
com uns cem nomes diferentes. Não se surpreenda se em pouco tempo surgir MBA em
Gestão do Lar ou MBA da Criação de Filhos, porque quase tudo em pós-graduação
que vier depois da sigla tornou-se um apelo da faculdade pela busca de novos
alunos.
A melhor especialização que existe é o “MBA da vida”. É aquele em que aos 14
anos você já trabalha, estuda e não ganha mesada. É aquele onde você “ralou”
fazendo de tudo e, aos 18 anos, depois de limpar todas as suas economias da
poupança, conseguiu comprar aquele fusca com motor quase fundido e funilaria por
fazer. Isso sim é MBA. O resto vai lhe acrescentar mais conhecimento perecível e
vai lhe trazer benefícios também perecíveis. O “MBA da vida”, entretanto, lhe
trará benefícios duradouros.
Acho incrível como as pessoas sonham com o sucesso que um certificado de
curso superior possa dar. As próprias faculdades usam palavras como “realização,
sucesso, superação e conquista”. Porém, passados os anos de estudo, você sai do
sonho e chega à realidade, que aparece, na verdade, bem diferente daquele sonho.
Descobre-se, então, que tudo aquilo não passava apenas de ilusão. Quantos
estudantes de direito vislumbram a possibilidade de serem juízes, promotores e
outros cargos desejáveis, mas ao se formarem sequer conseguem passar no exame da
ordem?
De quem é a culpa de tudo isso? A culpa é de todos. Leia-se “todos”, o
mercado, a concorrência, os facilitadores do conhecimento, a tecnologia, nós e
até o seu cachorro. É, até seu bicho é culpado por tudo isso. Pois hoje tem
psicologia, massagem, acupuntura, escovação e dezenas de outros cuidados para o
seu animal. Por quê? Porque os cachorros já não são mais como antigamente. Eles
têm vontade própria, sentimento, são emotivos e são tratados como gente. É por
essas e outras mudanças que as coisas estão tão difíceis no mercado de trabalho,
pois a maioria dos profissionais é ensinada a ver o mercado como ele foi e não
como é.
Um exemplo clássico disso são os cursos de profissões regulamentadas. Eles
formam dentistas, médicos, advogados, psicólogos e não médicos-empresários,
dentistas-empreendedores, advogados-administradores. Aí a faculdade despeja
todos os anos milhares de profissionais que, nos melhores casos, só sabem cuidar
de dente, de doença, de leis, mas não de finanças, negociação, precificação ou
administração.
E o que o futuro nos reserva? Não sei, mas uma das coisas de que tenho
certeza é que a concorrência profissional vai aumentar a cada dia. Aliás, já
estou tomando meus cuidados porque vejo que se não me atualizar logo, em pouco
tempo perderei meu emprego para minha própria filha, que hoje tem três anos.
Minha preocupação é justificável por diversos fatores. Meu primeiro contato
com um telefone celular se deu aos 22 anos, a Internet aos 23, câmera digital
aos 28 anos, voip aos 30 e Youtube no mês passado. Já a minha
filha com três anos de idade fala ao celular, tira foto com a câmera digital,
usa o controle remoto, DVD, home theater e, ao utilizar o Skype
exige a web cam. Só não usa a Internet, porque não sabe ler e escrever.
No meu tempo, desenho animado era Pateta, Pato Donald, Mickey Mouse e
semelhantes. Hoje eu só a ouço falar em Backyardgans, Lazytowne
Clifford e Barney. Onde é que vamos parar? Acha exagero? Pode achar o
que for, mas é certo que você deve tomar cuidado.
O que, afinal, o mercado quer de nós? Ele quer profissionais
multi-qualificados, multi-tarefeiros, multi-habilidosos, poliglotas, que sabem
trabalhar sob pressão, que buscam resultados. Que não precisam dormir, sem
problemas emocionais, inteligentes, que sabem se vestir, falar, ouvir, sentir,
compreender e se fazer ser compreendidos, ágeis, com todo o tempo livre, abertos
a mudanças, atualizados no conhecimento, ao mesmo tempo especialista e
generalista, com visão sistêmica, adaptáveis, honestos e com perfil de
liderança. Só isso! Portanto, pare e reflita: Até que ponto a busca do
conhecimento afeta você?