A descrição comportamental dos cargos é uma ferramenta comum utilizada pelas
empresas em processos seletivos. Para chegar ao perfil adequado há um consenso
entre o departamento de RH (Recursos Humanos) e o gestor da área. A medida
auxilia na compreensão do perfil do profissional e do cargo.
Entretanto, em muitas empresas, após a contratação, a ferramenta não é mais
utilizada, o que pode ser um desperdício tanto para a empregador como para o
profissional. É o que afirma o especialista em treinamentos comportamentais e
CEO da Thomas Brasil, Víctor Martínez.
O especialista explica que as informações contidas na descrição
comportamental de cargo são aquelas que, geralmente, por não estarem claras aos
profissionais, fazem com que eles não alcancem a expectativa da empresa.
“A descrição norteia o profissional. Ela diz, claramente, o que o
profissional deve fazer e como. É injusto que o profissional não saiba o que a
empresa espera dele”, esclarece.
O que fazer e como fazer
Martínez acrescenta que quando uma empresa contrata uma pessoa para qualquer
área, em 70% dos casos, a atividade que o profissional desempenhará fica clara
logo no início.
Quando o assunto é “como fazer”, o especialista afirma que o contratado
acredita que sabe como seu trabalho deveria ser feito numa proporção de 30% a
40%. Os outros 60% a 70% de como fazer a atividade ele só descobrirá quando
estiver atuando na empresa.
Para o consultor, essa percepção sobre como exercer a função é baseada apenas
em suposições e experiências anteriores de quando ele fazia uma determinada
tarefa. Martínez destaca que a maneira como o profissional desempenhava suas
tarefas no emprego anterior pode ser considerada errada pelo novo empregador.
Apesar de muitas vezes, a atividade ser a mesma, o jeito que se espera que o
trabalho seja feito é outro. Ele exemplifica citando dois vendedores de
refrigerantes, apesar de venderem o mesmo produto, eles trabalham em empresas
diferentes que esperam resultados e desempenhos diferentes. Uma das ferramentas
que pode ajudar este profissional a agir da maneira esperada pela empresa é a
descrição comportamental do cargo.
Por fim, o especialista acrescenta que a descrição também pode ser utilizada
para dar feedback aos profissionais. Com o documento em mãos, os líderes podem
apontar claramente o que a empresa espera dele e como ele está agindo. “Nesta
situação todos ganham. A empresa consegue melhor resultado e o profissional
melhor performance”, finaliza.