Carreira / Emprego - Carreira exige dinamismo
O mercado de trabalho muda o tempo todo. Para quem atua na área de mídia
digital, porém, a velocidade com que as coisas acontecem chega a ser espantosa.
“Criamos e desenvolvemos peças, campanhas e projetos voltados para plataformas
eletrônicas como internet e celular”, explica o sócio da Enken, agência
especializada em mídia digital, David Reck.
“É tudo extremamente dinâmico, pois as tecnologias estão sempre evoluindo. Novos
produtos surgem e outros se tornam obsoletos constantemente”, afirma.
No primeiro semestre de 2008, a internet movimentou R$ 321 milhões, o que
corresponde a cerca de 3,5% do total do bolo publicitário, praticamente o mesmo
valor do que foi investido nos canais de TV a cabo. O crescimento total do valor
investido em mídia digital neste ano deverá ser 70% maior em comparação a 2007.
Isso faz com que haja uma verdadeira disputa por profissionais qualificados na
área, como programadores, diretores de arte entre outros (confira tabela com
funções nesta página). “A demanda é enorme, pois portais e agências pequenas ou
grandes estão acordando aos poucos para essas possibilidades e precisam de
assistentes, analistas, diretores, coordenadores e especialistas”, afirma o
diretor comercial da Mídia Digital e professor de MBA da Fundação Instituto de
Administração (Fia), Alejandro Dicovsky.
Investimento seguro
O resultado é uma alta rotatividade dos profissionais nas empresas e salários
bem acima da média. “Existem pessoas que em apenas dois anos e meio aumentaram
os salários em até sete vezes.É comum encontrar jovens entre 25 e 35 anos em
cargos de grande responsabilidade e alta remuneração dentro das agências”,
revela o diretor de Business Intelligence da Direct Performance, Tiago Turini.
De acordo com ele, para suprir a falta de mão-de-obra, garantir a qualidade do
trabalho e evitar os salários inflacionados, a saída é o treinamento interno.
“Demoro em torno de seis meses para formar um profissional, mas a prática tem
compensado. Dos 21 funcionários que tenho hoje, 14 foram 'feitos' aqui.”
A empresa de Turini atua em uma outra vertente da mídia digital, especializada
em transformar números e estatísticas em informação, monitorando, analisando e
otimizando campanhas feitas online. “As ferramentas atuais permitem um controle
total e imediato dos resultados de determinada ação”, ressalta o diretor
executivo da Interactive Advertising Bureau, Ari Meneghini.
Assim, ele acredita que, mesmo em meio à atual crise, a publicidade e o
desenvolvimento de produtos continuem ganhando força na mídia digital. “Os erros
podem ser corrigidos na hora, e o investimento é direcionado de forma mais
segura”, garante.
Dicovsky concorda: “A mídia digital seguramente continuará crescendo pelos
próximos dez anos, independentemente dos últimos acontecimentos na economia
global. As oportunidades e a complexidade só aumentarão”, afirma, ressaltando a
importância da explosão da Web 2.0 (com interatividade dos usuários) em blogs,
fóruns e redes sociais.
Capacidade de aprender
A quem pretende aproveitar o bom momento do segmento para conseguir uma
colocação no mercado de trabalho, os profissionais aconselham muito estudo, seja
nos cursos especializados que estão começando a surgir ou até mesmo por conta
própria, e uma atitude proativa.
“Mais do que currículo, avaliamos o portfólio do candidato”, afirma Reck, da
Enken. É indispensável, portanto, que a pessoa se aventure em pequenos projetos,
com ferramentas variadas, para ter o que mostrar.
Para Turini, o profissional ideal precisa estar sempre atualizado e ter grande
capacidade de aprender. “Daqui a dois anos, o que fazemos hoje não existirá
mais. Não basta conhecer as atuais tecnologias, mas ter capacidade para dominar
as que surgirão.”
Alexandre Carneiro é um exemplo típico do fenômeno que vem acontecendo na área.
Com 25 anos, ele responde pelo cargo de coordenador de tecnologia. Mesmo com a
pouca idade, ele já tem uma experiência considerável no mercado e chegou a abrir
sua própria empresa.
“Desde criança sou fascinado por tecnologia e comecei a aprender e a criar
sozinho”, conta. Hoje, à frente do departamento em uma agência, ele faz a ponte
entre as áreas de criação e TI. “O diretor de arte cria e planeja a ação e meu
trabalho é fazer isso chegar de maneira acessível ao mercado, de forma leve e
dentro dos padrões”, afirma.
Formado em engenharia da computação, ele acha importante que o interessado na
área tenha uma graduação superior. “Embora existam muitos autodidatas no
mercado, acho necessário desenvolvermos também uma visão de negócios.”
Para Alexandre, é natural que os mais jovens dominem a área de mídia digital,
pois esta é uma geração que cresceu mexendo por lazer com internet, programação
e tecnologia. “O pessoal que já atuava com as mídias tradicionais não estava
atento a todas essas mudanças”, pondera. “Em informática tudo é muito rápido,
inclusive o desenvolvimento da carreira”, conclui.
Referência:
O Estado de S.Paulo
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