Receber um aumento, todos querem. Alguns, no entanto, desistem só de pensar
em ter que encarar o chefe para fazer o pedido. Outros são impedidos de seguir
em frente pelo medo de receber um NÃO. Há ainda aqueles que, apesar de encarar
todos esses desafios, não se saem bem na transação. Sorte ou azar? Isso não vem
ao caso nesse momento. Uma coisa é certa: o sucesso de uma negociação salarial
depende de alguns detalhes. Uns pequenos, outros nem tanto.
Para ajudar você a se preparar melhor para lutar por um aumento, o Universia
consultou diversos especialistas em recursos humanos que descreveram o que pode
colocar tudo a perder quando você está frente a frente com o gestor. Confira os
dez erros fatais na negociação salarial!
Não se planejar
O planejamento é o principal responsável pelo sucesso de uma negociação. O
despreparo pode colocar em xeque o aumento salarial esperado. É preciso montar
um diálogo e reunir evidências que justifiquem a solicitação. Não basta inventar
argumentos, o ideal é investir no produto que será negociado: você. Busque novos
conhecimentos, assim estará agregando valor ao produto e conseqüentemente
ganhará consistência no discurso: 'antes era assim, agora sou assado. Tenho mais
potencial para agregar a empresa'. Essa preparação deve começar no mínimo um ano
antes do pedido. Tire um final de semana e reflita sobre o que espera de sua
carreira nos próximos cinco anos. Pergunte-se: quais as características
necessárias para alcançar seu objetivo? O que é preciso fazer para evoluir? O
profissional é um produto que se não evolui, se transforma em genérico.
Ignorar a situação econômica da empresa
O sucesso da negociação salarial não se restringe apenas aos argumentos do
empregado. É preciso saber também qual é o melhor momento para procurar o
gestor. Nesse quesito, a primeira característica a ser observada é a situação
econômica e financeira da empresa. O 'não' já estará garantido se o profissional
ignorar os déficits do semestre ou a perda de um grande projeto. O melhor
momento para bater na porta do chefe é quando a equipe atingiu as metas ou
quando o setor está planejando o orçamento do anual. Levar em consideração o
humor do empregador também pode ser uma sábia decisão.
Propagar a intenção pela empresa
Propagar sua intenção pela empresa só tende a diminuir as chances da
conquista do tão esperado aumento. A reivindicação deve ser feita única e
exclusivamente ao profissional que tem o poder de decisão. Caso contrário, sua
história pode fazer parte de um grande telefone sem fio terminando com uma
versão distorcida nos ouvidos do gestor que se armará para negar o pedido. Essa
restrição, no entanto, não se limita apenas ao pedido. Ela também deve englobar
o resultado da negociação. A notícia do aumento espalhada pela companhia pode
mobilizar os demais colegas de trabalho e colocar em risco suas conquistas
salariais.
Blefar
O blefe na hora da negociação pode colocar tudo a perder: o aumento e,
inclusive, o emprego. Ao dizer que recebeu uma proposta bem melhor em uma outra
empresa, você se arrisca a ouvir 'boa sorte'. Atualmente, o mercado de trabalho
está favorável a quem contrata e não a quem procura. Enquanto você ocupa uma
vaga, outras dez pessoas esperam pela mesma oportunidade. Evite dar ultimatos e
fazer ameaças. Colocar o gestor contra a parede não vai facilitar a negociação.
Ao contrário, só tende a atrapalhá-la. Converse no tom mais profissional
possível e ouça para ser ouvido.
Usar argumentos superficiais
É comum ouvir discursos baseados na qualidade e responsabilidade do trabalho
desempenhado. Argumentos superficiais que podem comprometer sua imagem diante do
gestor. Responsabilidade e qualidade são fundamentais, independentes do cargo
ocupado e do salário recebido. Elementos que não são mais diferenciais, mas sim
regras básicas para fazer parte do jogo. Condições para você jogar e não para
ganhar.
Se basear no tempo de empresa
Nada de formular seu argumento baseado no tempo em que atua na empresa. Isso
não funciona, até porque os ajustes anuais, geralmente negociados pelos
sindicatos, já são cedidos para acompanhar a inflação. Há apenas dois fatores
para justificar um aumento salarial: mérito ou promoção. Conheça as políticas
internas da sua empresa e verifique quais são suas oportunidades e busque
alcançá-las.
Utilizar argumentos pessoais
Não serão suas necessidades financeiras pessoais que irão convencer seu
chefe a te dar um aumento salarial. Até pode comovê-lo com o discurso, mas o
'choro' não será responsável pelo sucesso da negociação. Não é o que você
precisa que vai determinar o aumento e sim o que você, como profissional,
merece. Por isso, baseie-se em argumentos qualitativos e quantitativos, ou seja,
nas suas competências e nos resultados alcançados.
Fazer comparações salariais
Basear o argumento do aumento salarial na remuneração do colega de trabalho
não é uma atitude ética. Afinal, os salários são sigilosos. Sem contar que você
não foi contratado para medir o merecimento ou não do parceiro. Além de não
convencer o chefe a ceder o bônus desejado, o pedido se transforma em fofoca ou
queixa. Uma postura nada profissional. Mas se o seu salário está defasado em
relação aos demais profissionais que ocupam o mesmo cargo e desempenham as
mesmas atividades que você, o ideal é informar o seu superior, sem citar nomes.
Não ter coerência no valor do aumento
Antes de bater na porta do gestor para pedir um aumento, é preciso definir
quanto se espera receber a mais. Cuidado! Não jogue muito baixo só para ganhar
um sim. Caso contrário, a conquista não resolverá seus problemas e em um curto
espaço de tempo será necessário um novo acordo. No entanto, não seja fantasioso.
Como diz o próprio ditado popular: quem muito quer, nada tem. O ideal é ter
coerência. Faça uma pesquisa de mercado para saber qual é a média salarial de um
profissional na mesma função, levando em consideração o tamanho da empresa e a
região em que trabalha. Apresente essa análise ao gestor. Se o aumento do
salário em si estiver difícil, estude outras formas de remuneração indireta -
tais como bônus, reembolso de algumas despesas, bolsa de estudos.
Desistir com o não
Há apenas duas respostas para o pedido de um aumento: sim ou não. Todos
esperam pela primeira opção. No entanto, é preciso estar preparado para receber
qualquer uma delas. Não há como forçar a chefia a te dar aumento. Se insistir
muito, pode, inclusive, azedar o relacionamento com o gestor. O não, porém, não
é sinal de desistência. É hora de ouvir as razões do chefe e renovar suas metas
para uma próxima oportunidade. Questione: o que eu preciso fazer para obter o
aumento esperado? Com a resposta, vá em busca dele.