A imagem de uma multidão se amarrotando, com
telefones aos ouvidos, berrando “compra!”,
“vende!”, movimentando milhões e milhões das
mais diversas moedas do mundo, pertencentes a
magnatas donos de empresas multinacionais é a
primeira idéia que passa pela cabeça de quem
pensa no mercado de ações.Mas nem tudo é
assim. Nós plebeus, donos de modestas quantias
que nos sobram após pagar as contas do mês,
também podemos participar deste mundo – e sem
ter que passar pela parte dos empurrões.
É possível sim investir quantias acessíveis
na bolsa de valores de maneira fácil e sossegada
e já existe vários exemplos bem sucedidos de
pessoas físicas que iniciaram seus investimentos
com R$ 100 e, depois de um ano, administram
carteira com mais de R$ 200 mil.O mais
importante para que isso ocorra é estar aberto
para esta nova experiência.
Questão de cultura
Um dos principais entraves para a tomada da
decisão de investir na bolsa é a questão
cultural. “No Brasil, quando falamos em poupar
pensamos em caderneta de poupança, mas poupança
é guardar para o futuro”, diz o assessor de
investimentos da corretora Gradual, Luís Rossi
Menezes.
Guardar o dinheiro para o futuro e ainda ter
lucros que superam muitas vezes os da caderneta
de poupança - O índice IBovespa, da Bolsa de
Valores de São Paulo, registrou entre setembro
do ano passado e setembro deste ano lucros de
68,02%, enquanto a poupança, no mesmo período,
teve rentabilidade de 12, 49% - são grandes
motivos para essa mudança de comportamento.
Nos EUA, o hábito de investir na bolsa é
bastante disseminado entre a população. O
costume brasileiro de abrir uma caderneta de
poupança para uma criança que acaba de nascer,
na terra do Tio Sam é direcionado para as ações.
O resultado disso é que na bolsa de valores
norte-americana, 70% dos investidores são
pessoas físicas.
Risco consciente
É certo que investir em ações pode gerar
certa insegurança quando se pensa no sobe e
desce do pregão anunciado todos os dias nos
jornais. Mas as coisas não funcionam bem assim:
o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (IBovespa),
principal índice do país, é uma média baseada
nos resultados dos papéis das 54 empresas mais
representativas do mercado.
Isso quer dizer que, se uma grande empresa
registrar uma grande perda, ela pode causar uma
baixa no índice, mesmo que outras delas
apresentem alta.
Dessa forma, você ainda pode lucrar, caso
tenha escolhido para compor a sua carteira as
ações positivas. É claro que o contrário também
pode acontecer, mas para prevenir o pior,
existem algumas precauções a tomar.
“É preciso conhecer os riscos que se corre
para investir conscientemente e sem medo”, diz
Geraldo Soares, vice-presidente do Instituto
Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) e
membro do conselho do Instituto Nacional do
Investidor (INI).
Para começar, é bom conhecer as maneiras que
uma pessoa física pode investir na bolsa:
Casos de sucesso
Elas eram amigas há muitos anos e estavam
prestes a se aposentar. As 14 mulheres ligadas à
área do ensino queriam uma alternativa para o
afastamento natural que ocorre quando
companheiros de trabalho se separam e para a
queda no padrão de vida depois da aposentadoria.
Decidiram, então, montar um clube de
investimento.
“Pesquisamos bastante, vimos várias
alternativas, mas optamos pela bolsa até pela
curiosidade feminina por coisas novas”, conta
Rosegleyde de Souza Rocha, coordenadora do Clube
de Investimento Entre Amigos – CIA Invest.
As amigas começaram investindo R$ 100 cada e
fazem aportes mensais mínimos desta mesma
quantia. Os R$ 1400 iniciais viraram hoje uma
carteira que fica em torno de R$ 250 mil e R$
300 mil.
“Atualmente eu resgato os lucros duas vezes
por ano, como se fosse um 14º e 15º salário”,
conta Rosegleyde.
Outro caso de sucesso é o clube formado por
funcionários da operadora celular Vivo, o Clube
de Investimento Amigos Vivo, que optou por
aportes mensais de R$ 50 e, registrando
rendimento de 90, 46% em um ano de operação, tem
atualmente um fundo com mais de R$ 200 mil.
Interesse crescente
“No Brasil existem 905 clubes de investimento
e acreditamos que existe potencial para dobrar
este número em um ano”, projeta Geraldo Soares.
Esse é fruto de um trabalho que vem sendo
desenvolvido pela Bovespa, que está levando
informações sobre o mercado financeiro até as
pessoas. Programas de visitas à empresas,
abertura do prédio da bolsa para visitação,
colocação de quiosques espalhados por diversas
cidades do país estão surtindo efeito.
Na década de 90, o número de investidores
pessoas físicas na bolsa era de apenas 5% do
total. Atualmente, este número passou para 30%.
Já são mais de 100 mil pessoas físicas
investindo na bolsa e, segundo Soares, este
número também tem condições de crescer 100% no
mesmo período