Uma das grandes dúvidas dos candidatos a emprego é saber se devem ou não
colocar foto no currículo. Para especialistas, a foto só deve ser colocada se a
empresa exigir e se for um diferencial para a vaga. Além disso, eles recomendam
que a foto seja sóbria, como se fosse em formato 3x4. Mas o candidato à vaga de
emprego não precisa aparecer com "cara fechada". Um sorriso discreto transmite
simpatia e carisma.
Só se a empresa pedir
Camila Mariano, consultora de recursos humanos da Catho, não considera
conveniente anexar foto ao currículo. “O currículo é um documento que deve
destacar as qualificações do candidato. A foto chama mais a atenção pela
primeira impressão que ela causa”, diz.
A consultora recomenda que o candidato coloque a foto se a empresa solicitar,
nunca por iniciativa própria. “Em alguns casos o candidato pode colocar se
considerar que será um diferencial para a vaga, mas só se for para cargos como
recepcionista de evento e promotores de venda.” Mas ela faz uma ressalva: “A
foto tem que ser sóbria, mostrar seriedade, como se fosse uma 3x4 para
documento. Isso evita que o selecionador faça um pré-julgamento por causa da
fotografia”.
Camila já viu candidatos mandarem fotos com amigos, namorados, e em locais como
praias e baladas. “Isso não pode. A foto tem de ser discreta, assim como a
roupa, e têm de aparecer apenas a cabeça e os ombros. De preferência, que se
tire com uma parede no fundo, mas nada colorido. E a pessoa pode sorrir e se
mostrar simpática”.
Três perguntas
O consultor de recursos humanos Marcelo Abrileri, presidente da empresa
Curriculum, diz que antes de colocar a foto no currículo o candidato deve
responder a três perguntas: o cargo exige boa aparência? A foto é de rosto, de
boa qualidade, com bom foco e luminosidade? A pessoa está com boa aparência
nessa foto? E só se a resposta for sim para as três perguntas ela deve ser
colocada. No entanto, um não a qualquer uma das questões é o suficiente para
que, segundo ele, a foto não seja utilizada.
“Nada de colocar fotos mal tiradas, com baixa resolução, fora de foco, com baixa
luminosidade”, alerta o especialista. Outra dica de Abrileri é que a foto seja
atual, nunca antiga. Segundo ele, a foto deve enquadrar o rosto como se fosse um
3x4, com parte do ombro e tronco. “A foto deve transmitir simpatia e carisma,
sempre com bom senso. Mas sorriso muito escancarado não transmite seriedade. O
sorriso tem que ser discreto.”
Para Abrileri, o ideal é o candidato olhar para a câmera imaginando que está
olhando para o entrevistador, e estar vestido com a roupa que ele terá de usar
no dia-a-dia do trabalho. Segundo ele, se a aparência não faz parte dos
critérios de seleção, é melhor não arriscar. O consultor diz que os cargos que
costumam pedir boa aparência são recepcionista, secretária, representante de
vendas, entre outros que exigem relacionamento com o público.
As mulheres podem usar maquiagem, sem exageros. “A mulher pode se maquiar, mas
de forma que o selecionador não perceba que ela está maquiada. Tem que ser uma
maquiagem discreta, que realce a beleza, mas que não demonstre que ela se
maquiou só para fazer a foto”, afirma. Para ele, o candidato deve lembrar que
uma boa foto no currículo pode ajudar, mas sempre será um risco. “Compor o
currículo com esse detalhe mal trabalhado poderá pôr a perder a chance de uma
entrevista presencial”.
Nada de decote e biquíni
Fátima Brandão, consultora de recursos humanos do Grupo Foco, diz que não há
problema de o candidato anexar foto ao currículo, mesmo que o cargo não exija.
“Em processos seletivos com dezenas de pessoas até ajuda a lembrar do candidato,
mas não que isso vá interferir na escolha, é bom para fixar na memória.”
Ela ressalta que a foto deve ser feita com bom senso, alinhada com a área
profissional que o candidato está disputando. “Não pode ser feita com blusa de
alça, decote grande, biquíni, mostrando as pernas, nem levar para o lado
insinuante”. Segundo Fátima, o ideal é um sorriso discreto. “Uma cara simpática
é melhor. Cara fechada passa uma impressão ruim”, diz.
Fátima aconselha que o candidato pense em quem está recebendo o currículo. Para
cargos nas áreas como engenharia, finanças, contabilidade e recursos humanos, a
consultora recomenda que as fotos sejam mais discretas e sóbrias. Em áreas que
englobam profissões mais alternativas, como design, publicidade e artes, ela diz
que o candidato pode enviar fotos um pouco menos formais. No caso de o candidato
apresentar currículo em papel, o ideal é anexar uma foto 3x4. No caso dos
currículos on-line, os sites de emprego reservam um espaço geralmente no canto
superior para o candidato anexar a foto. Assim, deve-se ter o cuidado de colocar
a fotografia de modo que apareça apenas o rosto até no máximo os ombros.
Justiça
Maria Lucia Ciampa Benhame Puglisi, advogada especialista na área trabalhista,
recomenda que as empresas não peçam foto a fim de não dar margem para discussão.
Segundo ela, os critérios têm de ser objetivos. “O candidato pode alegar que foi
preterido por causa da foto e depois a empresa não tem como provar o contrário”,
diz. Segundo Maria Lucia, a lei 9.029/95 proíbe discriminação na admissão ou
demissão por discriminação por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil,
situação familiar ou idade.
“É preciso cuidado, porque se a empresa reprova quem tem mais preparo e
experiência para exercer o cargo pode dar margem para processo na Justiça”. A
advogada informa que o candidato que se sentir prejudicado pode fazer denúncia
ao Ministério Público do Trabalho, que pode intimar a empresa a prestar
esclarecimentos. Dependendo do caso, os candidatos preteridos são chamados para
entrevista de seleção. E a empresa fica sujeita a aplicação de multa e, em
algumas situações, é condenada a pagar indenização por danos materiais e morais.
“Critérios objetivos são pedir o currículo, certificação de formação, aplicar
testes, tudo feito de forma transparente e documentada”, explica.