Durante a consulta, Celina, que atua como gerente da área de TI de uma
instituição financeira, não sabia dizer exatamente quando os sintomas começaram
porque fora algo progressivo, há meses sofria constantemente de dores de cabeça,
insônia, sensação de exaustão e problemas gastrointestinais. Aliado a isso, o
estado emocional de Celina com relação ao trabalho também não era dos melhores,
sentia-se irritada, pressionada pelo trabalho, tinha problemas com a chefia,
trabalhava com prazos impossíveis de serem cumpridos, com uma equipe e um
sistema falhos, o que a deixava com uma constante sensação de falta de eficácia
e falta de esperança no trabalho, por mais que se empenhasse, tinha a sensação
de que nunca iria alcançar as metas estipuladas a ela.
Com o tempo, foi adoecendo com mais facilidade, e as gripes, que antes eram
facilmente controladas com analgésicos, agora a derrubavam na cama, e, nos
últimos tempos, problemas cardíacos começaram a surgir obrigando-a a faltar no
serviço e buscar ajuda médica. Mais tarde, conversando com seu médico, percebeu
que seus problemas de saúde foram ocasionados pela exposição crônica a agentes
estressores no trabalho, e foi assim que Celina conheceu a Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout é um estresse relacionado ao trabalho que resulta da
luta prolongada do paciente contra agentes estressores no trabalho, e está sendo
cada vez mais estudada por conta de sua correlação com o baixo rendimento e
comprometimento com a empresa, absenteísmo (falta no trabalho), aumento de
acidentes no trabalho, intenção de deixar o emprego e alta rotatividade. Os
sintomas físicos do Burnout podem incluir dores de cabeça, transtornos
gastrointestinais, tensão muscular, hipertensão, episódios de resfriado/gripe,
distúrbios do sono, problemas cardíacos, dor lombar, ansiedade e depressão.
Estudos também apontam que a propensão ao estresse não é igual para todas as
pessoas. Algumas serão mais e outras menos atingidas, e outras não sofrerão
estresse. O que diferencia são os traços de personalidade e os recursos internos
que as pessoas possuem para lidarem com as adversidades do trabalho, esses
recursos serão mais eficientes quanto maior for o conhecimento de si mesmo.
Portanto, a boa notícia é que boa parte da solução também pode estar ao seu
alcance, ou seja, você pode amenizar o impacto negativo dos problemas
relacionados ao trabalho sobre sua qualidade de vida física e psíquica.
É claro que não há fórmula certa contra o estresse, justamente por ser um
conjunto de variáveis externas (relacionados ao ambiente) e internas
(relacionado às questões psíquicas) que nos torna mais ou menos vulneráveis ao
estresse. Mas é possível adotar algumas medidas que auxiliam na manutenção da
saúde contra o estresse, seguem algumas dicas:
Pratique exercícios: o estresse lesa menos pessoas fisicamente
ativas. Procure fazer algo que sinta prazer: caminhadas leves, natação,
ginástica localizada, yoga, etc.
Tenha um hobby: caso o seu trabalho não lhe proporcione prazer, mas
você se sente impossibilitado de sair imediatamente por questões financeiras,
uma saída é desenvolver um hobby. É preciso encontrar prazer de alguma forma no
trabalho, o hobby seria uma espécie de segundo trabalho, onde a pessoa pode
focar a atenção sem tantas interrupções, em ambiente mais controlado e encontrar
prazer no próprio processo do trabalho. Já vi vários casos em que o hobby se
tornou profissão. Pense nisso!
Procure pensar positivo: tenha consciência de que preocupação demais
não solucionará o problema. Criatividade só vem quando a mente está tranqüila.
Conheça a si mesmo: só assim você descobrirá as melhores formas de
lidar com as adversidades da vida e superar os desafios de forma mais positiva e
sadia. Lembre-se que todos nós temos problemas, o que diferencia é a forma de
lidar com os eles.