No dicionário, a palavra temperamento é definida como "estado fisiológico ou
constituição particular do corpo; o conjunto de traços psicofisiológicos de uma
pessoa, e que lhe determinam as reações emocionais, os estados de humor, o
caráter; índole, feitio, caráter, têmpera".
Já há bastante tempo, estudantes dos Estados Unidos, do Canadá e do Japão
escolhem suas futuras profissões com ajuda de um teste bastante simples, para
conhecer seus respectivos temperamentos. Aliás, a palavra é muito mais profunda
do que imaginamos, porque ela reflete a espinha dorsal da nossa personalidade,
ou seja, é o temperamento que define nossa maneira de ver o mundo e nos
relacionarmos com as pessoas.
É por meio dele também que descortinamos nossos interesses e aspirações, os
valores éticos e morais que defendemos e o "mundo" em que preferimos viver, em
termos concreto ou abstrato.
Teste
O CIEE (Centro de Integração Empresa Escola) disponibiliza em seu site, no link
http://www.ciee.org.br/portal/estudantes/temperamento/index.asp, um teste para que os jovens possam detectar o
próprio temperamento e, com isso, qual a profissão mais indicada para eles.
Ao final dele, o portal da entidade emite uma resposta, que pode ser impressa,
com a descrição das características mais fortes do participante e as profissões
que se encaixam melhor no perfil.
Como estudos indicam que existem, basicamente, quatro temperamentos, o teste do
CIEE divide as pessoas em quatro grupos: hedonistas, guardiões, idealistas e
cerebrais. Vale a pena conferir seu temperamento, mesmo que você já tenha uma
carreira consolidada. É um exercício interessante de autoconhecimento.
Durante o teste, o participante responde questões sobre o modo como prefere
levar a vida, com muita rotina ou não; a capacidade para lidar com o inesperado;
a habilidade de compreender o próximo; a preocupação com questões humanas; e a
forma como deseja ser visto pelo grupo de trabalho. Afinal, você preferiria ser
um executivo bem-sucedido, um craque num ofício, um especialista ou cientista,
ou um profissional liberal de prestígio?
Vocação e temperamento
De acordo com o CIEE, os temperamentos são estudados há mais de 25 séculos. Na
Bíblia, por exemplo, o profeta Ezequiel dividia a humanidade em quatro deles:
leão, boi, homem e águia. Depois, os filósofos gregos Platão e Aristóteles
atribuíram outros nomes aos temperamentos: Artesão, Guardião, Idealista e
Racional (Platão); Hedonista, Proprietário, Ético e Dialético (Aristóteles).
"O médico romano Galeno, que viveu no século II da nossa era, denominou os
temperamentos como sangüíneo, melancólico, colérico e fleumático. A influência
de Galeno foi tão grande que persiste até os dias de hoje", conta o CIEE.
Mas as teorias mais modernas sobre temperamentos surgiram após o lançamento da
obra "Tipos psicológicos", do psicólogo Carl Gustav Jung. Na década de 80, as
teorias sobre os processos mentais de percepção, análise e tomada de decisão
(escolhas), que formam a base da Teoria dos Temperamentos, foram comprovadas
pela neurociência, sendo atualmente aplicadas em todo o mundo.
Teste vocacional é apenas auxiliar
Apesar da importância de testes como esse, é importante lembrar que os testes
vocacionais, sozinhos, não podem definir o que é melhor para alguém, em termos
de carreira. Para a psicóloga Rosemary Araújo, que trabalha com orientação
vocacional há 17 anos, eles são apenas auxiliares. "A escolha da profissão exige
uma análise mais profunda", esclarece.
Ela, por exemplo, orienta estudantes que ainda estão escolhendo a profissão por
meio de cinco etapas: entrevista (para saber como é a vida do estudante e como
foi sua educação), pesquisa de dados sobre as profissões, teste vocacional,
teste de personalidade (aqui é avaliado o perfil profissional da pessoa) e
entrevista final, para saber se o resultado está de acordo com as expectativas.
"Outro dia, dei orientação a uma moça que tinha tudo para ser médica. Era o que
ela queria e, por ser inteligente, acredito que passaria na faculdade.
Entretanto, no teste psicológico, ficou claro que ela não conseguia trabalhar
sob pressão, característica inerente ao trabalho do médico. Como o curso de
medicina é demasiadamente puxado, ela provavelmente desistiria da faculdade",
conta Rosemary.
Para a especialista, um dos principais problemas é que, no Brasil, os jovens são
obrigados a escolher muito cedo o que farão, teoricamente, para o resto de suas
vidas. "A decisão é tomada em uma idade de inseguranças, na qual poucos possuem
maturidade emocional. A maioria nem se descobriu direito, por isso recomendo
buscar orientação".