Negócios / Empreendedorismo - É fundamental separar as finanças da empresa das finanças pessoais
Controlar adequadamente as finanças da microempresa pode
parecer uma tarefa das mais árduas para o pequeno empresário. Mas é preciso
encará-la com muita seriedade. Afinal, ter uma gestão equilibrada do dinheiro é
fundamental. Caso contrário, o balanço não vai fechar. A bagunça pode levar você
à inadimplência e a empresa à falência. Saiba que, com um pouco de disciplina, a
tarefa não é tão difícil quanto parece. Basta começar. Veja a seguir alguns
pontos fundamentais:
Pró-labore - É preciso definir o valor da remuneração fixa
mensal do proprietário ou dos sócios, o chamado pró-labore, que entrará na lista
de custos da empresa. Muita gente tem dificuldade de determinar o salário justo
para o próprio cargo. Para isso, uma das maneiras é buscar referências. Pesquise
no mercado sobre a remuneração de profissionais que exerçam a mesma função. Na
comparação, é importante considerar o perfil também da empresa. Uma grande
corporação, em geral, paga salários mais competitivos e precisa reter talentos.
É preciso ter em mente que o valor do pró-labore periódico deve ser compatível
com a capacidade do caixa da empresa. Ou seja, ele não pode ser elevado a ponto
de descapitalizar o negócio.
Para a fase inicial das pequenas empresas, os técnicos do Sebrae (Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas) fazem a seguinte recomendação: faça a conta
de todas as suas despesas pessoais durante o ano. Estabeleça um valor médio como
pró-labore. Lembre-se que nessa remuneração não há pagamento do 13º salário e de
1/3 sobre as férias.
Para isso podem ser usados modelos de planilhas, como esta:
Necessidades Pessoais |
Valores Previstos |
Despesas totais com supermercado |
R$ 600,00 |
Despesas totais com escola/educação |
R$ 400,00 |
Despesas totais com combustível/veículo |
R$ 200,00 |
Despesas totais com lazer e passeios |
R$ 150,00 |
Despesas totais com vestuários e calçados |
R$ 100,00 |
Despesas totais com medicamentos e saúde |
R$ 100,00 |
Despesas com parcela de viagem de férias |
R$ 100,00 |
Outras despesas pessoais |
R$ 200,00 |
Total das despesas pessoais = pró-labore |
R$ 1.800,00 |
Depois, quando a empresa estiver com as finanças em ordem e
dando lucro, é possível definir também a participação nos resultados. A
distribuição dos lucro s pode ser trimestral. Mas saiba que os rendimentos
positivos da empresa (pessoa jurídica) não são seus (pessoa física)
propriamente. Por isso, estipule a sua participação.
Conta bancária - É fundamental ter contas correntes separadas
para a empresa e a pessoa física. Assim, para as despesas da empresa, por
exemplo, será usado o cheque ou o cartão corporativo. Os pagamentos recebidos
pela empresa também devem ser depositados nesta conta. Não caia na tentação de
pagar uma conta pessoal com o cheque da empresa. Esse pode ser o primeiro passo
para bagunçar as finanças. É por isso que muitos empresários não sabem se têm um
negócio lucrativo ou não. O dinheiro que entra desaparece sem controle. As
mesmas regras são válidas também para os cartões de crédito e financiamento. A
diferenciação bancária também é importante para efeitos fiscais. Afinal, você
poderá facilmente provar o seu faturamento. Fica mais fácil fazer a declaração
de Imposto de Renda.
Investimentos - A carteira de investimento também deve ser
separada. Uma para a empresa outra para as suas aplicações pessoais. Toda
companhia, independente do porte, precisa de um caixa reserva, para emergências,
e esses recursos devem ficar longe das aplicações de mais risco. As instituições
financeiras, em geral, oferecem produtos de investimento exclusivos para
empresas. Há cada vez mais opções.
Compras - Não coloque na mesma cesta as compras da casa e os
suprimentos para a empresa - mesmo que ela funcione na sua residência. É preciso
identificar as despesas da empresa e as suas. A empresa não deve pagar as suas
contas e vice-versa. Se eventualmente pagou uma despesa, como a despesa de um
almoço com um cliente, com o seu cartão pessoal, faça um pedido de reembolso.
Muitas pequenas companhias ficam no vermelho porque o empresário perdeu o
controle ao misturar o caixa da empresa com suas finanças pessoais e acabou
gastando mais do que devia.
Automóvel - É comum os pequenos empresários utilizarem apenas
um veículo tanto para a empresa quanto para o seu transporte pessoal. Se bem
administrado, isso não é um problema. Caso o carro pertença à empresa, basta
você assumir as despesas do uso pessoal, como combustível e manutenção depois de
uma viagem de lazer. Para evitar a tentação de subestimar os custos e despesas,
os consultores recomendam determinar, em contrato, uma taxa de manutenção a ser
abatida do pró-labore pelo uso do automóvel com base na média da quilometragem
rodada. O valor pode ser até 20% inferior ao cobrado por uma locadora de carros.
Se no seu caso a situação é inversa, o seu carro é usado para resolver questões
da empresa, siga a mesma lógica. Você terá um pagamento que saíra do caixa
jurídico referente ao pagamento do aluguel do carro.
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